three

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Sete passos da porta até a cama. Cinco passos da cama até a cômoda. Seis passos da cama até o banheiro. Todo o seu mundo era reduzido ao número de passos que ela teria que dar. Por isso, ela passou boa parte da tarde decorando o número de passos que ela precisava dar naquele quarto. Por mais que tivesse planos de voltar para a cabana na manhã seguinte, odiou o fato de ter que sair de sua casa por conta de incompetência por parte do xerife em não ter prendido o assaltante.

Xerife... Jorge Salinas

Era de longe a pessoa que mais a irritava em todo o planeta, não ele em si, mas sua forma de ser, gentil, nobre e sempre tão bem com a vida e com as pessoas, coisas que ela odiava em qualquer ser humano. Enquanto ele a irritava, ela sentia algo que não sabia explicar quando estava perto dele...

— Silvia — Ela escutou a voz de Margaret na porta, a tirando de seus pensamentos.

Levou a mão até ao lado da cama, onde pegou sua bengala, e levantou-se.

Sete passos.

Exatamente sete passos e ela chegou a porta, a abrindo.

— Acabamos de ser convidadas para uma festa que ira acontecer hoje aqui na pousada.

— Como? — Silvia perguntou fechando a porta e voltando a sentar na cama.

— Uma festa, minha querida.

— Isso entendi, Margaret — Disse a castanha, perdendo a paciência — Mas o que faz você pensar que vou a alguma festa? Odeio festas, Margaret!

— Não odeia nada — A senhora disse sem se importar com o tom de voz que Silvia usou — Eu estava pensando que você poderia ir com aquele vestido verde, ele realça tanto a cor de seus olhos — Ela declamou entrando no closet.

— Eu não vou, Margaret!

— Vai sim!

— Não vou.

— Vai e ponto final, ficaremos só algumas horas, depois voltamos — Disse Margaret voltando do closet com o vestido verde

— vamos lá, Silv, será divertido.

— Algumas horas Margaret — A castanha disse cedendo — Quem está dando essa festa?

— A mãe do xerife, ela chegou agora a tarde na cidade, e já vai dar uma festa.

— Fútil — Silvia murmurou.

— Olha só quem fala — Margaret disse — Lembro-me muito bem que você gostava de dar festas para tudo, tudo era motivo de comemorações exageradas.

— Esqueça isso, Margaret.

— Ok, não falarei mais sobre isso.

A castanha respirou aliviada, odiava ter que lembrar coisas do seu passado e Margaret sabia muito bem disso, mas fazia questão de sempre lembra-la. Silvia levantou, com sua bengala e caminhou até o banheiro, onde tomou um rápido banho. Quando saiu, a senhora a ajudou a vestir o vestido verde, e penteou o cabelo da castanha, deixando-os soltos.

— Me sinto uma criança cada vez que você penteia meu cabelo — Silvia disse, voltando a sentar na cama.

A senhora sorriu.

— Agora irei no meu quarto me vestir, não demoro para vir te buscar.

Silvia apenas assentiu, escutando quando a porta do quarto fechou-se. Depois disso, tudo parecia uma eternidade, o tempo em que ela ficou sozinha no quarto pareciam anos de tão longo que foi. A ansiedade começou a tomar conta a castanha, que se levantou, sete passos, abriu a porta e saiu.

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