thirty-five

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Miranda sorriu ao ver o filho novamente em seu quarto, não imaginou que ele fosse querer vê-la tão cedo. Jorge estava sozinho e com um semblante sereno e, ao mesmo tempo curioso, talvez essa seja a palavra certa. Curioso, era como ele estava.

- Oh querido - a senhora disse caminhou até o filho o abraçando - que bom que você resolveu me dá uma chance de se explicar.

Jorge apenas sorriu caminhando para sentar na cama da mãe, mas parou e fez uma negativa com a cabeça antes de decidir que ficaria em pé.

- Imagino que você deve estar querendo uma explicação para a cena que você viu hoje cedo.

- Você é lésbica.

- Na verdade, sou bissexual.

- Isso faz alguma diferença?

- Claro, Jorge.

O xerife passou a mão no cabelo e voltou a olhar para a mãe.

- Quando você descobriu?

- Que eu era bissexual? - ele assentiu - muito jovem, tinha garota no meu bairro e ela era dois anos velha que eu e, eu me sentia muito atraída por ela, mas eu não sabia ao certo o que estava sentindo porque os meus pais sempre foram religiosos e me ensinaram que a mulher nasceu para ficar com o homem e ninguém mais então eu pensava que o que eu sentia era apenas uma admiração por ela ser tão bonita.

Jorge passou os olhos pelo quarto e viu uma cadeira a pegou e sentou em frente a mãe.

- Uma vez no Halloween uma amiga minha me chamou para uma festa do pijama, eu tinha acabado de completar meus quinze anos e aceitei de imediato, e a Mellie, a garota do meu bairro também tinha sido convidada - Miranda sorriu fazendo uma negativa com a cabeça ao lembrar da sua cara de espanto quando viu Mellie na sua frente - estava frio e... Eu queria alguém pra me esquentar e a Mellie fez isso, ela foi meu primeiro beijo e minha primeira paixão, naquela noite...

- Mãe, não precisa me contar certos detalhes.

- Jorge! Não é isso que você está pensando com essa sua mente poluída, nós conversamos sobre os nossos sentimentos e ela me ajudou a me descobrir de certa forma, me fez entender que não tinha nada de errado com os meus sentimentos e que eu poderia me apaixonar por uma mulher. Depois dessa noite nos encontramos algumas vezes, nos beijávamos sempre que dava, ela era incrível. Uns meses depois meu pai recebeu uma proposta pra trabalhar aqui no banco de Weston e tivemos que nos mudar, foi então que conheci o seu pai.

- Ele foi o primeiro homem que você gostou?

- Ele foi o único, antes dele eu pensava que era lésbica e que só poderia me sentir atraída por mulheres, até que eu o vi brincando no lago e não foi muito difícil me apaixonar por ele, o Charles era perfeito, era educado, charmoso, simpático, me tratava como uma rainha, então começamos a namorar e depois noivamos e não demorou para que acontecesse o casamento.

-- O papai sabia sobre a Mellie?

- Claro, nós não tínhamos segredos um com o outro. Inclusive ele brincava muitas vezes dizendo que tinha que conhecer a Millie "Eu preciso conhecer a minha rival" - ela limpou uma lágrima que descia por seu rosto - então fiquei grávida de você e nossa felicidade não poderia ficar maior... Depois que o Charles morreu eu senti como se metade de mim também tivesse morrido, quando fui morar em Londres conheci um senhor, saímos duas vezes e na última ele me beijou e eu senti como se tivesse traindo o seu pai, me senti péssima, foi quando eu voltei para Weston.

- E conheceu a Margaret - ele completou segurando a mão da mãe que lhe retribuiu com um sorriso.

- Isso, e me apaixonei assim que a vi, ela estava tão bonita na noite em que cheguei na cidade, quando teve aquele escândalo com a Silvia e você aqui na pousada - a senhora disse fazendo com que o filho lembrasse da festa que ocorreu há mais de um ano - depois que você se aproximou da Silvia, eu me aproximei dela, passávamos horas conversando durante o dia e as vezes a noite, nós caminhavamos na beira do rio onde demos nosso primeiro beijo, as vezes marcamos de jantar aqui no restaurante e em uma dessas vezes ela me pediu em namoro, confesso que isso me assustou.

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