n i n e t e e n

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ANABEL 🌙

Na terça trabalhei no salão e fiquei presa no mesmo o dia todo, na quarta a faculdade me tomou pois tinhamos aulas práticas durante a tarde toda, e acabei apenas trocando algumas mensagens com Jonathan ao invés de ir até a clínica. Mas na quinta, já estava me sentindo mal, e tive que passar para ve-lo, e ainda tinha que comprar um presente de aniversário para Trudy. E falando nela, depois que descobri que Johan a engana, a situação está me corroendo, eu me sentia péssima em não falar tudo pra ela, mas seria pior pra mim, porque tenho certeza que ele vai desmentir, ela vai acreditar e vou perder minha única amiga. Então eu preferia ficar calada.

Quando cheguei a clínica fiz o mesmo percusso de sempre, até chegar ao quarto dele.

Assim que dei uma leve batida na porta, ouvi um "pode entrar" do mesmo. Abri a porta, e passei devagar pela mesma. Vendo Jonathan sentado na cadeira de rodas automática perto da janela e um rapaz sentado na cama.

Estranhei ver Jonathan na cadeira, ele parecia um pouco melhor, estava usando peças escuras de novo, estando dentro de um moletom preto, ele estava sem o curativo na testa, o cabelo pela primeira vez estava preso, como de um samurai, evidenciando a pele vermelha em processo de cicatrização rente ao cabelo, a perna com a bota estava no suporte de amparo da cadeira. Era... diferente vê-lo assim.

Fechei a porta atrás de mim, e o rapaz ficou de pé, se virando pra mim com um sorriso torto. Ele deveria ter mais ou menos a idade do Jonathan. Ele tinha o cabelo castanho bem claro, quase loiro, em um topete, os olhos eram verdes escuros, e o corpo atlético estava dentro de um terno cinza. Tinha um jeito despojado e era muito bonito. E eu não fazia a ideia de quem ele era.

- Ei - Os cumprimentei sem graça.

- Oi Anabel, vem aqui. - Jonathan chamou, e eu me aproximei ficando perto da cama. É horrivel como situações simples me deixam acanhada.

- Então você é a Anabel? - O rapaz se virou sorridente vindo na minha direção, ele me estendeu a mão, do qual eu apertei envergonhada. - Sou Carl, Jonathan falou de você. Bastante. - Ele frizou me fazendo rir, e vi Jonathan fazer uma expressão de desgosto atrás dele.

Me lembrei de Jonathan ter citado Carl, era um dos amigos do colégio onde ele estudou.

- Anabel, senta. - Jonathan pediu, e eu fui em direção a ponta do sofá perto da janela, a um pouco mais de um metro de onde ele estava.

- Que namoro estranho esse de vocês. - Carl comentou. Namoro.

- Não estamos namorando. - Deixei claro.

- Ela é difícil, anda me enrolando. - Jonathan disse, e eu olhei pra ele pasmada.

- Você nem me pediu em namoro. - Soltei, e em seguida corei a cinquenta tons de escarlate.

- Ele é lento Anabel, com a patinha quebrada então. - Carl falou arrastado, maldoso, implicando. Homens adoram ferir a masculinidade um do outro.

- Pois é, e Elivie ainda não sabe sobre a Macy. - Jonathan disse em tom de ameça. Eu não sabia quem era Elivie e essa Macy muito menos.

- Então saio de New York, para saber como você está depois de tudo, fico comovido com sua pata quebrada, e é assim que agradece, com ameaças? Agora só falta você falar que não vai no meu casamento.

- Não vou e você sabe o porque. - Jonathan disse. Ele iria se casar?

- Como não vai? Você é o padrinho. Você e a Anabel vão juntos. Eu trouxe o convite especial. - Carl disse se levantando e jogando o convite de cor champanhe sobre Jonathan.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora