f o r t y o n e

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ANABEL 🌙

Acordei devagar, com a cabeça extremamente pesada, minha nuca doendo, sonolenta, tentei me virar na cama mas tinha um braço me prendendo, e um corpo colado ao meu. Jonathan. E então, abri meus olhos alarmada.

Vinho.

Chuva.

Caos total.

Defintivamente quero ser sugada pela terra. Que vergonha! Como eu pude falar aquelas coisas? Merda, como eu iria olhar pra cara dele? O que iria fazer? Senti o desespero me atingir de forma iminente, mas tentei me manter quieta para não acorda-lo e por mim ele podia dormir o dia todo, o mês inteiro.

Me encolhi inteira, apavorada, fechei meus olhos. NÃO ACREDITO QUE FALEI AQUELAS COISAS! Não era eu. Nunca mais irei chegar perto de vinho, ou qualquer coisa que contenha álcool na minha vida, acho que nem perfume eu uso mais.

Mas infelizmente depois de uns bons minutos torcendo para ser abduzida por aliens, ele se remexeu, retirou o braço da minha cintura, e o terror me tomou ao constatar que ele acordou.

- Anabel? - Chamou. O que eu iria fazer?

- Hm? - Resmunguei, estava tremendo sem perceber.

- Tudo bem?

- Uhum. Só um pouquinho de dor de cabeça. - Murmurei.

- Acho que depois de ontem é bem normal.

- O que? - Me fiz de desentendida. Tinha que funcionar.

- Não lembra? - Perguntou, deitando por cima de mim, colocando o peso sobre os cotovelos. - Você ficou um pouco bêbada ontem. - Completou.

- Pois é. - Falei entre-dentes. Constrangida.

- Mas pode ficar tranquila, não aconteceu nada demais. Só não beba de novo, aparentemente é intolerante a álcool. - Desconsiderou e eu assenti, o mesmo beijou minha bochecha. E um tremendo alívio me atingiu, ele não usou das vergonhas que eu fiz na noite anterior para rir de mim.

- Hm. - Soltei vacilante.

- Vou tentar conseguir algum remédio pra você. - Disse se deitando de novo do outro lado, se desvencilhando de mim.

- Obrigado. - Agradeci, me arrastei pra perto dele, e coloquei minha cabeça sobre seu peito e o abracei, prosseguindo - Digamos que, em uma situação hipotética, talvez eu esteja constrangida da vergonha que passei na noite anterior, e com certeza, preferia morrer ao ter que falar disso. - Soltei, sem o olhar.

- Tudo bem.

- Não, não está. Estou morrendo de vergonha.

- Você disse que não queria falar sobre isso.

- Mas... Eu... Merda, Jonathan, que vergonha. Como você me aguenta? - Perguntei, e tampei minha cabeça com a coberta. Na verdade eu queria muito ser um avestruz, só de lembrar dele tendo que me vestir e eu falando aquelas coisas eu me tremia inteira.

- Anabel? - Chamou rindo, e destampou minha cabeça, me olhando, meu cabelo com certeza estava um ninho de urubus e minhas bochechas em vários tons de escarlate.

O mesmo se desvencilhou de mim, e se sentou na cama.

- O que foi? - Perguntei me sentando também, ainda sem o encarar.

- Vem. - Chamou e me puxou pela cintura, para que eu me sentasse em seu colo, entre suas pernas, e o fiz, me encostei em seu peito sentindo ele passar os braços em torno de mim.

- Então vai fugir de mim o dia inteiro?

- Posso fugir a vida toda, a partir de agora? - Respondi com uma questão.

InérciaOnde histórias criam vida. Descubra agora