CAPÍTULO XXXI
O ar úmido, amornado por um sol ainda fraco, espalhava perfumes e sons. Anastasia encostou-se à balaustrada do terraço e procurou na distância os telhados vermelhos da aldeia, os jardins em degraus que iam descendo entre casas brancas ou cor-de-rosa. Mais embaixo, através dos ramos dos pinheiros, adivinhou o mar azul, tremeluzente.
Parecia que sua vida estava definitivamente ligada a esse lugar, que, a cada dia, se revestia para ela de uma magnificência nova, cheia de frescor. — Anastasia.
O chamado de Maria tirou-a dessa contemplação. Ao vírar-se, cegada momentaneamente pelo brilho ofuscante do sol, teve a impressão de ver um vulto masculino parado na entrada em arco, ao lado da contessa. Fechou os olhos e tornou a abri-los. Não, não estava vendo coisas imaginárias! Christian estava ali, diante dela, a mesma expressão intensa e ardente nos olhos azuis!
As recordações a invadiram, avassaladoras. Reviu-se no quarto de ramagens da vila do lago, onde havia conhecido mo-memtos infinitamente preciosos e delicados, e onde certamente nunca mais entraria. Sentiu o coração apertar-se e os joelhos se dobrarem.
Também Christian parecia incapaz de dar um passo. Ela estava esperando um filho! Um sorriso de perplexidade aflorou ao rosto dele, enquanto Maria lhe dizia, com uma voz que pare-cia vir de muito longe:
- Seu herdeiro irá nascer na primavera, Christian. Fim de abril ou princípio de maio.
Ele acenou vagamente com a cabeça, sem deixar de fitar a esposa. Um filho! Ela ia dar ã luz o filho de ambos! Observou o corpo ainda delicado, apesar da gravidez, e o rosto encantador.
— Como está passando, Anastasia? — perguntou-lhe com suavidade.
— Eu... eu estou bem.
Christian deu alguns passos para a frente e tornou-lhe a mão.
— Não tinha ideia de que estivesse grávida.
— Como podia saber o que eu mesma ignorava? — disse Anastasia, um pouco mais bruscamente do que pretendia. — Soube disso depois que deixei Londres!
Magoado com a menção da fuga, Christian disse, áspero:
— Não podia ter mandado me avisar?
Ela continuou a fitá-lo em silêncio, as pálpebras tremendo. Depois respondeu, perturbada e fraca:
— Para quê, Sua Graça? Para forçá-lo a não pedir o divórcio que tanto desejava?
— Que está dizendo? Eu nunca quis me divorciar!
Anastasia fitou-o, boquiaberta.— Por que, então, chamou lady Margaret a Londres? Não foi para planejar tudo com ela?
Ele abriu os braços, num gesto de desalento.
— Lady Margaret! Não a conhece? No entanto, acreditou nela e me condenou, sem sequer ouvir uma palavra em minha defesa!
Ele arrependeu-se de seu desabafo ao ver a confusão e tristeza que lhe causara. Maria estava certa. Tinha de tratá-la como se ela fosse uma princesa, conquistá-la com atenções, com gentilezas.
— Peco-lhe que me perdoe. Não tinha a intenção de aborrecê-la.
Suspirando, pôs-se a contemplar os jardins, agora mosqueados de verde, os primeiros sinais da primavera.
— Não quer descer comigo até o jardim? O tempo está delicioso.
Anastasia reconheceu o esforço que ele fazia para contemporizar a situação. Concordou.
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Equívoco de Christian Grey
FanficRESUMO Um terrível equívoco rouba a inocência de uma jovem e compromete o coração de um famoso conquistador Amedrontada, Anastasia correu os olhos pelo imponente aposento que lhe haviam destinado. A ampla cama de casal, as ricas cortinas de veludo...