CAPÍTULO XXXIX

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CAPÍTULO XXXIX

Os canteiros do grande jardim oval transbordavam de ro­sas. Moitas de lilases cobriam de flores a escarpa do terraço, e, no parque, os loureiros espalhavam sua chama perfumada. Ravensford Hall estava toda colorida.

Ali, as horas transcorriam numa imensa quietude. As tar­des de música e as representações teatrais das crianças, de quan­do em quando, apenas acentuavam aquela paz deliciosa, em meio à qual era fácil acreditar que um sonho pode tornar-se realidade.

Anastasia dedicava seus dias inteiramente à filha. As noites, no entanto, eram reservadas a Christian. O duque passava a maior parte de seu tempo fora, administrando suas propriedades, o que os levara a estabelecer uma rotina: uma vez terminado o jantar, retiravam-se para seus aposentos e consagravam-se ex­clusivamente um ao outro até a hora do café da manhã se­guinte.

E se ela parecia um pouco ansiosa em alimentar sua filha, ou ele impaciente e pouco inclinado em retardar-se à mesa, ninguém fazia qualquer observação. A única reação, um leve sorriso de indulgência, era esboçada pelos criados, quando os via subirem a escada de mãos dadas, olhos nos olhos.

Certa manhã, em princípios de junho, o encanto e a tran­quilidade daquele primeiro período foram rompidos. E o que provocou essa mudança foi algo inesperado e terrível.

Anastasia acabava de tomar a refeição matinal quando seu marido emergiu do quarto de vestir com um sorriso nos lábios.

— Querida, depois de amamentar Marileigh, vista seu tra­je de montaria, sim?

Ela virou-se para ele, surpresa.

— Vamos dar um passeio a cavalo?

— Não gostaria?

— Ainda pergunta? Claro que sim!

— Então encontre-se comigo no pátio dentro de uma ho­ra. Faremos uma cavalgada pelos campos, seguida de um pi­quenique.

— Está falando sério, Christian?
Ele riu e abriu-lhe os braços.

— Claro que estou!

— Mal posso acreditar! — disse ela, deixando-se abraçar.
— Vamos ter algumas horas só para nós?

Ele a ergueu e rodou com ela nos braços.

— O dia inteiro,"«mor. Se você quiser.

— Eu vou adorar!

Ele a pôs novamente no chão e olhou-a com evidente pra­zer. Anastasia estava linda dentro de uma sedutora camisola de seda.

— Se não vestir logo algo mais decente, adeus, piquenique. Vamos passar o dia todo na cama.

Anastasia não duvidava disso. Desvencilhou-se dos braços do marido e correu para se arrumar.

Uma hora depois, um palafraneiro trouxe Raven e Irish Night para o pátio. Montaram e, em poucos minutos, deixa­ram Ravensford Hall para trás.

Os belos campos estavam envoltos em dourada opalescên-cia. Fazia calor, mas havia uma leve aragem que trazia consi­go o cheiro dos bosques. Cavalgaram alguns quilómetros sem falar, o silêncio apenas rompido pelo ruído abafado dos cas­cos no solo duro.

Anastasia seguia um pouco adiante, mas, num certo momen­to, Christian aumentou o trote do cavalo e colocou-se ao lado dela.

— O velho Henry garantiu-me que Irish Night já é capaz de saltar obstáculos. Completaram seu treinamento enquanto estávamos fora.

Equívoco de Christian GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora