Por um momento Jorge parou de escutar o que a amiga falava e sua atenção foi voltada para a loja, onde ele viu um pequeno tumulto. Deixando Rebecca falando sozinha ele entrou no lugar e seus olhos se arregalaram levemente quando viu a namorada sentada no chão, enquanto chorava compulsivamente. A senhora Ramirez estava ao seu lado tentando tranquiliza-la mas era impossível, já que a castanha chorava cada vez mais, parecia uma criança assustada.
- O que aconteceu? - o xerife perguntou parando ao lado de Silvia, e a abraçando.
- Eu não sei - a senhora respondeu um tanto nervosa pela situação - eu vim cumprimenta-la e ela estava chorando, não respondeu as minhas perguntas... Eu realmente não sei o que aconteceu, xerife.
Ele olhou para Silvia que agora chorava abraçando seu corpo, deu um beijo em sua cabeça enquanto acariciava a costa da castanha. Rebecca que entrou na loja naquele momento, também se surpreendeu em ver a amiga chorando daquela forma.
- O que aconteceu? - ela também perguntou parando ao lado de Jorge.
- Eu não sei, ela não para de chorar.
A ruiva olhou para as pessoas que estavam na loja e olhavam a cena com certa curiosidade.
- Será que podemos levar ela para um lugar mais reservado? Estão todos olhando.
- Claro - respondeu a senhora ficando de pé - tragam ela pra minha casa, é na parte de cima da loja.
O xerife assentiu e pegou a namorada em seu colo, enquanto acompanhava as duas mulheres sobre os olhares curiosos das pessoas. Sabia que era questão de alguns minutos para que toda a cidade ficasse sabendo dessa crise de choro de Silvia. Ele subiu as escadas com cuidado, até que entrou na casa da senhora Ramirez que pediu para que ele levasse a castanha para o seu quarto.
- Eu vou deixar vocês sozinhos, quem sabe ela não se sente melhor apenas com amigos.
A mulher saiu do quarto, enquanto o xerife continuou abraçando a namorada, que continuava a chorar de forma silenciosa. Rebecca sentou na cama e se aproximou da castanha, passando as mãos em seus cabelos, em seguida limpou as lágrimas da amiga.
- Está tudo bem, Silvia, fala pra gente o que aconteceu - ela disse com uma voz suave.
- Eu quero ficar sozinha... Com o Jorge - ela disse com a voz embargada - por favor.
- Ok - ela disse levantando da cama e saindo do quarto.
Jorge continuou em silêncio, ainda abraçando a castanha. Estava esperando ela se sentir bem o suficiente para lhe contar o que aconteceu, e sabia que ela só faria aquilo no tempo dela. Ela arrumou sua postura na cama, mas continuou em silêncio, seu rosto encarando os olhos curiosos do xerife. A Silvia abriu a boca para falar, mas não conseguiu dizer nenhuma palavra, desde o momento em que escutou a voz do pai sentia-se sufocada.
- Você não precisa falar nada - disse ele por fim, acariciando o rosto dela - podemos ir pra casa, ninguém vai te perguntar sobre nada disso, eu prometo.
Silvia fez uma negativa com a cabeça e respirou fundo.
- Eu estou com medo - a castanha disse abraçando o namorado fortemente - eu estou com muito medo, talvez se fosse antes eu não sentisse medo, mas hoje... Eu estou apavorada.
- Com o que? O que aconteceu para você está se sentindo apavorada?
A castanha engoliu em seco. Tentando não voltar a chorar. "- Olá, Silvia - disse a voz masculina que ela reconheceu de imediato - sentiu saudades do papai".
- O meu pai - ela disse por fim - ele está aqui...
- Como?!
- Ele falou comigo, quando entrei na loja... - ela não conseguiu terminar a frase e voltou a chorar. O xerife a encarava surpreso, não conseguia acreditar no que a castanha acabara de lhe dizer. Jorge abraçou a namorada e deu um beijo no topo da sua cabeça.