[chapter extra]

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Tive insônia nas últimas noites e me bateu uma saudade :), então, eu voltei só pra dar um gostinho.

10 ANOS DEPOIS

Olhei sob os óculos escuros de armação redonda, tendo a vista a vasta extensão de mar em Oahu, no Hawaii. Deitada em uma espreguiçadeira, debaixo de um guarda sol, perto da piscina de uma maravilhosa casa onde todos nós estávamos ficando durante as férias de verão.

Foi uma boa resolver viajar agora, dar um tempo, venho trabalhando de forma árdua, como uma dos três chefes gourmet de um restaurante renomado em Manhattan. E minha rotina era bastante corrida por conta de horários malucos e horas extras, então nada mais merecido que pedir minhas férias para esse descanso. Ainda mais podendo conciliar com as do Jonathan que finalmente conseguiu uma vacância dupla, por se dividir no trabalho na editora e como professor universitário, de literatura clássica, na CUNY. Trabalho esse, que faz nossa rotina ser mais maluca ainda, haviam dias em que ele passava a noite sem dormir, fazendo plano de aula, a base de cafeína e reclamando dos e-mails desesperados dos alunos. E eu ficava ali com ele, costumava fazer chá de hortelã, e lia um bom livro enquanto ele trabalhava, simplesmente para ficarmos mais juntos, por vezes ele simplesmente desistia de toda aquela papelada e usamos a mesa do escritório para coisas mais interessantes.

E mesmo tentando manter as coisas em um ritmo certo, em nossa família, e como casal, tudo andava mesmo, muito atribulado.

E não era só pra nós.

Então quando nossos amigos citaram viajar pra um lugar paradisíaco, mesmo Jonathan resistindo por preferir viagens onde ele traga bagagem histórica (coisa que ele repetiu algumas vezes desde que chegamos) aqui estávamos.

Falando em amigos, um pouco a minha frente, Brie e Ben conversavam sentados com as pernas dentro da piscina, enquanto ele fingia a escutar, por estar prestando atenção na Liana conversando com um rapaz, perto da praia. Coitada da menina, ele marcava em cima.

E lá também estava Carl tentando ensinar Devon a surfar em cima de uma pequena prancha (sendo que nem ele mesmo sabia), e claro, Elivie estava dando apoio moral ao filho, gravando cada tombo do garoto.

Deslizei meus dedos nos fios escuros e lisos de Louisa que dormia com a cabeça sobre meu peito, seu cabelo cortado em um chanel com franjinha estava uma bagunça, tentei arrumar desfazendo os nós com cuidado, mas ela ao sentir o movimento, levantou os olhos escuros pra mim, sonolenta, e bocejou em seguida.

- Mamãe? - Chamou.

- Oi, meu anjo?

- Onde está o papai e o Theo? - Perguntou curiosa, e eu olhei em volta. Eu não os via desde a hora do almoço.

- Eles devem ter ido passear. Algo entre garotos. - Murmurei, pensando sobre.

Onde se enfiaram os homens da minha vida?

- O Theo disse que ia pedir o papai pra levar a gente pra ver tubarões no aquário. Será que eles foram sem mim? - Perguntou indignada, se sentando na beirada da espreguiçadeira, dentro de seu biquíni ciganinha estampado com morangos.

- Não acho. Seu pai teria falado alguma coisa. - Tentei acalmar a menininha afoita ao meu lado.

- Vamos procurar eles então, mãe... - Disse ficando de pé, puxando a minha mão, suspirei, com preguiça de me levantar, mas o fiz.

Ela olhou pra praia, no momento em que Devon caiu de novo da prancha.

- Bem feito! - Ela disse rindo, e ele emergiu em seguida.

- Porque bem feito? Ele não é seu melhor amigo? - Perguntei enquanto nos guiavamos para dentro da casa.

- Não é mais. Ele almoçou com a Victoria no último dia aula, lembra? E ainda me disse hoje que agora ela era a melhor amiga dele. Deixa esse bastardinho, eu agora só vou fazer os trabalhos com o Kevin, Devon vai tirar zero porque sou eu quem faço tudinho. Não tenho culpa se ele quer perder minha amizade verdadeira. - Disse com raiva, com os olhinhos semi-serrados.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora