Selon(Rodada 4)

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Mais que porra! – pensava Selon. – Tenho vários homicídios para cometer, vilas para queimar, uma coroa para pegar, e ao invés disso tenho que sentir o cheiro de bunda suja de prisioneiros.

Selon estava em um pequeno ambiente quadrático com barras de metal em seu front. Três guardas faziam ronda constantemente indo de um lado para outro com suas armas. Naquele curto espaço, outros 5 prisioneiros jaziam deploráveis e melancólicos; desistentes da boa vida, de fato.

- Ei vocês! – Disse Selon para seus companheiros de cela. A luminosidade das chamas dos archotes acentuava suas linhas firmes e o queixo quadrado. – Já estamos presos aqui faz 2 dias. Precisamos pensar em um jeito de fugir. – Dizia ele. Sim HAHAHA. Eles causam confusão e matam os guardas. Nós parte atrás da coroa. Sim. A sensação úmida do sangue nas minhas roupas vai ser maravilhosa. HAHAHAHA – falava com sua própria loucura.

- Cale a boca seu humano idiota – retrucou um elfo prisioneiro. Na realidade, todos eles eram. – Já imaginou por que estamos aqui? Por que estão nos mantendo vivos já faz dois dias?

Selon não disse palavra. Contentou-se em não mudar a teatral expressão de intimidação, porém não efetiva.

- Nós somos sa-cri-fí-ci-os. Ta vendo aquele corredor com tochas, com uma abrupta curva no final? É para lá que vão nos levar, para que sejamos devorados pelos Espíritos do Subterrâneo. – A tristeza do elfo e seu medo da angustiante morte havia lhe dado a maior das coragens. Se seu destino era padecer diante de criaturas ferozes como aquela, o que um humano inútil representava para ele? Nada.

- Não te perguntei nada seu puto! – Disse Selon, atraindo os olhares raivosos de todos na cela.

Nesse momento o som de uma porta de ferro pesada se abrindo interrompeu a conversa que já quase evoluía para seres raivosos se atracando. Um elfo eufórico correu através de degraus de madeira que davam para a superfície e começou a desferir ordens aos guardas:

- Parem com as oferendas! – Ordenou o que chegara. Todos lhe deram a maior das atenções. – Os Exilados chegaram e a batalha começou. Devido a chance de perdermos, Ghilb ordenou que os Espíritos do Subterrâneo não fossem alimentados.

- Se fizermos isso eles vão ficar irritados e eu não quero ver uma coisa daquelas com raiva – protestou um dos 4 guardas que faziam ronda. Estava fora de forma e tinha olhos verdes.

- Eu sei, mas eles são nossa última esperança.

- Como assim? – perguntou Olhos Verdes. – Eles são uma ameaça, os alimentamos há séculos para que não saiam pelo mundo destruindo tudo.

- A coroa porra! – Continuou o elfo de armadura. – Não da mais para fingir que não sabemos de nada. Sabe por que ninguém pegou a coroa ainda? – fez alguns segundos de silêncio. – Porque para chegar até ela precisa passar pelos Espíritos e nem mesmo o rei Ghilb escoltado por um exército ousa entrar ai.

- Então como eles podem ser nossa salvação? – Interrompeu Olhos Verdes.

- Seu gordo filho da puta! – Explodiu o elfo de armadura. – Lá em cima temos Exilados, Elfos, escravos e os Celestiais que ainda estão para chegar. Enquanto a cidade pega fogo, civis estão morrendo, os prédios caem e nossas elfas são estupradas por seres que dão 3 vezes o seu tamanho. O fim da Cidade dos Elfos está por um fio e nós precisamos proteger a porra da coroa. – Chegou perto do guarda gordo e segurou-o pela gola da cota de malha. – Sabe o que vai acontecer se nós perdermos a guerra? Vamos derrubar esta maldita cidade e todos que estiverem em cima dela.

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