Uma…
Duas…
Três…
Três, ela piscou os olhos três vezes e continuava tudo escuro, como nós ultimos dois anos. Seu corpo estava um pouco dolorido, desde a noite anterior, mas agora surpreendentemente ela não conseguia sentir nada, apenas por ter escutado a voz de marido novamente.
— Como? — Ela escutou a voz do xerife sair quase em sussurro.
— Sou marido dela e você? — Perguntou ele encarando Jorge de cima a baixo — Não vai me dizer que está transando com esse homem, querida? — O homem deu uma gargalhada ao terminar de falar, mas logo voltou a seriedade ao perceber que nem Jorge, muito menos Silvia estava sorrindo — Foi uma brincadeira pessoal.
A castanha voltou a fechar os olhos, desde a noite anterior tudo parecia um pesadelo e agora o Justin estava ali, na sua casa e conversando com o xerife. De repente começou a se sentir a pessoa mais indefesa do mundo ao lado daqueles dois homens, não que ela pensasse que Jorge pudesse ser tão cruel quanto o marido, só não queria pensar nele como alguém realmente bom.
— Vai embora — Murmurou Silvia.
— O que?
— Vai embora, Justin! — Ela exclamou em um tom de voz alto o suficiente para não deixar dúvidas em suas palavras.
Jorge arregalou os olhos, tudo estava muito confuso para ele, ela era casada? Porque nunca havia falado sobre o marido? Porque essa reação agora? O xerife tinha mil perguntas, e também tinha a certeza que Silvia não iria responder nenhuma delas. Em um momento ele pensou em ir embora, afinal, ele só estava na cabana para não deixa lá sozinha, mas o marido dela agora estava alí e sua presença não parecia ter muito sentido e aparentemente não fazia bem a castanha.
— Nós temos uma conversa pendente, você sabe que temos algumas coisas para esclarecer não seja imatura, eu preciso te falar uma coisa — Disse Justin se aproximando dela, finalmente entrando na cabana.
— Não! Eu não tenho nada conversar com você e não quero escutar nada que você tenha a me falar, saia da minha casa agora! — Silvia voltou a exclamar alterando cada vez mais o tom de voz.
— Eu não vou embora.
— Vai!! — Ela gritou — Quero você fique longe de mim! Bem longe…
— Silvia — Ele disse a interrompendo, tocando seu braço, mas isso só fez com que ela se afastasse.
— Não me toque! — Disse ela com a respiração ofegante — Jorge, tire esse homem daqui por favor tire ele da minha cabana.
O xerife que até então estava em silêncio apenas os observando, se colocou a frente do Justin quando percebeu que ele estava prestes a se aproximar novamente da castanha.
— Eu acho melhor você escutar ela e ir embora — Disse Jorge encarando o homem loiro que era da sua altura, e tinha os olhos grudados em Silvia.
— Quem você pensa que é pra falar assim comigo? Eu só vou embora depois que eu falar com a minha mulher.
Jorge deu um pequeno sorriso para a última frase do homem, parecia ironia. Ele tirou o distintivo do bolso.
— Você vai embora agora, porque você não vai querer me ver irritado então saia da cabana — Disse o xerife mostrando o distintivo para Justin, que encarou o objeto por alguns segundos.
— Eu vou voltar Silv e você vai me escutar.
Justin bateu a porta com força quando saiu, e Silvia respirou aliviada ao perceber que ele havia finalmente saído. Jorge voltou-se para ela que estava com os olhos fechados, parecia estar se segurando para não chorar na sua frente. Ele estava aproximando-se dela para abraça-la quando alguém bateu na porta.