s e v e n t e e n

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ANABEL 🌙

Era manhã de um sábado, eu mal dormi a noite, se é que dormi, fiquei entre um cochilo e outro, com a mente perturbada e alerta.

O tempo simplesmente não passava e eu tinha flashes da noite anterior e da pior noite da minha vida a todo instante, e eu estava péssima. O dia amanheceu sobre minhas vistas, o clima estava péssimo, e não estou falando da chuva.

Se fosse em qualquer outro sábado chuvoso eu acharia incrível, mas hoje só era atraso de vida. Tomei meu café e me sentei na sala, liguei a TV, deixando em alguma série aleatória da Disney.

Estava preocupada, mas ainda estava muito cedo e as horas não passavam, assim, que não me pareceu muito cedo, resolvi tomar banho, e me arrumar. "Me arrumar" era sinônimo de não continuar de pijama.

Assim que o fiz, resolvi ir até a clínica, mas não fui antes de tia Alice fazer mil e uma recomendações sobre dirigir com o tempo chuvoso. Ela estava mais cuidadosa que o normal, e era compreensível.

Mas enfim, me guiei até lá. Eu estava nervosa, não saberia como agir perto de Jonathan, eu sou terrível com essas coisas, e não há palavras ou qualquer coisa que eu pudesse dizer que iria amenizar a perda dele. Mas antes de tudo eu queria saber como ele estava.

Assim que cheguei na clínica fui até a recepção e tinham poucas pessoas por ali, havia outra moça por lá, diferente da de ontem a noite. Essa era loira e magra, de feições delicadas.

- Boa tarde. O que deseja? - Perguntou educada. E era educação de verdade, do tipo que se nota pelo tom de voz.

- Boa tarde. Hm... Quero ver um paciente. - Falei sem graça, controlando a voz pra não falhar.

- Qual paciente senhorita?

- Jonathan Himmes.

- Sua identidade por favor. - Pediu, eu abri minha bolsa, e a procurei naquela bagunça toda que a mesma estava, e assim que achei, eu a entreguei ao contrário. A foto era horrorosa.

Como era uma clínica particular, eu sabia que o horário de visita não era tão restrito como em um hospital público. Público era uma metáfora porque aqui só se você não tiver plano de saúde, sequer é atendido.

Ela passou minha identidade numa espécie de scaner e em seguida me entregou. Junto a um crachá de visitante.

Ela procurou algo no computador.

- Quinto andar. Quarto 204. Tem 45 minutos. O próprio paciente pode pedir pra abrir o tempo de visita se tiver apto pra isso. Antes de entrar, por favor, higienize bem as mãos, é de praxe. - Ela informou. Eu assenti.

- Ele está bem mesmo, não é? Está muito machucado? - Perguntei a ela. Ela me lançou um olhar curioso e riu soprado.

- Você é o que dele?

- Hm... Amiga. - Evitei a mentira por hoje.

- Ele está bem. - Disse solicita. Eu assenti e sorri brevemente.

- Obrigado. - Agradeci antes de ir rumo a um dos elevadores.

Cliquei no botão do quinto andar e as portas se fecharam.

Eu estava nervosa, como se aborda alguem nessa situação?

Assim que, as portas do elevador se abriram e eu avistei o corredor branco da clínica, uma enfermeira entrou no mesmo, sai sentindo aquele cheiro forte de desinfetante no ar, e dei de cara com um homem de terno. Era um segurança enorme, e me lembrava Terry Crews. E minha mente estranha se perguntou se ele saberia cantar "A Thoussand Miles", como Latrell em As Branquelas.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora