t h i r t y f o u r

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ANABEL 🌙

Tinhamos simplesmente atolado no meio do nada.

Jonathan pisou de novo no acelerador e aconteceu a mesma coisa, sujando tudo do lado de fora me irritando por saber que eu teria que lavar depois, ele pegou o celular e abriu a janela, usando a lanterna do mesmo para clarear o lugar para ele olhar, porquê estávamos no completo breu. Acendi a pequena luz no teto do carro, e abri a janela do carona fazendo o mesmo que ele, molhando minha cabeça com a chuva que caía. A roda dianteira estava literalmente presa e tomada no meio da lama densa.

- Vou tentar dar ré. - Murmurou, e o fez, porém não saímos do lugar. Presos.

- Viu o que você e sua brincadeirinha causaram? - Perguntei ranzinza. Estávamos literalmente perdidos, e não podíamos nem sair do carro sem nós mesmos afundarmos na lama.

- Se você tivesse sido sincera desde o início, não estariamos aqui. - Disse se encostando contra o banco, e olhando para o teto do carro. Era muito difícil lidar com isso, e não temer.

- O que você quer de mim? - Perguntei, vencida pelo cansaço. Eu não aguentava mais. Era muita pressão. E continuei. - Merda Jonathan, quer a verdade? Sim, ele me chantageou. - Confessei, farta daquilo tudo, e ele se virou para mim.

- Como foi?

- Ele... - Respirei fundo, e prossegui, olhando pra baixo. - Ele apareceu no estacionamento da faculdade, e pediu para que eu terminasse com você, eu disse não, porquê... Eu não queria mesmo terminar com você - Fiz uma pausa, minha voz estava embargada - Eu ia embora e ele disse pra mim não ir porque ele tinha cortado os freios do carro.

- O que? - Soltou surpreso. E levantei meu olhar para ele, antes de continuar. - Então ele... Ele... Citou a minha tia e disse que se eu não terminasse, bem, "acidentes acontecem". - Falei, me sentindo mal só de imaginar ele cumprindo a ameaça.

- E porque você não me contou? Era só enfrenta-lo, mostrar que mais pessoas sabiam da ameaça, ele não ia se sujar por um motivo como esse, ele tem coisas maiores pra se preocupar. - Disse, mas não era tão simples.

- Mas eu não podia te contar, ele deixou claro que você também pagaria se eu falasse.

- Anabel, ele não vai fazer nada contra mim. - Disse com a voz amena e confiante, me olhando nos olhos. Mas eu tinha receio que fizesse.

- Mas e se fizesse? Como acha que eu me sentiria se pudesse ter evitado? - Questionei pesarosa, e tremi com o estalo que se fez após a queda de um raio, ao longe.

- Você acha mesmo que ele vai encostar em mim? Ele precisa de alguém para mandar pra cadeia no lugar dele, e só me restou de canditado. - Disse, e isso não era fazer mal? Pra mim era péssimo.

- Você vai contar pra ele que sabe? Por favor não faz isso. Você pode estar, bem, se é que se pode dizer, protegido, por isso, mas ela não. - Falei deixando uma lágrima teimosa cair e a limpei em seguida.

- Não vai acontecer nada com ela. Nada. Eu sei o que vou fazer. - Disse tentando me passar segurança. - Confia em mim?

- Confio. - Respondi sem pestanejar. Eu confiava. - Promete que nada vai acontecer?

- Prometo. - Respondeu, me fitando, como se pudesse ler minha alma. A chuva forte já não era ouvida por mim, eu poderia simplesmente ficar ao lado dele, só pra ter certeza que não iria perde-lo de novo, foi uma longa semana. Realmente conto com um segredo um tanto fantasioso que nossa história seja uma comédia romântica, não como as da Jojo Moyes ou Nicholas Sparks, também tenho grande esperança que nada remeta a uma obra do John Green. Espero que seja só mais um clichê, onde tudo dá certo no final.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora