Selon(Rodada 3)

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     Fazia dias que o bobo andava pela cidade. Em cada noite batia numa porta diferente, era convidado a entrar, ficar, partilhar refeições e ainda ganhava presentes: roupas caras, jóias, livros importantes.

Não da para condenar os elfos, só queriam agradar o que pensavam ser o filho perdido do rei com uma humana, um lendário caçador que está em uma jornada para salvar milhares de vidas ou até mesmo um deus que se disfarçava entre os mortais para observá-los.

Numa manhã aprontou-se com grossas roupas de pele, comeu uma boa refeição e partiu, como de costume.

- Meus filhos, quando o fim do mundo chegar eu virei buscá-los pela ajuda que me deram – foram as palavras de despedida.

Certa vez Selon abrigou-se na casa de um soldado, que por sua vez lhe dera todas as informações que tinha sobre os Exilados e a guerra que se aproximava.

Agora, utilizando-se desse conhecimento, o bobo decidira ir até a praça próxima ao palácio. O sol brilhava forte e uma brisa agradável refrescava os elfos em seus trabalhos obrigatórios.

O pátio era formado por blocos de pedra com o chafariz de uma sereia em seu centro. O bobo, bem vestido e imponente, subira o mais alto que pôde e começou a discursar:

- Meus caros elfos. Não sou um louco que grita para o vento, sou um humano que veio de muito longe apenas para alertá-los. O rei Ghilb e seus capitães estão escondendo a verdade de vocês. Os Exilados se aproximam com um exército de 5 mil seres e chegarão dentro de poucos dias para matar todos vocês.

Uma aglomeração de elfos se iniciou. Ainda estavam perplexos, mas aos poucos compreendiam a situação.

- Eu lhes digo o que devemos fazer: devemos exigir uma resposta. Saber porque nos julgam inferiores. Eles nos deixam desavisados para que morramos como animais, berrando e em desespero. Mas eu digo a vocês que tenho a solução. Me chamo Selon. Já liderei muitos exércitos e me envolvi em muitas batalhas, posso salvá-los.

Alguns guardas observaram a aglomeração aumentar e os elfos ficarem cada vez mais inquietos. Seguiram em direção a Selon, para detê-lo.

- Escutem-me. Vocês só têm essa chance para sobreviverem. O povo precisa se armar para sobreviver. – Começou a andar em meio a multidão para fugir dos guardas. – Vamos. Vamos a guerra!!!!

Os gritos de Selon foram acompanhados pelos que ouviam e logo a multidão passou a afastar os guardas e a marchar em direção ao palácio. Alguns dos que se uniam ao mar de elfos pelo caminho portavam facas, lanças, porretes, ou qualquer outro objeto que servisse como arma.

Idiotas. Vão todos morrer. Só preciso do exército, sim, para conseguir minha vingança, para conseguir a coroa HAHAHAHA – pensa Selon.

No caminho aqueles que observavam se juntavam aos gritos e, dentro de poucos minutos, uma confusão se iniciou. 30 guardas estavam à entrada do jardim na esperança de conter a população. Logo palavras ofensivas e empurrões começaram a fazer parte do cenário e Selon erguia seu peito, confiante, liderando a rebelião.

- Deixe-me passar! – gritou aos guardas.

Eis que um estrondo fora ouvido e um cavalo se aproximava ao longe. Ghilb, o rei, vinha através da passagem do jardim. Os ânimos se acalmaram enquanto ele falava:

- Quem é o responsável por isso? Fui informado de que todos aqui querem lutar, certo? Provem a coragem de vocês além dos gritos – fez um gesto para os guardas. – Abram passagem. Aqueles que quiserem lutar deverão vir até mim.

Segundos de um silêncio assustador cobriu a confusão. Ninguém ousara se aproximar. De repente o som de passos fora ouvido e Selon se apresentou ao rei.

- Eu tenho vasta experiência em batalhas. Conheço estratégias de defesa e sei como nos defender dos Exilados e tudo que peço é uma chance de comandar vosso exército – ajoelhou-se em reverência.

Sim. Ele vai aceitar HAHAHAHA Selon vai ser poderoso e matar todo mundo. Ele é burro. O povo é burro. – Pensava Selon.

Quando seus olhos voltaram-se para o rei pôde ver as mãos do elfo se movimentarem. Sentiu uma forte pancada na lateral da cabeça e caiu.

Droga, eu vou matar ele. Vou matar todos eles. – Pensava enquanto sua visão escurecia.

- Fechem os portões! – foram as últimas palavras do rei. – Estou farto de humanos idiotas vindo até mim querendo tomar meus exércitos. Levem este para o calabouço e o dêem para os Espíritos do Subsolo.

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