t h i r t y e i g h t

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ANABEL 🌙

- É, disso eu tenho culpa.

- Talvez, mas não me importei nem um pouco. - Falei me afastando dele e segurando uma de suas mãos. Eu amava as mãos dele e isso era estranho, mas não me importo.

- Você é muito condescendente. - Comentou e ri soprado, não era questão disso, mas não me apegaria a uma coisa ou outra que pra mim parece pequena.

- Nem tanto - Murmurei, o puxando pela mão. - Vem! - O chamei, para fora da emergência, fomos de mãos dadas até uma mureta, que ficava perto da entrada, vendo algumas pessoas por ali, uma pobre mulher chorando em um canto e a rua do outro lado em um perfeito breu, porque alguns postes se queimaram.

- Vocês vão passar a noite, ou melhor, o resto dela, aqui? - Ele perguntou, enquanto eu forçava meu corpo para me sentar na mureta e o fiz.

- Não, mas devo voltar amanhã, Zach nem acordou, eu queria falar com ele. - Falei o olhando, e notei o leve franzir de cenho quando eu citei falar com Zach. E tive vontade de rir por isso. Mas eu também tinha que ir pra casa, Max não se alimentava sozinho.

- Acho que você deveria descansar. - Disse se enfiando entre minhas pernas, por eu estar sentada na mureta, me fazendo olhar em volta pra ver se tinha alguém olhando, e colocou com a ponta dos dedos parte do cabelo que caia sobre meu rosto atrás da minha orelha.

- Estou legal, cansada, mas legal. Na verdade, acho que é o inverso, sei que você não consegue dormir no hospital, e amanhã sua mãe tem quimio, deveria descansar um pouco pra ficar com ela. Você parece exausto, já está cheio de olheiras. - Falei passando o polegar abaixo de seus olhos. Estavam fundos.

- Anabel... Se eu falo uma coisa, e você a joga de volta pra mim, não vale. - Falou tentando soar humorado, com os olhos presos aos meus meus.

- Vale. Porque eu quero o seu bem.

- Okay, então. Mas, também não quero te ver em qualquer conflito como esse novamente. - Disse mais sério, segurando minha cintura.

- Não entro em conflitos, odeio violência, só não gosto de injustiça. - Justifiquei.

- Não é a primeira. Lembra do Daniel e o spray de pimenta? Sempre em meio a briga entre homens, você parece ajuizada mas acho que não. - Disse me fazendo o olhar boquiaberta.

- Mas Daniel estava sozinho, era errado e eu podia ajudar. E no caso da Trudy, bem, aconteceu. - Tentei me defender.

- Fico orgulhoso que você seja corajosa o suficiente para exercer seu senso de justiça, mas não fico feliz em te ver nesse tipo de situação, aquele cara, teve sorte de não ter sido pior. - Disse, e uma parte de mim gostou de ouvir isso, mesmo eu não sendo corajosa como ele disse. E claro, sem deixar de frisar o desgosto com qual ele pronúncia Zach, digo, cara.

- Eu sei.

- Não sabe. E não pode entrar em situações como essa, poderia ser você machucada, com maiores danos, me preocupo com você. Consegue me entender? -Questionou, e assenti, eu entendia.

- Consigo. - Falei brincando com um detalhe no fecho na lapela da jaqueta de couro que ele usava.

- Ei - Chamou minha atenção e fez uma pausa, afagando meu rosto. - Estamos mesmo sobrecarregados, tudo parece ter se virado contra nós, e hospitais não ajudam muito, nos mal temos um relacionamento normal, digo, nos vivemos em hospitais e preocupados, vou pensar em algo pra fazermos no final de semana, só nós dois. Claro, você sabe, se a saúde da Diana cooperar. - Terminou mais amargo do que deveria.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora