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ANABEL🌙

Na manhã seguinte, já havia um tempinho que eu havia acordado, mas meus olhos estavam pesados e eu os manti fechados, apenas pensando, repassei a noite anterior na minha mente, morrendo de vergonha por ter chorado, por Jonathan não ter ido ao baile e todo o resto. E claro, fiquei pensando como seria se eu fosse com ele na feira literária.

Eu estava em um daqueles dias em que não queria levantar e viver, uma onda de desanimo gigante tomou conta do meu corpo, e por mim eu ficaria no meu quarto, quietinha, fingindo que não existo. Olhei no meu celular e marcava oito e pouco, eu tinha consulta com Dr. Anthony, meu terapeuta, as dez.
Ignorei o horário e fechei os olhos de novo, não queria ver ninguém, só ficar na minha cama para o resto da vida. Sem expectativas.

- Ana querida! Acorda! Você tem consulta... - Minha tia disse entrando no meu quarto e acendendo a luz.

Tampei minha cabeça com a coberta e soltei um "Não vou hoje".

- Ana, ontem você teve uma crise. É melhor que você vá. - Disse, como uma boa mãe que minha tia era.

- Tia...Eu só quero ficar em casa para todo o sempre. - Falei com manha, destampando a cabeça.

- Anabel! É para o seu bem. - Repreendeu, em tom dócil.

- A mas...- Murmurei e vi ela cruzar os braços - Okay tia, ta bom. - Falei e me sentei na cama, ela estreitou os olhos pra mim como se eu fosse uma criança sapeca fazendo bagunça e saiu do quarto.

Meu corpo estava tão mole, que assim que ela saiu, acabei voltando para a posição inicial. Deitadinha.

- ANABEL! - Berrou.

- Okay tia, já estou de pé! - Falei dando um pulo para fora da cama, pronta para luta.

Que a sorte esteja sempre ao meu favor...

_____

Cheguei no consultório do Dr. Anthony faltava apenas dois minutos para o horário da minha consulta.

Me sentei em um dos sofás de couro dispostos e a secretária sorriu pra mim e nos cumprimentamos. Peguei meu celular e conectei no Wi-fi e entrei no Twitter, eu não tinha mensagens no Whats App, além das de alguns poucos grupos aleatórios que eu mal conversava.

Dei uma olhada na rede social, até que vi um garoto mais ou menos da minha idade sair da sala de Dr. Anthony e passar pela sala pisando firme. Passado alguns poucos minutos, o bipe da secretária tocou, e era um sinal claro e conhecido, e logo ela pediu para que eu entrasse.

Assim que adentrei, fui cumprimentada por Dr. Anthony, que pediu para que eu me sentasse numa poltrona a frente de sua mesa, onde ele já tinha minha ficha.

Faço terapia com Dr. Anthony a dois anos, eu já tinha passado por outros profissionais antes, mas me adaptei melhor com ele, o mesmo era calmo e simpático, tinha por volta dos trinta e sete anos, era bastante charmoso. Bastante mesmo, ele era inglês, e definitivamente era um típico britânico, pálido, dos olhos azuis, sem contar a educação. Mas mesmo sendo psicólogo, ele me parecia uma pessoa triste, solitária. A esposa dele faleceu devido a um câncer a menos de dois anos, pouco tempo antes da doença a fazer perder o bebê que esperava.

Eu por vezes olhava pra ele e imaginava o quão triste deve ser ter que lidar com problemas alheios, quando é notório que nem você esta bem.

- E então, Anabel, como você está? Como foi a semana? - Questionou, polido como sempre.

Depois de tanto tempo de terapia, eu já falava as coisas de forma mais aberta, muito diferente do início em que eu mal confiava nele.

- Mais ou menos. - Fui relapsa, sem o olhar nos olhos.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora