Inércia

t w e n t y f i v e

ANABEL 🌙

Eu normalmente não viajaria com minha turma, mesmo que fosse para a inauguração de um bistrô de uma rede famosíssima e para podermos fazer uso de uma cozinha industrial. Mas eu, na semana seguinte, convencida por Jonathan (garanto, ele é insistente), resolvi fazer a viagem. Para ir ve-lo. Era maluquisse escapar da turma e voltar depois como se nada tivesse acontecido, mas normalmente ninguém me notava mesmo.

Então foi assim que resolvi entrar naquele ônibus, tendo sentado do meu lado uma garota que tinha um odor horrível nas axilas que me fez querer pular da janela, e viajar mais de três horas até Seattle.

Separei uma boa playlist e abri bem a janela para poder respirar, não seria fácil.

Deixei minha mente vagar, até sentir meu celular vibrar na minha mão, mensagem.

Zach:

Você vai continuar com raiva? Perdão Anabel, aquele dia eu estava fora de mim.

Respirei fundo. Depois do ocorrido com ele, o mesmo me procurou para pedir desculpas, que eu aceitei, só que, eu não estava com o mínimo de vontade de conversar com ele. Peguei uma espécie de resistência, uma sensação que me dizia pra manter distância.

Eu:

Ta tudo bem Zach, já falei, não estou com raiva.

Zach:

Mas você nem fala mais comigo.

Eu:

Não ando tendo tempo.

Zach:

É seu namorado que não gosta que você tenha amigos, é isso?

Eu:

Não é isso. Mas como te disse, está tudo muito corrido. Tenho muita coisa pra fazer.

Zach

Hm entendi. Quando puder chama.

Eu:

ok.

Disse por último. Espero que ele tenha entendido, na verdade, que eu não prezava a amizade dele. Não confiava nele.

Voltei a fechar meus olhos, e me recostei contra a poltrona, talvez eu conseguisse dormir um pouco. E eu devo ter o feito por uns vinte minutos, até os bagunceiros da turma começaram a cantar Sorry do Justin Bieber aos berros e se empoleirar nas poltronas e nas janelas quando entramos na cidade. Eu só queria silêncio e sossego pra poder cochilar. Consigo? Não consigo.

Quando chegamos, eu definitivamente fiquei aliviada.
Fomos todos rumo ao bistrô, o lugar ainda estava fechado, faltava pouco para as 11:00 am, quando o mesmo seria aberto para a inauguração. E nós adentramos pelos fundos. O mesmo era bastante chique, e o chefe nos mostrou o mesmo junto a nossa professora, que era cunhada do dono, quando entramos na cozinha do mesmo, eu fiquei encantada, era linda. E extremamente bem equipada, do tipo que eu, quando for uma chefe, queria, quem sabe um dia, poder usufruir.

Peguei meu celular e mandei uma mensagem pra Jonathan avisando que ja estava na cidade e ele me respondeu pouco depois. Ele tinha fisioterapia até as dez e pouca e eu achava desnecessário, eu estando perto, fazer ele andar e gastar com táxi, mas até então, eu ainda teria um tempo para ficar com a turma.

O endereço do bistrô era numa parte mais abastada, eu estava a apenas a algumas quadras do endereço que Jonathan me deu, mas se eu fosse com a turma conhecer a cozinha industrial, ficaria bem mais longe, porque era do outro lado da cidade, e eu não tinha todo esse tempo.