CAPÍTULO XIV

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CAPÍTULO XIV

Chauncey Jameson era o mordomo de Ravensford Hall ha­via catorze anos e durante esse tempo desempenhara suas fun­ções com notável competência. Não obstante, naquela manhã de julho de 1814, Jameson estava a ponto de perder a cabeça.

— Merton — disse ele ao alto criado em libré que aguarda­va suas ordens. — Tem certeza de que são... três?

— Sim, senhor. Três carruagens. E vêm vindo para cá.
Jameson enxugou a testa com um lenço de linho.

— Três carruagens cheias de convidados... — Ele virou-se para Hettie. — Sra. Busby, está mesmo convencida de que lady Margaret não tinha prévio conhecimento deste fato?

Hettie sacudiu energicamente a cabeça.

— Ela sabe tanto quanto nós. Disse-me que ia falar com Sua Graça, mas ele...

— Já sei, sra. Busby. Sua Graça está cavalgando com as srtas. Sinclair e O'Brien.

Jameson voltou-se e olhou para uma jovem criada de quar­to, que parecia-a ponto de romper em lágrimas.

— Lady Elizabeth ainda?...

— Sim, senhor — choramingou a moça. — Ela continua irritada. Já quebrou dois vasos e...

— Está bem, obrigado — cortou Jameson.

Ele não estava com vontade de conhecer outros detalhes do incidente que ninguém, em Ravensford Hall, ignorava. Lady Elizabeth Hastings soubera, ao despertar, que seu noivo fora cavalgar sem ela e tivera um ataque de nervos. Expulsara sua criada particular do quarto e depois pusera-se a dar livre cur­so a seu temperamento exaltado, como se já tivesse o direito de fazer o que quisesse!

Para agravar ainda mais a situação, havia aquela chegada inesperada de uma caravana de hóspedes.

"Ah, se Sua Graça, o velho duque, ainda estivesse vivo, ja­mais teria permitido tal irregularidade!", pensou Jameson, preocupado com o rumo desastroso que iam tomando os acon­tecimentos em casa de seus patrões.

Fixando os olhos no velho Henry, que permanecia dois pas­sos atrás de sua mulher, perguntou, desanimado:

— As estrebarias estão prontas para receber os cavalos de nossos hóspedes, sr. Busby?

Henry sorriu.

— Por esse lado, não há nada o que temer, senhor. Os ra­pazes já estão cuidando de tudo.

— Menos mal! E, já que não há outro remédio, vamos tra­tar de nos desincumbir de nossas tarefas da melhor maneira possível.

Dito isso, Jameson começou a instruir seus subordinados:

— Sra. Busby, volte para a cozinha e prepare o cardápio. Sr. Busby...

Ao sair do bosque de pinheiros, Anastasia estimulou Irish Night, que passou do trote para o galope. Enquanto sentia o corpo do animal alongar-se debaixo de si e o vento fresco e perfumado revolutear entre seus cabelos, teve a impressão de libertar-se. No Hall, sentia-se presa, incapaz e sem condições de ser ela mesma.

Seus olhos brilhavam de prazer e quase se esqueceu da pre­sença de Megan e Christian, que, à sua frente, lhe faziam sinais.

— Diminua a marcha! — gritou ele.

Anastasia assentiu e puxou suavemente as rédeas para que o animal abrandasse a cadência. Momentos depois, colocava-se ao lado de seus companheiros de cavalaria.

— Que achou? — perguntou-lhe Christian.

— Irish Night é um animal magnífico! Nunca me diverti tanto!

Equívoco de Christian GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora