T R Ê S (REVISADO)

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A melhor coisa nessa casa com toda certeza é esse banco que tem embaixo das árvores com vista para piscina. É um bom lugar para sentar e espairecer quando estou de cabeça cheia.

Não vai ser um ano fácil com todos os problemas rondando em minha volta, depois da morte da mamãe tudo virou de cabeça para baixo fui obrigada a vir morar com meu pai. Não tive a opção de arrumar um apartamento para ficar aqui em Portland.

O juiz disse que acha melhor eu ficar sob a supervisão de um adulto responsável, que no caso, sobrou só meu pai. A parte do responsável não é tão verdadeira, ele passou quase a minha vida inteira sem dar sinal de vida, ir me ver ou dar notícias, mamãe e vovó me criaram com dificuldades, mas nunca faltou amor naquela casa.

— Oi, filha – papai diz, sentando ao meu lado. Nós somos um pouco parecidos a pele morena, os olhos castanhos e o cabelo escuro são iguais, o resto puxei pela mamãe. — Como está a faculdade?

— Nada demais, por enquanto não tive nenhuma aula que eu goste mesmo – respondo com o olhar fixo na piscina.

— E, como você está? – ele pergunta, esfregando as mãos nas pernas.

— Bem... – suspiro. — O que você quer pai? Diga de uma vez e não fique me enrolando – olho para ele.

— Quero me desculpar por ter ficado todos esses anos ausente, eu deveria ter participado mais da sua vida, mas agora que estamos juntos, prometo dar o meu melhor – ele sorri, calmamente e me olha com um olhar de arrependimento.

— Sabe pai, eu nunca entendi o motivo de você nunca aparecer nem para dar um simples oi ou brincar comigo, você simplesmente sumiu, depois de um tempo ligou dizendo que tinha uma família nova – faço uma pausa e olho nos seus olhos. — Uma filha nova, mais velha que eu porque você traía a mamãe, Brooke foi mais presente que você em todos esses anos, ela estava do meu lado quando eu precisava. Você não precisaria pedir desculpas, se fosse ter sido mais presente, talvez algum dia a gente tenha uma relação de pai e filha – digo calmamente, sem levantar o tom de voz. — Mas esse dia, não vai chegar tão cedo.

Me levanto, antes que ele possa falar algo e vou para meu quarto. Sento em minha cama, enquanto abro meu caderno de desenhos da faculdade, fazer design de moda é muito mais do que apenas desenhar algumas roupas.

É colocar o seu tipo de moda nas roupas, quando não tenho nada para fazer, desenho alguns modelitos, as vezes ficam horríveis mas quando eu acerto, eles ficam espetaculares. Hoje, estou desenhando um vestido estilo sereia com o corpete bem ajustado na cintura, quando chega nos joelhos a saia se abre, mas é sútil, nada extravagante.

Na hora de pintar, escolho um tom de azul escuro e para finalizar, pego uma caneta prata e faço alguns detalhes para parecer que o vestido está brilhando, geralmente, brilho sempre dá um destaque. Estou terminando os últimos detalhes do vestido, quando escuto uma batida na porta.

— Não tem ninguém – digo.

— Sério? É um fantasma falando? – Brooke entra no quarto, se senta ao meu lado na cama e observa o que eu estou fazendo. — Isso está simplesmente incrível, Scar – ela diz, fascinada olhando para o esboço do vestido.

— Obrigada, eu acho, é apenas um esboço.

— Continua estando incrível, você tem talento, maninha - ela diz, sorrindo.

— Mais ou menos – digo, revirando os olhos.

— Então, Scar... – ela diz, me olhando com um olhar malicioso.

— Então o que?

— O que está rolando entre você e o Aiken? – ela pergunta e eu dou risada. — Por que está rindo?

Honey, We're broken (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora