Elle(Rodada 1)

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Elle(Rodada 1)

Em meio à parte leste das Terras dos Homens ficava a Floresta das Fadas. Um lugar intocado por mãos humanas e habitado pelas próprias fadas que, acerca de 1000 anos atrás, quase foram extintas.

- Dessa vez me ausentarei por muito tempo irmãs – disse Elle em um tom de despedida. Sua visão captava várias das fadas paradas à sua frente, todas feitas de pura madeira e folhas; e assustadoramente belas. Atrás delas encontravam-se grandes paredões de pedra com pinturas rupestres. Pareciam contar alguma história, mas ninguém além das fadas era capaz de compreendê-las.

Uma das fadas se aproximou e assentiu com a cabeça. Elle virou-se e partiu. Durante seus primeiro passos, fez a última checagem do que carregava: uma bolsa de alquimia, uma troca de roupa e uma sacola de moedas.

Viajou durante 4 dias até chegar em Sarren, na parte nordeste das Terras. Devido ao seu grande contato da natureza e por fazer parte dela recebeu todos os cuidados de que precisava; como uma mãe que não mede esforços para ajudar o bom filho.

No primeiro dia, quando sentiu fome, uma macieira parecia ter se inclinado mais para perto da meia-fada, como se tivesse ofertando seu próprio fruto para ajudar uma irmã. Na segunda noite, quando o frio decidiu explorar o céu sem estrelas, arbustos de médio-porte se abriram revelando uma estreita passagem até uma toca na base da colina. Lá dentro, encontrou uma alcatéia de lobos que, de bom grado, se propuseram a deitarem juntos com Elle para aquecê-la. Na manhã do terceiro dia, caminhava calmamente admirando a natureza ao seu redor quando de repente um galho bateu em seu abdômen e jogou-a para trás. Confusa, notou que o galho a salvara, pois esteve a centímetros de pisar em um espinho de Rosa-venenosa. Minha família sempre me protegerá quando eu precisar – pensou ela.

Com toda a facilidade que podia, chegou a Sarren sem problemas. Procurou uma boa hospedaria, banhou-se, comeu uma torta de maçã e deixou-se relaxar, saboreando a digestão. Tudo havia sido pago com a bolsa de moedas que carregava e que estava confortavelmente farta. Foram anos trabalhando como caçadora de recompensas e agora colhia seus merecidos frutos.

Com seus conhecimentos, sabia que ao cair da noite a melhor parte da cidade (para ela) vivia; ladrões, fugitivos, mercenários, jogadores de cartas, e o que quer que combinasse com eles. Era algo sujo, mas perigosamente excitante.

Quando o céu tornou-se uma mistura de laranja, roxo e azul, saiu da taberna. A sua frente estava a gloriosa cidade de Sarren com o mar de construções que iam tão longe quanto a visão era capaz de alcançar. A maior e mais rica cidade das Terras dos Homens havia crescido ao redor de minas de metais preciosos. A população em geral era gorda, e adoravam ostentar jóias e cavalos magníficos.

Elle deu mais uma boa olhada em seu pedaço de pergaminho. Fazia dias que pensava no significado das palavras.

"... Eu, Kaiko, deixo aqui gravado o meu desejo. Que alguém encontre minha antiga coroa, e lidere as Terras como achar melhor. Como todos que me conheceram sabem, nunca acreditei em "bem" e "mal", mas acredito que fazemos o que temos que fazer, influenciados por nossas histórias, motivações e desejos; então boa sorte!..."

"...É impressionante como riquezas fartas e vida fácil criam seres fracos, não? É de se supor que uma mente desenvolvida seja capaz de vencer uma batalha entre exércitos? Melhor dizendo, o que será que se esconde embaixo de nossos pés? Em grandes salões cobertos de ouro reina o poder, mas, assim sendo, o Poderoso cercado de ouro se esquece daquilo que tem mais valor, mesmo que esteja embaixo de seu próprio nariz. O cheiro da rosa é forte, e o seu desabrochar traz grandes maravilhas..."

Quando a noite estrelada caiu sobre aquela parte do mundo, a meia-fada pôs-se em ação. Graças a arquitetura ornamentada e bem detalhada de Sarren, conseguiu escalar uma das casas. Enquanto subia, em um momento, acabou errando a passada e foi amparada por uma ventania forte que soprou de repente e a ajudou a recobrar o equilíbrio. Decidira seguir seu caminho pelos telhados, onde era capaz de avistar todos, mas nem todos conseguiam lhe ver.

Livro-jogo: A busca pela coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora