f i f t y t w o - last chapter

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ANTES QUE O ÚLTIMO CAPÍTULO COMECE, QUERIA AVISAR QUE NÃO É O FIM, E QUE INÉRCIA GANHOU UM SPIN-OFF chamado "Ignorando as leis de Newton" (que já está completo no meu perfil) com a história do Jonathan antes da Ana, e detalhe, tem cenas bônus no fim, com alguns capítulos de Inércia, como quando ele e a Anabel se conheceram, no ponto de vista dele...

Agora, boa leitura!

Um ano e alguns meses depois...

ANABEL🌙

Caminhei a passos lentos até o banquinho na pracinha perto de casa, e me sentei, de cabeça baixa, pensando sobre a minha festa de formatura, que possivelmente estava acontecendo neste exato momento, enquanto eu estava de pantufas, meia, dentro de uma legging encorpada, uma camisa do meu ex namorado, e um casaco grosso de lã por cima. Um luxo.

Respirei fundo, triste, minha vida estava tão calma como sempre, e uma bagunça imensurável.

As mesmas coisas, as mesmas pessoas, as mesmas crises, a mesma faculdade, o mesmo trabalho no salão, os mesmos problemas com jurássico nas ruas do vilarejo. E claro, sem vida amorosa.

Não houve New York para mim.

Na verdade, eu tentei.

Eu corri contra o tempo, fui até o hotel arrastando minhas malas, mas Jonathan já tinha ido. Eu insisti.
Peguei um táxi, encarei uma viagem e ignorando meu receio, fui até o aeroporto de Seattle.

O vôo estava saindo.

Fui barrada no portão de embarque.

E eu fiquei ali. Sem rumo.

E porque não fui depois? Por que ao sair do aeroporto, recebi uma ligação de Trudy, me dizendo que minha tia, acabou indo parar no hospital por conta da pressão alta. E eu voltei pra Bothell pra ficar com ela. Se passaram dias, semanas, meses e eu me acovardei, por meu medo sem limites, imaginando que se algo acontecesse, eu não estaria ali. Assim como sentia saudades dele, chorava, lia nossas mensagens antigas, quando as crises vinham, tinha que me segurar pra não ligar pra ele, só pra ouvir sua voz, e o que ele deixou no pendrive foi lido umas mil vezes, e eu me embrenhava em meio aquilo tudo, dia após dia. Deprimente.

Jonathan e eu fomos ter contato depois do terceiro mês. Ele me ligou. Falamos por uma madrugada inteira.

Nunca sobre um nós.
Nunca sobre o que aconteceu.
Nunca sobre sentimentos.

Nós apenas falávamos amenidades, por vezes apenas ouviamos a respiração um do outro, por incontáveis minutos até um de nós desligar.

Era um acordo silencioso.

Essas ligações ocorrem vez ou outra, a mais de um ano, de madrugada. Sem nunca respeitar o fuso-horario um do outro. E eu ficava tão ansiosa por elas, que mal dormia.

Era apenas pra saber se estávamos bem. E não era bom. Eu me sentia como se fosse viciada em algum tipo de droga, onde eu estava em abstinência. E por conta de ter o mínimo contato, tinha inúmeras recaídas. Umas vinte vezes por dia.

Cogitei ir pra New York outras milhões de vezes e bater na porta dele, como uma louca. Até, eu ligar de madrugada a alguns meses atrás e uma garota atender, tão hesitante, que quase deixou claro que era uma "foda casual".

Mas doeu, doeu muito.

Óbvio que eu fiquei mal, bastante. E não o atendi pelas semanas seguintes, porque me senti traída. Mas me toquei que eu não tinha mais o direito, nós não tínhamos mais um relacionamento, infelizmente, esse era o banho de água fria que eu precisava.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora