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     ANABEL 🌙

Bufei enquanto o professor nos falava sobre nutrição. Eu particularmente preferia as aulas práticas de gastronomia, do que as teóricas.

Meu pé mexia de um lado para outro em costumeiro tique-nervoso batendo contra o pé mesa. Eu estava tão ansiosa que a aula começou a passar despercebida por mim e minha mente ficou aérea, meu peito começou a apertar e esse era um sinal claro de instabilidade emocional, crise de ansiedade.

Fechei os olhos e puxei o ar pela boca e soltei novamente, fazendo o ato repetidas vezes. Mas tudo parecia desfocado pra mim, a não ser o que eu sentia. Coloquei minhas coisas na mochila vagarosamente para não ser notada, e me levantei, saindo dali devagar, passando no corredor estreito feito por mesas, tentando chamar o minimo de atenção. E por fim, consegui sair.

Assim que me vi no corredor da faculdade, me guiei até o banheiro feminino mais próximo. Entrei no mesmo, vendo algumas garotas conversando. Droga! Respirei fundo, e fechei minhas mãos em punho, e adentrei em uma das cabines. Ninguém na faculdade pegava no meu pé nem nada disso, apenas não me notavam. O que é diferente. Bem diferente da escola, onde não me deixavam em paz, sempre com uma piadinha ou outra pelo meu jeito estabanado e um tanto peculiar.

Já na faculdade alguns fingiam ser adultos, outros eram. Mas eu estava fora de foco e isso pra mim era muito bom.

Tampei a privada e me sentei ali, fechei os olhos e fiz um exercício comum de puxar o ar pelo nariz e soltar pela boca, tentando aliviar o aperto no peito. Meus olhos estavam ardendo pela vontade de chorar que vinha sem controle, e deixei as lagrimas caírem. Uma coisa que me deixava melhor era o choro.

Fechei os olhos e continuei puxando e soltando o ar, abraçando meu corpo para evitar a tremedeira. Ouvindo duas garotas conversarem do outro lado da porta.

— (...) 'ério, ele é muito gato. Não mais que o Daniel, claro. — Identifiquei quem falava sendo Sophie Harper, ela era uma das favoritas da faculdade, cursava Direito, e seu namorado era nada mais nada menos o capitão do time de basquete e lider da Atlética, o cara mais "rico e bonito" da faculdade, Daniel Himmes. Um clichê sem igual, parecia um típico filme adolescente.

Continuei da mesma forma enquanto chorava silenciosamente. Era horrível sentir esse aperto e a sensação de perigo iminente. Porque eu sabia que não era real, mas não conseguia evitar.

As meninas continuaram falando empolgadas, mas acabei pegando uma parte — (...) ele é novo na cidade, chegou da Europa há pouco, ainda não conhece ninguém, e tipo, vocês combinam, eu não conversei com o  Jonathan, mas como é irmão do Daniel, se vocês ficarem juntos, tenho certeza que seria perfeito Therese.

— Uhn... Interessante eu preciso conhece-lo. — Therese disse empolgada. Respirei fundo e limpei minhas lagrimas.
Era uma das minhas muitas turbulências emocionais, e nem sempre tinham motivo. Infelizmente são bem aleatórias, e quase sempre, durante a noite. Mas lidava com elas, eu e o terapeuta. Que não valia de muita coisa, mas era bom para desabafar.
Mas o que estava batucando em minha mente era o que Sophie disse.

Um cara que chegou da Europa a pouco.

Bonito.

Irmão de Daniel Himmes, ou seja, rico.

Jonathan.

Só podia ser ele. O cara que me deu carona na noite anterior.

Agora eu sei o nome dele...

Jonathan Himmes.

Sorri comigo mesma, como uma otária ao me lembrar dele.

Ouvi ambas se dispersarem, e puxando o ar novamente resolvi sair da cabine, e mesmo um pouco mais calma, minhas mãos continuavam a tremer. Me guiei até a cuba e molhei minhas mãos, passando água em minha nuca que estava quente, tensa. Uma garota adentrou e foi direto para o box. E eu, sem motivo aparente fiquei aliviada por isso.

Sai do banheiro, um tanto quanto esquisita, em modo automático, decidindo não assistir aula nenhuma e ir pra casa. Eu não estava com cabeça pra isso, e nem conseguiria prestar atenção.

Saí dali as pressas, entrando no elevador, tensa, e assim que cheguei no primeiro andar, passei pela catraca e sai rumo ao campus.

Ali tinha um jardim que ficava no centro entre os prédios da faculdade, e eu passei por ele rapidamente, indo rumo ao estacionamento, onde por acaso eu deixei meu carrinho velho que peguei no mecânico pela tarde.

Eu não estava muito bem e queria ir logo pra casa, mesmo que dirigir estando emocionalmente instavel não seja a coisa mais pertinente do mundo.

Entrei no estacionamento em busca do meu Voyage prata da era jurássica.
Assim que o achei naquele emaranhado, fui em direção a ele. Era horrível estar tão nervosa e com medo, sem saber de que e do que.

Avistei mais a frente duas pessoas conversando. Dois rapazes. Me fazendo travar por breves instantes e até mesmo um nervosismo me atingir.

Era Daniel Himmes, e seu irmão. Que mundo pequeno, e que coincidência horrível. O cara que me deu carona estava bem ali. E pior, eles estavam perto do jurássico.

A teoria estava certa.

Olhando mais ou menos de longe, mesmo que de noite, eu pude perceber que eles não se pareciam muito, a não ser pelo tom de pele e os cabelos pretos, pois Daniel tinha olhos azuis, o corpo mais musculoso e havia feito luzes. Muito diferente do irmão, até mesmo na postura.

Já Jonathan me parecia entediado, encostado no carro luxuoso de Daniel, enquanto o irmão falava sem parar. Ele era alto pude perceber, esguio, e continuava dentro de roupas escuras.

Jonathan me era envolvente. Atrativo. E eu sou uma idiota de ficar pensando essas coisas de um desconhecido que nem olharia pra mim.

Passei por eles um tanto tensa, e rezei para não mancar, porque minha perna costuma travar quando fico com vergonha. Realmente um exemplo de sensualidade.
Passei quase arrastando minha perna que ficou falhando. Anda minha querida destrava, pensei, ele vai achar que além de gaguejar, você também manca por causa dele.

Assim que passei perto deles, evitei os olhar, e adentrei em meu carro. Assim que o fiz, o liguei, e felizmente ele não deu vexame e consegui sair com ele dali, não sem notar um certo olhar sobre mim enquanto me afastava...

___

N.a: OE, OE 💗 Esse capitulo ficou curtinho. Mas garanto que foi um mal necessário.

Eu sei que a história esta sem sal até agora, mas garanto que vai melhorar.

POR UM ACASO ...A coisa da perna travar quando vai passar perto de alguém ou algum grupo de pessoas já aconteceu com vcs??

Pq cmg sempre acontece e eu fico "mdss destrava minha filha"  serio é péssimo.

MDS É CADA COISA BICHO...

MAAAAS ENTÃO...OBRIGADA DESDE JÁ! ...espero que tenham gostado.

bjs

- Cris

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora