ANABEL 🌙
Meu Deus.
- Carl, você não pode mesmo ter deixado em outro lugar que não seja em sua pasta? - Elivie perguntou ao marido.
- Não Liv, estava em cima da cama. Desci por alguns minutos, e quando voltei não estava mais lá. - Ele disse se sentando em uma poltrona, frustrado. - Não é pela quantia, é pela confiança que deposito em todos que estão aqui. - Completou.
Todos ficaram em silêncio.
Por alguns bons minutos, aparentemente, ninguém ousou falar, inclusive Rosa, ficamos ali, o clima tenso e no modo mute.
- Papai! - Ouvimos a voz doce da Liana chamar, e ela estava ao pé da escada abraçada a uma mochilinha prateada brilhosa, e Ben se levantou para ajudar a pequena a descer.
- Papai, tem um montão de dinheilo na minha mochilinha. - Ela disse quando Ben chegou perto dela.
Como assim?
Ben a pegou, junto com a mochila, e desceu as escadas, e todos, inclusive eu, ficaram perplexos quando Ben, desajeitado pelo nervosismo, abriu a mochila e encontrou um pacote de dinheiro ali.
Ele jogou a mochila no sofá, afoito.
- Liana, você pegou esse dinheiro onde? - Ben perguntou um tanto ríspido a menina. Não precisava disso.
- Tava na mochilinha papai. - Ela respondeu, assustada.
- Ben, não acredito que está tentando culpar sua filha por algo que possivelmente você fez. - Disse Henry, o incriminando. Como se ele não fosse o maior mal caráter presente.
- O que? Você acha que eu peguei dinheiro do Carl? - Ben perguntou estupefato.
- Ben nunca faria isso. E porque faria? Não acho que cinco mil dólares faça qualquer diferença na vida dele. - Dona Suzanna interviu. Sim, ela tinha razão, eu não consigo o imaginar fazendo isso, ainda mais colocando na mochila da própria filha.
- Então vocês acham que a Liana pegou o dinheiro? - Elivie perguntou alarmada.
- Liana, onde você achou esse dinheiro? - Carl perguntou a ela, calmo.
- Na mochilinha. - Respondeu olhando pra todos com os olhinhos perdidos.
- Liana, você pegou esse dinheiro na pasta do Carl e guardou na sua mochila? - Ben questionou irritado. Estava vermelho, tentando controlar a raiva, mas sem sucesso.
- TAVA NA MOCHILINHA! - Ela gritou, perdendo a paciência com as perguntas repetitivas.
- Não grita. Não quero ver você com essa falta de educação! E eu nunca mais quero que você pegue ou roube qualquer coisa. Está me entendendo Liana? - Disse entre-dentes, seco, olhando a menina que estava de cabeça baixa. Ele estava sendo muito extremo.
- Não robei. Pincesas não robam. - Ela soltou baixinho.
- Não estou brincando com você! - Ele quase gritou.
- Ben! - Carl o repreendeu.
- Não robei. - Ela repetiu, com os olhos cheios d'agua. Pra mim isso já era demais.
Ben olhou na nossa direção, e Jonathan lançou um olhar significativo a ele e soltou "deixa eu conversar com ela" e Ben se aproximou de nós, frustrado, Liana em prontidão estendeu os bracinhos pra Jonathan que logo a pegou, tendo Ben com a expressão de puro desagrado.
- Liana, quem colocou o dinheiro na mochila? - Jonathan perguntou em tom brando a ela.
- Padinho, eu não robei. - Ela disse com a voz infantil embargada, e deitou a cabecinha no ombro dele, o abraçando pelo pescoço, e eu pude ver, uma lágrima escorrer pelo rostinho dela. Meu coração inteiro se comprimiu.
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Inércia
Teen Fiction" Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe" - OSCAR WILDE ANABEL HALKINN, é só mais uma garota comum, que sofre de ansiedade devido a problemas sociais e a perda prematura dos pais, não esperava que um desconhecido, nu...