s e v e n

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     ANABEL 🌙

Respirando de forma descompassada e nervosa o vi descer o vidro do carro. Que não era o Jeep branco costumeiro, mas sim, um sedã preto de luxo que eu não conhecia a marca.

E agora, o que eu faço?

Puxei o ar para os meus pulmões e me levantei, me sentindo estranha, fora da realidade, como se eu não estivesse ali, o que era bizarro, porque bem, eu estava.

Caminhei até perto do carro, e engoli em seco, chegando perto da janela.

— Hm. Oi. — Sussurrei, entre-cortado, pelo nervosismo. Tremendo.

O olhei e mesmo em total estado de nervos, pude perceber que ele estava muito bonito dentro de um smoking.

Ele me olhou atentamente e destravou as portas do carro.

— Oi, Anabel. E ai, vamos? — Perguntou sorrindo.

Pânico.

Fechei os olhos e franzi o cenho. O estado de ebulição se desfazia dentro de mim, pelo desespero de ter que escolher, e sem perceber deixei as lágrimas que segurava, cairem, meu coração estava acelerado e eu tremia sem parar.

— Ei, por que está chorando? — Mudou o tom, para algo mais alarmado.

— E-eu não estou me sentindo bem...Me desculpa... Não vou conseguir. Quero ir pra casa. — Falei soltando o choro, de forma desenfreada e barulhenta, embaçando minha visão, não me permitindo ver a reação dele.

Não queria ser assim.
Mas não consegui controlar.
Não queria chorar perto dele.
Ser uma chorona.
Não queria ser e parecer fraca.
E estava morrendo de vergonha.

Ouvi ele abrir a porta do carro e sair do mesmo, fechando em seguida, dando a volta na minha direção.

Não precisava disso.

— O que você está sentindo? Quer que eu te leve em casa? No hospital? Chame alguém? — Perguntou colocando a mão sobre minhas costas,  preocupado.

Balancei a cabeça negativamente, limpando minhas lágrimas, mas não adiantou pois novas se formaram.

— N-não. E-eu quero ir pra casa. P-perdão pelo baile. É melhor você ir, vai se ...atrasar. — Falei entre o choro.

— Não, para. Deixa disso. Vem aqui. — Disse me guiando pelo calçamento com uma das mãos sobre meu ombro, e de uma forma desengonçada me sentei no banquinho onde eu estava antes.

Limpei minhas lagrimas de novo, sentindo meu corpo ter espasmos.

— É uma crise de pânico? — Ele perguntou e eu apenas assenti, abraçando meu corpo.

Não queria falar sobre isso com ele.

— Você está sentindo dor ou desconforto no peito? — Perguntou.

Eu voltei a assentir.

— Você esta com medo, é como se algo horrivel fosse acontecer? — Perguntou.

Voltei a concordar. E ele prosseguiu, ele adorava perguntar.

— Não precisa ter medo, você não está sozinha. Você não vai morrer, não vai infartar, nada de ruim vai acontecer. Olhe ao seu redor. Sua casa não está longe, tem um hospital perto daqui, eu não vou ficar chateado se você não for comigo, você é jovem e me parece saudável. — Disse com a voz amena, virado para mim — Você tem algum problema de saúde? — Me perguntou de forma leve, branda.

E eu não entendia o que ele estava fazendo, mas ele estava certo. Eu estava levando tudo ao extremo.

— Não. — Respondi sua última pergunta. Eu não tinha grandes problemas de saúde além dos psicológicos.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora