CAPÍTULO XXXIII

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CAPÍTULO XXXIII

No dia seguinte ao incêndio, esforçando-se para dizer ho­nestamente tudo quanto sabia, Patrick declarava, falando da contessa:

Já lhe contei toda a história, Christian. Ou, pelo menos, tu­do o que ela me revelou.

Encontravam-se na cabina de Abner Thorton, a bordo do Anastasia Anne. No camarote do capitão, um médico de Li-vorno cuidava dos que apresentavam problemas devido à ina­lação da fumaça ou queimaduras leves.

Após a tragédia, ambos, de comum acordo, haviam toma­do a precaução de levar todos os moradores da villa para seus navios, ancorados no porto. A casa sofrera inúmeros danos e estaria inabitável por algum tempo.

— Quanto ao resto, você terá de perguntar à própria Ma­ria... a sua mãe — concluiu Patrick.

Essas palavras, terrivelmente precisas, concretizaram-se no peito de Christian numa dolorosa angústia, que o fez explodir:

— Durante esses anos todos, você sabia quem ela era, on­de se encontrava e nunca me disse nada. Não foi muito correto de sua parte!

— Não me ponha contra a parede, homem! Eu tinha dado minha palavra a Maria de jamais revelar o fato a ninguém!
Será que não pode compreender isso?

— Compreendo que houve um esforço conjugado de am­bos para esconder de mim uma informação importante. Mais do que isso: vital!

Patrick inclinou-se para a frente e sustentou-lhe o olhar com firmeza.

— Reflita, Christian! Que poderíamos fazer? Forçar os portões de Ravensford Hall? Acha que seu avô teria recebido de bra­ços abertos a mulher que ele mesmo exilou?

Uma batida à porta pôs fim à discussão.

— Sim? — disse Patrick.

— O dr. Arrighi quer vê-lo, senhor — disse a voz do pri­meiro imediato.

— Faça-o entrar, Thorton.

A porta abriu-se e o jovem médico apareceu no limiar.

— Entre, por favor — convidou Patrick, levantando-se. — Conhece Sua Graça, o duque de Ravensford?

— Já tive esse prazer. Bom dia, Sua Graça.
Christian inclinou levemente a cabeça.

— Bom dia. Como está ela?

— Sua Senhoria está fora de perigo.
O rosto de Patrick iluminou-se.

— Grande notícia! E as crianças?

— Já cuidei delas. Seu estado é satisfatório.

— Ótimo! — disse Christian. — Quer ter a bondade de vir co­migo a bordo do Ravenscrest? Gostaria que examinasse mi­nha esposa.

Ele abriu a porta da cabina. Antes de sair, voltou-se para o amigo.

- Patrick, gostaria que ficasse com... Maria. Mande me avisar quando ela estiver em condições de me receber.

— Naturalmente, Christian.

No Ravenscrest, foram recebidos por Geordie Scott, o pri­meiro imediato.

- Minha esposa está ainda no camarote? — perguntou-lhe o duque.

— Sim, capitão.

— E as crianças?

Equívoco de Christian GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora