CAPITULO XXV

2.5K 257 8
                                    


    CAPITULO XXV

Um fraco raio de sol insinuou-se pela abertura das cortinas de lã, alcançou a cama estreita e vazia e chegou até o chão de tabuas de carvalho, onde havia um amontoado de cober-tas, lençóis e travesseiros. Patrick acordou, procurou a mulher que dormia ao lado dele e tornou e cochilar. Megan esticou-se sensualmente e depois aninhou-se em seus braços, com um suspiro de felicidade.

—Você está precisando se barbear — murmurou, passandoa mão por seu queixo forte.

—Está reclamando, meu amor? Depois da noite que tivemos?

—Oh! Não, macushla — sussurrou ela. — Não tenho nenhuma queixa.

Ele abriu os olhos e beijou-a na ponta do nariz.

—Espero mesmo que não, porque eu te amo!

Megan fechou os olhos. Ele a amava! Permaneceu quieta, sentindo-lhe o calor do corpo, e, de repente, pareceu-lhe que haviam sempre pertencido um ao outro, que Patrick retornava a ela de um ponto qualquer de sua vida.

Na noite anterior, quando ele batera à porta de seu quarto, tomara-a nos braços e a beijara, estava completamente despreparada para o turbilhão de emoções que a assaltara. Oh! Ela esperava que ele a beijasse um dia, considerando a atração que sentiam um pelo outro. Mas imaginara que seria uma embriaguez passageira e nada mais.

E queria que assim fosse, porque temia não ser capaz de corresponder fisicamente a seu ardor. No passado, fora de pedra com cada homem que a possuíra. E, plenamente consciente de que tivera sempre que simular uma paixão que não sentia, receara não entregar-se com espontaneidade

O beijo ardente de Patrick colhera-a de surpresa. Despertara-lhe os sentidos, provocara-lhe a sensualidade, que reagira de sua dormência, acordando-a para a volúpia que ela ainda não conhecia. Sentira-se viva, fora maravilhoso!

Durante a noite, no entanto, ao perceber que estava se apai­xonando por ele, sentira-se novamente temerosa. Teria cora­gem de confessar quem era... ou melhor, quem fora?

Era verdade que, quando ele começara a despi-la, havia di­to "Patrick, não sou virgem!" E era também verdade que, depois de olhá-la por alguns segundos, ele respondera: "Eu também não!" e pusera-se a beijá-la com tanta ternura que ela esquecera tudo a não ser o prazer daquele momento.

Mas confessar a perda da virgindade não significava admi­tir anos de prostituição. Oh! Poderia calar-se ou mentir, mas não queria fazer isso! Patrick era bom, gentil e a amava. Não era justo que fosse desonesta com ele!

Lentamente, sabendo o risco que estava correndo, afastou o corpo e olhou-o.

— Patrick... — disse num fio de voz. — Preciso confessar...

— O quê, minha querida? — perguntou ele, surpreso com sua gravidade.

— Ontem à noite... eu disse que não era virgem, não foi?
Patrick sorriu e tomou-lhe o rosto entre as mãos.

— Foi. Mas você estava enganada!
Diante de seu espanto, ele continuou:

— Soube, desde o momento em que a possuí, que era a pri­meira vez que você se entregava completamente a um homem!

— Sim, porque — Megan baixou os olhos —, antes de conhecê-lo, eu...

— Estava habituada a simular o prazer — completou ele, com ternura na voz. — E fiquei surpreso, macushla! Que fa­zia você, uma mulher tão sensível, em Hampton House?

Equívoco de Christian GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora