thirty-two

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- Então você e a Anna estão noivos - disse a castanha sentando em uma das cadeiras da cozinha, enquanto o amigo preparava algo para eles comerem.

- Sim, e você é a primeira pessoa a saber - ele disse sorrindo, havia pedido a namorada em casamento fazia uma semana e não aguentava mais guardar aquilo pra sí - a Anna não quer contar para ninguém agora, então vamos marcar um jantar amanhã a noite e anunciar para todos, você está convidada.

- É claro que estou, eu te mataria se você não me convidasse. 

Sanchez gargalhou, estava com saudades de conversar com Silvia. Ela foi a primeira pessoa que se aproximou dele em Weston, ele tinha um carinho muito especial por ela, tirando a Anna, a castanha era sua pessoa preferida no mundo. Ele começou a cortar a cebola, escutando Silvia falar sobre a ex-noiva do xerife que tinha aparecido na cidade meses atrás.

- Sabe, eu não botava muita fé em vocês dois, achei que não duraria mais de dois meses.

- Sério? - Silvia perguntou surpresa.

- Sim, e vocês me surpreenderam, estão juntos há... Quanto tempo mesmo?

- Vamos fazer seis meses em duas semanas  - disse a castanha sorridente - o tempo passa tão rápido, parece que começamos a namorar ontem.

- Verdade, já faz quase um ano que ele veio aqui me dá um soco pensando que você e eu estávamos namorando e eu estava te traindo.

Silvia sorriu fazendo uma negativa com a cabeça, se perguntando como que naquela época ela não percebeu o interesse de Jorge por ela sendo que tinha tantos indícios. 

- Fiquei com um olho roxo graças a ele - Sanchez continuou sorrindo - mas foi divertido ver a cara dele quando soube que eu e você não éramos namorados.

- Queria ter visto - a castanha disse - deve ter sido impagável.

- E foi mesmo.

Os dois continuaram a conversar enquanto ele fazia o almoço. Depois de terem comido Sanchez pegou uma garrafa de vinho e serviu um pouco para ele e para Silvia e os dois sentaram na varanda da casa para continuar conversando. Ele aproveitou para contar a ela sobre a proposta de emprego que tinha recibo para trabalhar em Davie e o quanto estava contente por aquilo. Passaram o resto da tarde conversando e bebendo e quando deram por si, já tinha três garrafas de vinho vazias.

- Eu não estou enxergando nada - Silvia disse sorrindo enquanto ficava em pé.

- Você é cega - Sanchez disse também ficando de pé, então ele sorriu de seu comentário e a castanha o acompanhou.

- Eu sou cega - ela continuou sorrindo.

- O ciumento chegou - ele disse vendo a caminhonete do xerife se aproximando da casa.

Jorge revirou os olhos ao ver a namorada tão próxima do amigo, mesmo sabendo que entre os dois só existia uma amizade era impossível para ele não sentir ciúmes. Ele desceu da caminhonete e caminhou até a varanda da casa, seus olhos foram em direção as garrafas de vinho vazias que estavam ao lado da porta e ele fez uma negativa com a cabeça.

- Boa tarde xerife - Sanchez disse com um pouco de sarcasmo em sua voz.

- Boa noite - disse Jorge olhando para a castanha e tendo certeza de que ela estava bêbada - já passa das sete.

Silvia gargalhou deixando o namorado sem entender, seu amigo a acompanhou também gargalhando.

- Estamos muito bêbados - ela disse ainda sorrindo - eu não estou conseguindo andar - ela continuou sorrindo enquanto falava.

O xerife mordeu o lábio fortemente antes de caminhar até a castanha e a pagar em seus braços.

- Vamos pra casa - ele disse quase em um sussurro.

- Tchau Sanchez - disse Silvia para o amigo que pareceu não ter escutado já que entrou para dentro da casa.

Involuntariamente ela deitou a cabeça no ombro do namorado, inalando o cheiro do perfume dele — que ela adorava —. Depois de colocar o cinto de segurança nela ele deu a volta na caminhonete para entrar.

- Eu estava pensando que poderíamos transar hoje - ela disse o surpreendendo - podemos ir para a sua casa, você liga para a Margaret e avisa que vamos dormir lá.

- Não, você está bêbada - respondeu quando já estava se afastando da casa, sem tirar os olhos da estrada.

- Eu estou com tesão.

- Beber com o seu amigo te deixou com tesão? - Jorge perguntou de forma irônica, é claro que não pensava  naquela posibilidade.

- Você me deixou com tesão - ela respondeu sorrindo, esticou o braço para tentar encontrar o namorado e sorriu quando tocou sua perna, Jorge prendeu o ar.

- Fica quieta que você está bêbada.

A castanha sorriu, então tirou o seu cinto de segurança sem que Jorge percebesse e se aproximou dele se fazendo notar, estava quase sentando em seu colo.

- O que porra você está fazendo Silvia?

O xerife parou a caminhonete de imediato. Silvia estava sorrindo enquanto tentava beijar os lábios do namorado, mas ele sempre a afastava.

- Volta para o seu lugar e coloca o cinto - ele disse a segurando.

- Você não me quer? - a castanha perguntou com uma voz manhosa fazendo um beicinho.

- Você está bêbada, eu não vou transar com você.

- Está me rejeitando?! - então ela se afastou, seus olhos se encheram de lágrimas.

Jorge não respondeu, não estava a rejeitando e sim a respeitando, não iria fazer sexo com ela naquele estado. Ele colocou o cinto nela que agora estava com uma expressão chorosa. Ele voltou a ligar o carro e os dois foram o caminho todo em silêncio, Jorge sempre a olhando, odiava quando ela ficava daquela forma. Quando parou a caminhonete novamente estava em frente a cabana e a castanha tinha dormido, ele sorriu para aquilo.

Desceu e em seguida a tirou do carro, a carregando em seus braços até dentro da casa, tinha dois policiais no lado de fora que ele havia colocado para vigiar o local quando ele estivesse longe, os policiais o olharam e um deles pensou em perguntar se o chefe precisava de ajuda, mas não o fez ao lembrar que dá última vez Jorge havia o respondido de maneira ríspida. Margaret não estava em casa e aquilo deixou o xerife surpreso, ele foi em direção ao quarto de Silvia e a deitou na cama. Retirou o sapato dela e a sua calça, em seguida a cobriu com o edredom. Jorge saiu do quarto e caminhou até a cozinha estava prestes a abrir a geladeira quando viu um post-it.

" Irei dormir na pousada essa noite, não se preocupe...

- Margaret."

Ele estranhou aquilo, por que ela dormiria na pousada? Se perguntou, resolveu não dá muita importância para aquilo, a senhora sabia muito bem o que fazer da sua vida e ele não queria parecer intrometido. Depois de beber água Jorge caminhou até a sala onde colocou uma música para escutar e logo ouviu a voz de Phil Collins cantando You can't hurry love.

I need love, love
Ooh, easy my mind
And I need to find time
Someone to call mine;

My mama said
You can't hurry love
You'll just have to wait
She said love don't come easy
But it's a game of give and take
You can't hurry love
Oh, you'll just have to wait
Just trust in a good time
No matter how long it takes...

Jorge sorriu ao escutar aquilo parecia irônico. Ele lembrou do quanto foi difícil conquistar a namorada e o quanto ele teve que ser paciente para que Silvia confiasse nele.

- Sua mãe estava certa Phil Collins não podemos apressar o amor.

••
Pergunta: na opinião de vocês a Silvia volta ou não a enxergar?

Ps: postei uma shortfic navarrosalinas e gostaria que vocês acompanhassem ela está no meu perfil " I miss you"

InalcanzableOnde histórias criam vida. Descubra agora