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      ANABEL🌙

Odiava fazer trabalhos.

Mas odiava muito mais trabalhos em grupo.

Em dupla.

Com pessoas.

Porque particularmente prefiro ficar sozinha e fazer minhas coisas sozinha.

Naquele, que poderia ser um fatídico dia, eu saí da casa de uma colega já estava quase anoitecendo. O que foi bem constrangedor porque eu nunca tinha trocado uma palavra com ela, e nossa professora da faculdade de gastronomia marcou um trabalho, e sobramos só nós duas porque ela faltou no dia. E claro, me colocaram com ela. Sorte a minha que ela não morava tão longe da minha casa porque meu carro velho estava no concerto depois do falecimento de seu motor, mas garanto que, era longe o suficiente.

O ruim dessa cidade/vilajero minúsculo aos arredores da cidade de Bothell, no estado de Washington, são as casas serem separadas demais umas das outras e eu odiava caminhar sozinha na estrada. Minha tia, com quem vivo desde o falecimento dos meus pais, não poderia me buscar por causa do salão de beleza que tinha, e meu celular estava sem bateria, eu nem teria como contata-la, e não gostava de taxis, uma vizinha minha uma vez foi molestada por um taxista. Fiquei pasmada e desde então os evito.

Eu caminhava pela estrada a passos largos com minha mochila pesada nas costas, vendo o tempo se fechar, para meu azar, ouvi ao fundo o barulho de alguns trovões. E para pontuar meu azar, tenho muito medo de chuva.

Também não gostava de andar sozinha, mas não tinha amigos para me buscarem (não tinha amigos pra nada), a não ser minha tia e Trudy uma funcionaria do salão.

Bufei de raiva quando senti as gotas de chuva me atingirem, andei mais rápido, mas a chuva foi ficando cada vez mais forte. Abri minha mochila e tirei de lá minha sombrinha, a abri as pressas e me tampei, irritada pelo meu all star estar completamente encharcado.
A chuva só ficava mais forte, trovejava, ventava e eu podia ver o risco de raios no céu. Senti o medo tomar meu corpo.

O pior foi quando uma rajada de vento me atingiu e quebrou minha sombrinha a levando pra trás.

Merda.

Tentei me tampar com a mesma, mas ela estava a frangalhos e resolvi me desfazer dela, a jogando no canto da estrada. Hoje eu não estava para a proteção ambiental.

Sorte minha mochila ser de couro e forrada, se não estaria ferrada.

O desespero estava tomando conta de mim enquanto eu definitivamente corria pela chuva, e mesmo no asfalto eu me sujava de lama. Que ódio.

Quase engasguei ao perceber que estava chorando, e minhas lágrimas sendo misturadas com a chuva. Não tinha motivo exato, talvez o desespero.

Crise de pânico agora não. Implorei pra mim mesma, porque não precisava mais dessa.

Vi um clarão na estrada e o barulho de um carro.

E definitivamente não sei se isso é bom ou ruim.

Mas espero que passe direto.

Mas como não tenho sorte, parou bem ao meu lado.
Fiquei tensa no mesmo momento e olhei pros lados, vendo por onde sair se eu precisasse correr.

O carro era um Jeep branco, eu continuei a andar e ele andando comigo enquanto o dono dele abaixava o vidro.

— Ei? — Chamou. Fechei meus olhos e franzi o cenho. Mania essa que tenho quando fico nervosa.

Me virei para o dono do carro e vi parcialmente seu rosto pela janela na penumbra do carro e a chuva. Parecia ser jovem e ... Bonito.

— Ei, entra aqui, você esta encharcada. Não vou te fazer nada, só não acho legal uma garota andando sozinha na chuva.  — Disse, ele parecia sincero. Mas ele pode ser perigoso. Não é?

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora