EPÍLOGO
Christian observava seu filho de dezoito meses aproximar-se da irmã com passos incertos, entregar-lhe o punhado de violetas que ele mesmo apanhara e sorrir, como se o feito estivesse então completo.
— Obrigada, John — disse Marileigh, com sua doce vozi-nha. — Vou ajudá-lo a fazer um buque para mamãe. Ela adora violetas!
Christian sorriu e voltou-se para olhar a esposa. Anastasia estava sentada, serena e bela, à sombra de um velho carvalho, cujos ramos formavam uma cortina franjada contra o sol. Havia um grupo de crianças em torno dela, ouvindo atentamente a história com que ela as distraía.
Quando seus olhos se encontraram, ele sentiu seu coração bater mais depressa. Amava-a até a loucura, mas não se importava de dividi-la com os filhos e os oito órfãos que haviam adotado, num processo que começara quatro anos antes, desde que tomaram a decisão de seguir o exemplo de Maria.
Haviam sido quatro anos extraordinariamente felizes, de uma paz que nunca sonhara existir. Sua esposa era uma criatura encantadora, cheia de entusiasmo, alegria e bondade. Não saberia conceber a vida sem ela.
Sem querer, seus olhos procuraram o lago, que tremeluzia a distância. A antiga opressão voltou a dominá-lo. Por que havia sido tão cego? Oh, Deus, por que não adivinhara? Sempre soubera que Margaret era perigosa!
Horrorizava-o ainda pensar que quase não chegara a tempo. Quando alcançara Anastasia, ela estava inconsciente. Levara-a a nado até a margem, para onde Nicolas arrastava Finn, machucado, e procurara reanimá-la de todas as maneiras possíveis. Enquanto isso, o cocheiro do conde conseguira resgatar Margaret das águas. Mas a infeliz criatura já estava morta, levando consigo toda a arrogância e uma desonra ainda maior.
Um a um, viu desenrolarem-se diante de si os eventos daquele dia fatídico, quando, estourada a crise, tudo se transformara num verdadeiro pesadelo! O assombro, o horror, o pranto frenético de Elizabeth que gritava sem parar: "Eu não sabia... Eu não sabia..."
Reviu sua mãe, o rosto pálido, enquanto voava escada acima, para o quarto onde haviam levado Anastasia, ainda inconsciente mas viva. Ela alcançara a vila tarde demais para impedir que Margaret executasse seus planos macabros. Encontrara Tom Blecker e o jovem Jonathan sob o efeito do chá drogado e, desesperada, não vira outra alternativa senão jogar Finn na água e ordenar-lhe: "Vá buscar Anastasia!"
Ao chegar a Cloverhill Manor, estava a ponto de desmaiar. Só encontrara forças para falar das cartas quando soubera que sua nora iria salvar-se. Então, com a ajuda de lady Jane, elucidara de vez a trama urdida por Margaret.
Sua tia-avó nunca aceitara a ideia de que, sendo primogénita, tivesse de ceder seus direitos ao irmão só pelo fato de ser mulher. Sentia-se injustiçada e queria fazer valer sua importância instalando alguém de sua própria descendência em Ravensford Hall. Para tal, lutara como um demónio e cometera toda a sorte de crimes. Felizmente para ela, morrera. Caso contrário, teria sido certamente enforcada.
Jane Hastings era agora uma dama tranquila, satisfeita por desempenhar o papel de tia para os gémeos de Elizabeth, que Maria tomara sob sua proteção e fizera casar com um riquíssimo duque italiano. Mas, durante o inquérito, a pequenina e tímida senhora surpreendera a todos ao revelar, sob juramento, que Andrew, cônscio de seu erro e devorado pelo remorso, confessara-lhe tudo antes de morrer.
Após a morte do marido, lady Jane havia escondido as cartas. Só acabara com as hesitações, rompendo assim um silêncio de muitos anos, na ânsia de proteger Anastasia, de quem gostava muitíssimo.
Posteriormente, o chefe de polícia do condado viera a Ra vensford Hall para investigar todos os acontecimentos que conduziram à tragédia. Ao rebuscar a casa, descobrira o diário de Margaret, escondido num compartimento secreto de sua secretária. O diário não apenas confirmava as palavras de lorde Andrew, mas revelava também outros crimes praticados por sua tia no passado. Entre eles, o incêndio da casa dos pais de Anastasia.
Desiquilibrada, a mulher estava disposta a enfrentar os maiores perigos a fim de atingir seu objetivo. E, quando soubera por um informante das viagens clandestinas de Maria, resolvera eliminá-la, temendo que a ex-viscondessa raptasse a ele, Christian, àquela altura peça essencial para levar adiante seus planos loucos!
— Papai! Papai!
A vozinha delicada de Marileigh afastou as dolorosas lembranças, trazendo-o de volta ao presente. Sua filha chegava correndo, acompanhada de Christian, um dos órfãos que haviam adotado.
— Papai! — tornou ela. — Christian fez um acordo comigo. Ele disse que eu poderia montar o pónei dele se não sujasse o vestido enquanto brincava com Finn. Eu consegui! Só que
agora ele não quer cumprir a promessa!Christian olhou para o menino.
— Assumiu esse compromisso, meu filho?
O pequeno Christian abaixou a cabeça e murmurou:
— Sim, senhor.
— Nesse caso terá de honrá-lo. Mas anime-se, porque isso poderá converter-se em proveito.
O duque voltou-se e olhou para Anastasia com ar sonhador.
— Quando fazemos um acordo, pode acontecer de receber mos muito mais do que seria justo... Pode acontecer uma surpresa feliz!
"FIM"
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Equívoco de Christian Grey
FanfictionRESUMO Um terrível equívoco rouba a inocência de uma jovem e compromete o coração de um famoso conquistador Amedrontada, Anastasia correu os olhos pelo imponente aposento que lhe haviam destinado. A ampla cama de casal, as ricas cortinas de veludo...