Draco(Rodada 1)

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Draco(Rodada 1)

- Papai. Eu estou com medo – disse a voz inocente de uma menininha meiga. Tinha seus 7 anos, cabelos louros e olhos verdes; segurava consigo um ursinho de pelúcia e vestia um roupão branco de dormir. – Que barulho foi esse papai? Por que estão batendo na porta? – Atrás da menina uma janela quadrada ardia em chamas enquanto gritos de guerra pareciam vir do lado de fora. – Eu estou com medo.

Draco estava sentado com as costas apoiadas em uma parede de madeira. Olhando ao redor, via a sala de sua antiga casa; lá dentro o mundo estava escuro, triste, e negro. O caçador esticava sua mão esquerda em direção a menina, tentando agarrá-la, mas nada conseguia. Sua voz havia ficado presa na garganta e suas pernas se recusavam a moverem-se.

- Nós te amamos querido – disse uma mulher alta, loura, de olhos verdes e com rosto fino; era bela e havia surgido das sombras e caminhado até a menina, envolvendo-a em seus braços. Também vestia um roupão branco de dormir e uma tiara de flores. Sua expressão era tranquila, mas Draco conseguia enxergar através de seus olhos trêmulos, conseguia sentir as batidas fortes e rápidas de seu coração, e até os ouvia dentro de si.

- Nós vamos embora mamãe? – perguntou a menininha meiga, com alguns dentes faltando naquele belo sorriso.

Ao lado da janela, uma porta de madeira com duas trancas de ferro na horizontal pareciam se mover. Bac Bac Bac, o som era intimidador. O s trincos de ferro ameaçavam abrir. Lágrimas escorriam dos olhos do caçador enquanto sua boca abria-se mudamente; forçava suas mãos em direção as mulheres de sua vida, mas não conseguia se aproximar delas.

Eis que a porta abrira e criaturas de pura sombra entraram na casa. Seguravam espadas e machados, e todos tinham sorrisos sinistros e olhos brancos. Eram criaturas indistinguíveis, completamente escondidas por sombras exceto os dentes amarelados.

Uma dessas criaturas se aproximou de Draco e aproximou o rosto. Atrás dela, seus companheiros agarravam a menina e a mulher e as atiravam ao chão enquanto suas roupas eram rasgadas.

- Não se preocupe – disse a voz sinistra da criatura à frente. Tinha um sorrio malicioso e amarelado estampado. – Nós cuidaremos bem delas.

Draco acordou. Estava ofegante e em sua testa escorria gotas de suor; pensando bem, todo o seu corpo suava. A mão direita segurava firme o arco caído ao seu lado. Foi um pesadelo – pensou. A visão sempre o atormentava durante as noites, sempre; e para sempre o atormentaria.

Estava sentado, com as costas apoiadas em uma macieira e com a grama curta ao seu redor. De onde estava, no topo de uma colina, conseguia ver à sua esquerda a grandiosa Cidade dos Elfos. Levantou-se ainda abatido e caminhou devagar. Um, dois, três passos, e já estava à beira de um pequeno riacho que brilhava com a luz do sol da manhã.

Formou uma concha com as duas mãos e deixou que a água gelada lavasse sua alma, seu rosto, e o alivia-se um pouco da dor. Pegou um pedaço de pergaminho em seu bolso esquerdo e o lera.

"... Eu, Kaiko, deixo aqui gravado o meu desejo. Que alguém encontre minha antiga coroa, e lidere as Terras como achar melhor. Como todos que me conheceram sabem, nunca acreditei em "bem" e "mal", mas acredito que fazemos o que temos que fazer, influenciados por nossas histórias, motivações e desejos; então boa sorte!..."

"...É impressionante como riquezas fartas e vida fácil criam seres fracos, não? É de se supor que uma mente desenvolvida seja capaz de vencer uma batalha entre exércitos? Melhor dizendo, o que será que se esconde embaixo de nossos pés? Em grandes salões cobertos de ouro reina o poder, mas, assim sendo, o Poderoso cercado de ouro se esquece daquilo que tem mais valor, mesmo que esteja embaixo de seu próprio nariz. O cheiro da rosa é forte, e o seu desabrochar traz grandes maravilhas..."

Livro-jogo: A busca pela coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora