t w e n t y s i x

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ANABEL🌙

(...)

- Que pena. Quer que eu te empreste uma roupa?

O olhei desacreditada, eu estava falando sério, e ele brincando.

- Jonathan, sem brincadeira, eu definitivamente estou ferrada. - Falei ao mesmo, que ainda nem tinha saido da posição em que estava, levantei aos tropeços, e fui correndo até a cozinha, minha mochila estava em cima de uma das banquetas, abri o bolso de fora e peguei meu celular. Havia algumas mensagens de Trudy que não condiziam com a viagem, e só. Eu falei que não iam notar que eu sumi, e não notaram.

- E então? - Ouvi a voz de Jonathan, e dei um pulo com o susto.

- Que susto! - Soltei, me virando pra ele, que estava na porta do cozinha.

- Reação de quem estava aprontando.

- Eu nunca apronto - Rebati e prossegui - Nenhuma ligação, ou seja, permanço nas sombras. - Falei, e ele maneou a cabeça ponderando sobre, enquanto vinha sem auxilio nenhum apenas se segurando aqui e ali até se sentar na banqueta.
Fiquei imaginando a reação de Rosa se ela visse. Ele podia devagar e aos poucos, ir pisando no chão, sem forçar a perna, usando a bota e as muletas. Mas o teimoso não tinha entendido a parte do devagar, aos poucos e sem forçar.

Olhei ao redor, e me perguntei o que fazer. Jonathan pareceu notar o que eu pensava.

- Fica aqui, amanhã eu vou com você, fala com a sua tia, explica pra ela a situação. - Ele disse, e eu pensei sobre, eu... Não estava confortável em dormir ali, mas a idéia de viajar sozinha me era mil vezes pior.

- Vou mandar uma mensagem. - Me dei por vencida, colocando minha mochila na bancada, para eu poder me sentar onde ela estava, de frente para Jonathan. E enviei uma mensagem um tanto grande explicando toda a situação.

- Isso é estranho. - Ele comentou pensativo.

- O que?

- Sua turma não ter notado seu sumisso.

- Estranho seria se tivessem notado. - Falei, e era verdade, mas no fundo isso me incomodava, ser tão invisível.

- Não sei, acho que se um colega de turma sumisse, eu notaria.

- Notaria, se fosse um amigo seu, sério, ninguém realmente nota quem não faz falta. - Falei. Vendo a resposta da minha tia, ela definitivamente não estava nada feliz, só deixou eu ficar ali sobre prévias recomendações. Como voltar amanhã sem falta pra ajuda-la por conta de ser feriado de ação de graças e, quarto de hóspedes.

- E você acha que você não faz falta? - Ele perguntou olhando em meus olhos, e segurando uma das minhas mãos.

- Pra eles não, mas tanto faz. - Falei tentando soar humorada, mesmo que não fosse bem assim. Sentindo seu olhar sobre mim, eu realmente espero que não seja piedade, se tem algo que não suporto é pena.

- Eles são quem perdem, não te merecem. - Disse me fazendo o olhar, ruborizando. E eu não o merecia.

- Eu que não mereço um namorado que gostar de flertar. - Desconversei em tom de brincadeira, e lhe dei um selinho em seguida. Eu não queria falar da minha insignificância.

- Eu não estou flertando, estou sendo sincero - Disse ficando de pé, pronto para assaltar o pudim da geladeira, eu poderia o impedir, mas como ele pegou pra mim também, eu ficaria calada por hora. E quando acabamos (com o resto que tinha do pudim), eu decidi que, eu queria tomar banho, mas também notei que eu tinha vergonha de pedir pra ele.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora