Jorge fechou a porta do banheiro e caminhou até a janela que dava uma bela vista da pequena cidade e sem que ele percebesse seus pensamentos foram para a castanha. Silvia era cega, bonita e irascível. Claro, sem saber exatamente o que acontecera em sua vida, era difícil chegar a alguma conclusão, considerando apenas seu mau humor. Isso era o que chamava mais atenção nela, não o mau humor, mas sim o mistério de não se saber quase nada sobre a vida dela.
Uma das poucas coisas que sabia era que ela havia ficado cega em um acidente, mas não se sabia qual acidente. Sabia que Margaret cuidava dela desde que a castanha era uma criança, e seus pais?. Ela havia se mudado há pouco tempo para a cabana, e deixava claro que não queria fazer nenhum tipo de amizade com os cidadãos de Weston. Era uma mulher fria e misteriosa, e isso era o que mais o deixava interessado, a diferença entre os dois.
O xerife era um homem gentil, que sempre buscava o bem-estar dos moradores da cidade; e mesmo não querendo, Silvia era uma moradora daquela cidade, e não só isso, ela era uma moradora que o interessava, e ele não iria deixar se abater pelo (grosseria) dela. Deixando esse pensamento de lado, ele sabia que teria um longo dia pela frente e não poderia perder tempo pensando naquela mulher. Jorge caminhou até o pequeno closet que tinha no quarto e vestiu sua farda. Não demorou muito para que ele saísse do quarto em direção ao restaurante da pousada, onde todos os hóspedes costumavam fazer suas refeições. Procurou pela castanha, mas não a encontrou, deve estar dormindo, ele pensou por um instante, até escutar uma voz chamar seu nome, era Margaret que entrará no restaurante vestindo uma camisola, a senhora parecia atordoada.
— Aconteceu alguma coisa? — Ele perguntou se aproximando da senhora.
— A Silvia, xerife, ela não está no quarto dela e ao que parece também não está na pousada — A senhora disse com a voz embargada — Estou ficando desesperada porque ela nunca saiu sozinha depois que ela ficou cega, e ela não conhece nada, a minha menina pode estar precisando de ajuda e se…
— Calma — Jorge disse a interrompendo — Pelo que entendi a Silvia não está na pousada?
— Sim, xerife, ela nunca saiu sozinha aqui nessa cidade e se alguma coisa de ruim aconteceu com…
— Margaret — Ele voltou a interromper — Me ouça, imagino o quanto está nervosa e entendo suas preocupações, mas elas não vão adiantar de nada agora, vá até seu quarto, tome um banho e vista uma roupa, depois pegue uma foto da Silvia e mostre para todos os funcionários e hóspedes dessa pousada, qualquer informação você me liga, vou sair pela cidade atrás dela.
A senhora apenas assentiu e logo fez o que Jorge mandara. Já ele saiu da pousada sem ao menos tomar café, entrando na caminhonete. Ele dirigiu devagar no caminho até a delegacia, olhando para as pessoas e pontos da cidade, tentando ver o rosto dela entre eles, mas em vão. Quando entrou no local que chefiava estava tudo agitado, o que não era normal para aquela cidade pequena.
— O que aconteceu aqui, Anna?
— Alguns policiais de Davie chegaram para buscar o ladrão que roubou a loja da senhora Ramirez, o xerife de lá está pensando que ele é um dos fugitivos do presídio de Davie — Ela explicou, enquanto o chefe caminhava até a sua sala — O que o senhor está procurando?
— A minha arma? Eu a deixei aqui ontem.
Ela fez negativa e caminhou até um balcão que tinha na sala, abrindo a primeira gaveta e tirando a arma de dentro.
— Nunca sabe onde deixa ela — Anna sorriu o entregando a arma, e Jorge logo saiu da sala.
— Benny — O xerife chamou um dos policiais que era seu amigo e estava sentado conversando com outro.