f o r t y s i x

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ANABEL 🌙

Meu Deus.

- Carl, você não pode mesmo ter deixado em outro lugar que não seja em sua pasta? - Elivie perguntou ao marido.

- Não Liv, estava em cima da cama. Desci por alguns minutos, e quando voltei não estava mais lá. - Ele disse se sentando em uma poltrona, frustrado. - Não é pela quantia, é pela confiança que deposito em todos que estão aqui. - Completou.

Todos ficaram em silêncio.

Por alguns bons minutos, aparentemente, ninguém ousou falar, inclusive Rosa, ficamos ali, o clima tenso e no modo mute.

- Papai! - Ouvimos a voz doce da Liana chamar, e ela estava ao pé da escada abraçada a uma mochilinha prateada brilhosa, e Ben se levantou para ajudar a pequena a descer.

- Papai, tem um montão de dinheilo na minha mochilinha. - Ela disse quando Ben chegou perto dela.

Como assim?

Ben a pegou, junto com a mochila, e desceu as escadas, e todos, inclusive eu, ficaram perplexos quando Ben, desajeitado pelo nervosismo, abriu a mochila e encontrou um pacote de dinheiro ali.

Ele jogou a mochila no sofá, afoito.

- Liana, você pegou esse dinheiro onde? - Ben perguntou um tanto ríspido a menina. Não precisava disso.

- Tava na mochilinha papai. - Ela respondeu, assustada.

- Ben, não acredito que está tentando culpar sua filha por algo que possivelmente você fez. - Disse Henry, o incriminando. Como se ele não fosse o maior mal caráter presente.

- O que? Você acha que eu peguei dinheiro do Carl? - Ben perguntou estupefato.

- Ben nunca faria isso. E porque faria? Não acho que cinco mil dólares faça qualquer diferença na vida dele. - Dona Suzanna interviu. Sim, ela tinha razão, eu não consigo o imaginar fazendo isso, ainda mais colocando na mochila da própria filha.

- Então vocês acham que a Liana pegou o dinheiro? - Elivie perguntou alarmada.

- Liana, onde você achou esse dinheiro? - Carl perguntou a ela, calmo.

- Na mochilinha. - Respondeu olhando pra todos com os olhinhos perdidos.

- Liana, você pegou esse dinheiro na pasta do Carl e guardou na sua mochila? - Ben questionou irritado. Estava vermelho, tentando controlar a raiva, mas sem sucesso.

- TAVA NA MOCHILINHA! - Ela gritou, perdendo a paciência com as perguntas repetitivas.

- Não grita. Não quero ver você com essa falta de educação! E eu nunca mais quero que você pegue ou roube qualquer coisa. Está me entendendo Liana? - Disse entre-dentes, seco, olhando a menina que estava de cabeça baixa. Ele estava sendo muito extremo.

- Não robei. Pincesas não robam. - Ela soltou baixinho.

- Não estou brincando com você! - Ele quase gritou.

- Ben! - Carl o repreendeu.

- Não robei. - Ela repetiu, com os olhos cheios d'agua. Pra mim isso já era demais.

Ben olhou na nossa direção, e Jonathan lançou um olhar significativo a ele e soltou "deixa eu conversar com ela" e Ben se aproximou de nós, frustrado, Liana em prontidão estendeu os bracinhos pra Jonathan que logo a pegou, tendo Ben com a expressão de puro desagrado.

- Liana, quem colocou o dinheiro na mochila? - Jonathan perguntou em tom brando a ela.

- Padinho, eu não robei. - Ela disse com a voz infantil embargada, e deitou a cabecinha no ombro dele, o abraçando pelo pescoço, e eu pude ver, uma lágrima escorrer pelo rostinho dela. Meu coração inteiro se comprimiu.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora