CAPÍTULO XXIII

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CAPÍTULO XXIII

Quando Anastasia despertou, a luz do sol atravessava as cor­tinas leves e inundava o quarto. Tornou a fechar os olhos e, por um momento, ficou saboreando aquele delicioso calor que lhe aquecia a pele.

As lembranças começaram a aflorar, e um tremor percorreu-lhe o corpo ao se recordar de todos os detalhes de sua noite de núpcias. Aqueles beijos, aquelas carícias... Como pudera?

Christian tirou-a de suas perturbadoras reflexões.

— Bom dia, preguiçosa!

Ela abriu os olhos e viu Christian displicentemente apoiado na lareira. Ele já se vestira e lhe sorria, malicioso. Tentou sorrir, mas não conseguiu.

— Bom dia — balbuciou, embaraçada.

Ele riu e apanhou uma bandeja de prata que estava sobre uma mesinha.

— O chá, Sua Graça — disse-lhe cerimoniosamente. — Madame o toma simples, não é?

— Foi você quem o fez? — perguntou, admirada, sentando-se na cama.

— Acha que não sei fazer algo tão simples quanto um chá?

Em meus anos de cabineiro aprendi a fazer de tudo. — Ele encheu uma xícara e passou-a às mãos dela.

Ao inclinar-se para apanhá-la, o lençol escorregou, revelando os seios nus.

— Oh! — murmurou, envergonhada, cobrindo-se no­vamente.

Christian segurou-lhe a mão.

—Não faça isso, querida. Seus seios são lindos, e eu gosto de admirá-los.

De olhos baixos, ela começou a sorver a bebida fumegante.

Ele a contemplava cheio de felicidade. Ela lhe proporcio­nara a mais gratifieante noite de amor que já tivera. A satis­fação fora completa e recíproca e, pela primeira vez, a sua sobrevivera ao prazer.

Riu, não se importando em provocá-la um pouco.

— Olhe para mim, querida — disse-lhe, docemente.
Ela obedeceu, mas, quando ele sentou-se a seu lado, tor­nou a fechar os olhos e a puxar o lençol até o queixo.

— Não... não! — Antes que ela percebesse o que estava acontecendo, tomou-a nos braços e sentou-a em seu colo. — Assim está melhor!

— Mas, Christian...

O embaraço dela persistia, divertindo-o.

— Christian... o quê? — ele perguntou, erguendo-lhe o queixo e forçando-a a olhá-lo.

— Eu... eu ainda não tomei banho!
Ele riu, deliciado.

— Você é um encanto, querida!

— Não vejo nada de engraçado nisso!
Ele curvou-se e cochichou-lhe ao ouvido:

— Qual é o motivo desse pudor? Está se lembrando do ins­tante em que beijei seus lindos seios?

— Christian!

— Ou do momento em que gritou de prazer?

— Por favor, Christian... — foi o fraco protesto antes de ela esquecer a timidez e voltar a render-se à sensualidade.

Anastasia estava pensativa. Sentia que havia passado por uma importante mudança interior e não ignorava que isso estava diretamente relacionado com o homem deitado a seu lado e com quem acabava de fazer amor.

Equívoco de Christian GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora