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O xerife estacionou a caminhonete em frente a cabana, olhou para o campo ao lado e viu que ela conversava com um rosto desconhecido, o que fez ele descer do carro rapidamente. Não demorou para que Margaret aparecesse sorridente.

— Xerife! — Ela cumprimentou. — Por aqui novamente? Está subindo muito a montanha, não acha?

A senhora perguntou, sempre com o mesmo sorriso no rosto que tinha desde a primeira vez que Jorge a viu.

— A loja da senhora Ramírez foi assaltada hoje cedo. — Ele disse, sem tirar os olhos da castanha que continuava conversando com aquele rosto desconhecido. — Alguns moradores disseram que o bandido subiu as montanhas, fiquei preocupado com vocês duas e resolvi vir saber como estavam.

— Bom, eu não vi ninguém estranho…

— Quem é aquele homem que está conversando com ela? — O xerife perguntou, a interrompendo, sem conseguir controlar sua curiosidade.

— Ah! É o senhor Sánchez. — Disse a senhora de cabelos loiros. — Ele está morando na casa perto do rio, ele e ela tem conversado várias vezes.

“Parece que a única pessoa que ela não gosta de conversar sou eu.” Jorge pensou, lembrando da primeira vez que falou com a castanha, ela foi extremamente rude e grosseira com ele. E agora ela rindo. Ele nem sabia que ela sorria.

— Nunca ouvi falar sobre esse senhor Sánchez.

— Bom, pelo que ela me falou, ele se mudou há pouco tempo, é novo na cidade, assim como nós duas.

— Certo. — Disse Jorge por fim. — Bom, com esse assaltante ainda solto, e como ele provavelmente está aqui pelas montanhas, pensei que vocês duas poderiam ficar na pousada da cidade essa noite, fico preocupado com vocês duas aqui nessa cabana sozinhas.

Margaret sorriu, “Ele sempre se preocupa tanto.”, ela pensou, e olhou para a castanha que ainda conversava com o homem.

— Penso que ela não vai gostar se formos para a pousada, ela odeia lugares novos e também não consegue se virar sozinha.

— Eu entendo, mas lá na pousada é bem mais seguro. — Jorge voltou a dizer. — Por favor, só por essa noite.

Eles viram quando o homem se afastou e a castanha virou-se para voltar para a cabana. Tinha a bengala branca em suas mãos, mas mesmo assim ela parecia perdida. O xerife caminhou até ela para ajudá-la.

— Como vai, Silvia? — Ele perguntou próximo a ela, que parou de imediato ao ouvir sua voz.

— Estava muito bem. — Disse a castanha de forma seca. — O que faz por aqui, Jorge?

Ele sorriu, seu nome parecia ganhar um som novo quando saia da boca dela, era um som que ele gostava. Como da primeira vez que a vira, ela olhava para sua direção, mas não exatamente para ele. Os olhos verdes estavam mais brilhantes que antes, mesmo não tendo grande serventia para ela, era uma das coisas mais bela que Silvia tinha.

— Houve um assalto em uma das lojas da cidade. — Margaret disse, se aproximando dos dois. — O xerife acha melhor passarmos a noite na pousada da...

— Não. — A castanha disse, interrompendo-a. — Não vamos sair da cabana.

— Aqui não é um lugar seguro. — Jorge disse, mas pela expressão de Silvia, era palavras em vão.

— Não vamos sair da cabana. — Ela voltou a dizer. — Onde sua cabeça foi parar, Margaret? Pensar na possibilidade de sair da cabana está fora de questão.

— Silvia...

— Não, Margaret!

Tanto a senhora quanto Jorge arregalaram os olhos por conta do tom de voz da castanha. O xerife pediu com um aceno para Margaret entrar na cabana e assim ela fez.

InalcanzableOnde histórias criam vida. Descubra agora