01. Psicólogo.

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Os adesivos em forma de arco-iris eram muitos.

A interior do carro era a verdadeira bandeira gay. O estofado colorido, os tapetes rosa pink, pedais coloridos e dezenas de adesivos de arco-íris.

O mais engraçado é: O exterior do carro é preto.

Nunca vou entender.

- Empolgada? - tio Adam pergunta, me observando com um lindo sorriso no rosto.

Concordo com a cabeça, sem sorrir.

Não fazia muito isso.

- Sua tio preparou frango de panela, para quando você voltasse. - assenti novamente. - Não fiquei triste, meu amor. É para o seu bem.

Pus meus fones de ouvido, é raro ouvir música, mas ninguém sabe, então não falam comigo achando que realmente estou ouvindo.

Chegamos no consultório do doutor Parker. Sua secretária sorri para o meu tio, quase como um flerte.

Sinto pena dela, o loiro a sua frente é gay.

- Amber Price?

- Sim, primeira consulta. - meu tio informa, como se ela já não soubesse.

Avalio o lugar, enquanto ele conversa com ela.

As cores são neutras, algumas revistas em cima de uma mesa de madeira, quadros com frases de auto ajuda nas paredes.

Típico.

Uma coisa que nenhum psicólogo deve saber, é que frases de auto ajuda não servem para uma pessoa com depressão, não mesmo.

Se eu ler: "Você é especial", não vou me sentir especial. Milhares de pessoas já leram aquilo, antes de mim. Não é uma simples frase que vai mudar oque eu acho de mim mesma. Eu sou uma droga, já aceitei isso.

- Doutor Parker está te esperando, querida. - a secretária é simpática, provavelmente para ganhar pontos com meu tio.

Aposto dez dólares que quando eu voltar, eles vão estar conversando sobre moda.

Caminho até a porta cinza, com o nome do doutor em cobre nela.

Entro sem bater.

Um homem alto, moreno, de olhos verdes, me encara de forma amigável.

- Amber Price. - ele diz, apenas me sento na cadeira perto da janela, vendo o céu nublado. - Tudo bem?

Sim, está tudo ridiculamente bem. Eu só estou aqui para gastar dinheiro atoa.

- Não. - respondo, sem encarar ele de volta.

- Por que não está bem?

- Vai chover, eu gosto quando o tempo está nublado, não quando chove. - olho para ele agora. - Você gosta de chuva, senhor Parker?

- Não muito. Sinceramente o tempo mais caloroso é melhor, na minha opinião.

- Seu ar condicionado está ligado, a muito tempo, presumo, se estivesse ligado só para consulta estaria em uma temperatura mais agradável aqui, não esse frio artificial. Você gosta do frio artificial, não do frio natural.

Ele apenas concorda. Gosto disso.

- Você gosta de reparar nas pessoas. Seus tios acham que você não está bem por não socializar, mas na verdade, você tem medo de ser assim com outras pessoas da sua idade, não quer ficar excluída por reparar em coisas que os outros deixam passar despercebido.

Silêncio.

- Gosto muito do frio artificial, é mais fácil de controlar. Não acha?

- Sim. - volto a observar o céu.

Remember, I Love YouOnde histórias criam vida. Descubra agora