t h i r t y n i n e

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ANABEL 🌙

Estacionei o jurássico no bairro onde o endereço no grupo do trabalho marcava, era uma sexta feira em inicio de tarde. Sai do carro, e tirei a sacola do mercado junto a algumas coisas que precisaria do mesmo e o fechei, dando uma bela olhada no lugar, era uma rua residencial, onde as casas são todas parecidas, grandes, em tons mais claros, com varandas amplas em volta, a grama verdinha sendo regada pelo esguicho e a famigerada cerquinha branca. Instintivamente me lembrei que quando era pequena me imaginava vivendo em uma casa assim, com meu pai e minha mãe. Uma realidade distante para uma garotinha órfã de sete anos.

Caminhei até a casa indicada, era tal qual como as outras, subi as escadinhas da entrada e toquei a campainha. Engoli em seco, ansiosa. Eu teria de usar da habilidade social que eu não tinha.

- Anabel. Certo? - Perguntou Willian quando abriu a porta de casa, para ter certeza, depois de dois anos estudando comigo. E eu assenti, constrangida. Ele era loiro, de olhos castanhos, magro mas não muito, e de altura boa, deveria ter a minha idade, e era bonito de um jeito simples, mas bonito.

Ele soltou "entra" e deu espaço para que eu passasse, e eu adentrei pedindo licença, notando a sala confortável e aconchegante da casa, do tipo que parece mesmo um lar, a árvore de natal já estava montada, haviam porta retratos, brinquedos de criança no tapete e almofadas bordadas no sofá.

- Vem, eles estão lá na cozinha, só falta a Cecylie chegar. - Disse educado, e eu o segui até lá. Era uma boa cozinha, e o melhor, a bancada era grande o que facilitaria as coisas na hora do preparo. Sendo que, ainda nem definimos a receita.

Quando cheguei me deparei com Aaron, Violet e Mark.

- Oi. - Os cumprimentei, e mordi dentro da bochecha, desconfortável e os mesmos me cumprimentaram de volta e eu olhei em torno, sem saber o que fazer.

- Coloca suas coisas na bancada, fica a vontade, temos que esperar a Cecy, porque ela está trazendo a câmera. - William disse.

- Câmera? - Perguntei me sentando numa banqueta, colocando minhas coisas na bancada sobre o olhar de Violet, que estava mascando um chiclete com a boca cheia de gloss, meio aberta, violeta. Ela tinha os cabelos castanhos lisos e longos, e traços orientais.

- É, vamos ter que filmar o preparo, não sabia? - A mesma perguntou como se fosse uma falta grave.

Neguei com a cabeça assustada, pra que isso? Eu não queria ser filmada. Imagina ser exibida pra todo mundo? Não mesmo.

- N-não quero aparecer. - Soltei, sem graça, com a voz falhando. Que ódio.

- Então fica sem nota. - Mark disse, quase ríspido. Ele era um garoto moreno com cabelos cacheados e curtos, de bochechas cheias, grande e um pouco acima do peso, um tanto... bruto. Que me deixou bastante envergonhada por suas palavras. Me senti menos que eles.

- Não é assim Mark, se ela vai ajudar, vai ser a mesma coisa, ela só não quer ser filmada. - Willian me defendeu e sorri levemente, agradecida, e o tal Mark ficou calado, emburrado. Já Aaron estava mais preocupado com seu próprio celular.

Peguei o meu, com muita vontade de ir embora dali, rápido. Mas não podia.

Eu:

Me salva.

Mandei para Jonathan só por mandar, precisava expor meu desconforto além dos desabafos no Twitter, onde as amizades que fiz por lá cooperam mais comigo do que muita gente. Era mais fácil fazer amigos atrás de um fc e de uma tela.

Jonathan estava em Seattle desde ontem a tarde por ter ido resolver umas coisas por lá, das quais ele não fazia questão de dizer, mas como Carl, Ben, junto a turma toda desembarcaram por lá ontem, eu já desconfiava que tinha haver com aquele assunto, mas ele voltaria, segundo o próprio, hoje a noite. Sendo que, iriamos sabe se lá pra onde ele quer me levar, amanhã de manhã.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora