Jorge estacionou a caminhonete em frente a sua casa e deitou a cabeça na banco, estava exausto, mas sabia que teria que encarar a namorada, que deveria estar furiosa por ele ter faltado ao jantar que ela passará semanas organizando. O xerife olhou seu celular para ver se tinha alguma ligação perdida da delegacia, mas para a sua sorte não tinha nada, então ele desceu do carro e caminhou para a sua casa, se surpreendendo quando entrou e viu Margaret assistindo na sala.
— Ainda acordada? — ele perguntou chamando sua atenção, a senhora sorriu de forma acolhedora como fazia sempre — pensei que vocês fossem dormir na cabana.
— Iríamos, mas a Silvia estava exausta então decidimos ficar por aqui, espero que não se importe.
— A casa é sua, ela está dormindo?
— Não, quando eu saí do quarto ela estava escutando música — disse Margaret seguindo o xerife (que caminhava até o quarto)com os olhos — boa sorte.
Ele sorriu fazendo uma negativa com a cabeça.
Quando abriu a porta do quarto escutou a voz da namorada cantando I'll be there for you do Bon Jovi, olhou para a cama e viu seu corpo pequeno encolhido, ela vestia apenas sua lingerie preta. Ele tirou o sapato para não fazer muito barulho e em seguida caminhou até o banheiro, onde tomou um rápido banho. Quando voltou para o quarto a namorada estava na mesma posição agora cantando Thank you for loving me, ele vestiu seu pijama e deitou ao lado da castanha.
— I never knew I had a dream until that dream was you…
Silvia parou de cantar quando escutou a voz do xerife cantando ao seu lado. Puxou o edredom para cobrir seu corpo e virou para o outro lado.
— Está com raiva? — Jorge perguntou tocando a cintura da castanha, que retirou a mão dele.
— Bastante.
— Desculpa… Se você soubesse o que aconteceu entenderia.
— Então me explicar o que aconteceu de tão importante que você não poderia negar esse caso e não ir para Davie — Silvia disse virando o corpo, voltando a ficar de frente com o namorado.
— Bom, recebi uma ligação de uma criança hoje a tarde na delegacia, estava arrumando tudo quando ela ligou… A mãe dela teve uma overdose e ela achou o número da delegacia de Weston na agenda telefônica e nos ligou.
A castanha arqueou uma de suas sobrancelhas, sem conseguir entender muito bem o que o namorado falava, estava tudo muito confuso.
— Não estou sabendo explicar?
— Não, está parecendo que é mentira — ela respondeu sincera.
Jorge sorriu.
— Vou do início novamente, eu estava na delegacia arrumando tudo pra vir para o jantar e recebi uma ligação de Davie, era uma criança dizendo que a mãe estava desmaiada, a princípio pensei em encaminhar para a Rebecca já que é ela quem cuida dos casos de Davie, mas ela não estava então tive que ir até lá, quando cheguei no endereço… — ele parou suspirando — era um lugar deplorável, sujo, encontramos a mulher caída na sala, ele teve uma overdose e já estava morta quando chegamos… Eu não encontrei a criança de imediato, procuramos por todo o bairro e não achamos a princípio, depois de algumas horas foi que encontrei ela escondida em um armário no porão, ela estava tão assustada.
— Onde ela está agora? — Silvia perguntou arrumando sua postura.
— Calma, vou te contando tudo… Levamos a Ísis, é o nome dela, até um hospital do local pra saber se estava tudo bem com ela e por sorte sim, depois tive que lidar algumas ações burocráticas e acabamos descobrindo que ela a mãe dela não tinha nenhuma família e não tem o nome do pai dela na sua certidão de nascimento.