twenty-seven

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Margaret abriu os olhos quando viu a porta do quarto se abrindo, se surpreendendo ao ver a castanha entrando nele.

- Aconteceu alguma coisa? - ela perguntou ficando de pé e caminhando até Silvia, para que ela não tropeçasse em nada que estava no chão.

- Cai da cama - ela disse e sorriu - pensei que estava dormindo na cama do Jorge e quando percebi estava no chão.

- A cama dele deve ser muito boa porque é a terceira vez na semana que você cai da cama.

- É realmente boa - disse Silvia cabisbaixa.

- Vocês não estão bem? - a senhora perguntou sentando ao lado da castanha que já estava deitada na sua cama - ele não vem aqui faz uma semana.

- Eu pedi pra ele não vir aqui porque eu precisava de um tempinho sozinha - ela disse e fez uma negativa com a cabeça - eu não gosto de falar sobre o Jorge com você.

- Eu sei, você nunca gostou de falar sobre seus relacionamentos comigo, esse é o único tema que sempre foi um grande tabu entre nós duas.

- Não me sinto a vontade conversando sobre homens com você.

- Só por que eu sou lésbica? - ela perguntou e sorriu - se for isso é a coisa mais boba do mundo, porque eu sempre falei sobre as minhas namoradas com você.

- Não! Não é por isso, é só que... Eu sinto vergonha.

- É difícil imaginar você sentindo vergonha de algo.

- Eu disfarço bem - ela disse sorrindo - você é como uma mãe pra mim e eu não me sinto confortável em falar dos meus fracassos amorosos com você, porque sejamos sinceras, meus últimos relacionamentos foram horríveis, teve o Justin, bom eu não preciso falar mais nada e o Edmund - ela fez uma negativa com a cabeça - se for conta quantos chifres eu tenho por causa dele vamos perder a conta, agora o Jorge...

- O xerife traiu você?!

- Não! Bom, a ex noiva dele estava na cidade, eu soube que ele foi no quarto dela uma noite mas pelo que a Rebecca me falou eles discutiram.

- E o que ele disse?

- Que eles discutiram, eu confio no Jorge mas... - ela fez uma pausa respirando fundo - por mais que eu saiba que ele me ama e que seria incapaz de me trair, eu sempre vou sentir um medo de que as coisas que aconteceram no meu relacionamento com o Justin aconteçam com esse, e cada vez que eu penso nisso eu fico tão apavorada.

- Isso é compreensível querida, o seu relacionamento com o Justin foi muito traumatizante, eu sei o quanto foi difícil pra você se permitir entrar nessa relação com o Jorge, você passou muito tempo em negação - a senhora acariciou o rosto da castanha - você estava se sufocando para esconder seus sentimentos pelo xerife, até que você se permitiu ser feliz novamente e eu tenho que te dizer que fazia anos que eu não te via sorrir como nessas últimas semanas, quando ele está por perto você fica mais iluminada, mais bonita, você fica tão feliz e transbordando uma paz que eu não consigo explicar... Às vezes quando vocês estavam na sala conversando, eu me pegava espiando vocês dois.

- Margaret!

- Desculpa - disse a senhora rindo - é que você fica tão linda quando está ao lado dele, com um sorriso tão contagiante que eu quero está ao seu lado, e eu quero gravar cada sorriso seu pra poder colocar no lugar de todas as memórias tristes que eu tenho sua.

Silvia sorriu e as duas continuaram a conversar por algumas horas. A castanha abraçada ao corpo de Margaret que estava deitada ao seu lado, elas acabaram dormindo assim o resto da noite, como quando Silvia era uma criança e corria para a cama de Margaret quando tinha pesadelos de madrugada. Quando era por volta das seis da manhã a senhora acordou, ela sorriu e levantou com cuidado da cama, deixando a castanha dormindo.

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