Elle(Rodada 4)

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     Elle tinha o coração acelerado e a respiração pesada quando entraram no salão. Segurava as mãos de Coriane e se perguntava o que fariam dali em diante? Como encontrariam a passagem?

Ao passarem pelo portão do palácio, Coriane e Elle se depararam com uma terceira mulher que vagava pelo lugar e parecia estar procurando algo.

- Quem são vocês? – Indagou a mulher desconhecida.

- Não se meta em assuntos que não lhe dizem respeito – retrucou Elle.

- Como é? Sou a representante dos Celestiais e exijo respeito.

- Pode enfiar esse respeito atrás de você, o mais fundo possível sua babaca – continuou a meia-fada.

- Chega. Nenhuma coroa vale aguentar isso! – Disse a mulher desconhecida, enquanto uma fina neblina azulada e fria começava a sair das palmas de suas mãos.

- Você também está atrás da coroa? – Indagou Coriane. – Como se chama?

- Sou Ophelia.

- Porra, então por isso você estava vasculhando o salão – afirmou Elle.

- Ghilb fica o dia inteiro fora do palácio se preparando para a guerra. Seus intendentes e generais sempre o acompanham então por consequência o palácio acaba ficando vazio, com a exceção de alguns poucos criados fáceis de enganar e que não são nem um pouco curiosos.

- Vocês também estão procurando a coroa não é? – Perguntou Ophelia. – Venham. Aqui não é o lugar adequado para falarmos sobre isso. Vamos até os meus aposentos.

As três foram até o quarto de Ophelia. A meia-fada e a Criada por Elfos se sentaram sobre a cama enquanto a maga fechava a porta e puxava uma cadeira simples de madeira para junto delas.

- Serei honesta se vocês também forem – começou a maga. As duas menearam a cabeça em concordância. – A verdade é que estou atolada numa situação perigosa. Tenho Celestiais no meu encalço e alguns acreditam que sou representante deles. Eles me rastreiam através dessa coleira de merda que carrego. Preciso da coroa para conseguir lutar contra eles – mentiu.

- E por que eles estão atrás de você? – Perguntou Coriane.

- Eu fiz uma bagunça na cidade deles. Não sabia que não gostavam de forasteiros e acabei perdendo o controle da situação e destruindo um prédio importante por lá. E agora estou aqui.

- Você usou da coleira para dizer que era representante dos Celestiais e ganhar acesso livre ao palácio quando na realidade é prisioneira deles?

- Isso. E um Pégaso roubado também pode ser muito convincente – mentiu Ophelia novamente. – Agora é a vez de vocês.

- Vida difícil, preciso encontrar minha irmã e obedecer ordens – resumiu Elle.

- Vida difícil, vingança e controle sobre os elfos – resumiu Coriane.

Ophelia as encarou por alguns segundos, em silêncio. – Foda-se. Minha proposta é a seguinte: vocês ficam aqui enquanto eu uso da minha liberdade para procurar a passagem. Estima-se que os Exilados cheguem dentro de dois dias, deve ser tempo suficiente para mantê-las escondidas enquanto eu encontro a passagem.

Tanto Elle quanto Coriane aceitaram a oferta.

- Mas por que quer nos ajudar? – Indagou Elle.

- Estamos atrás do objeto mais procurado do mundo atualmente. Tenho certeza que nós três juntas somos mais fortes do que separadas. – Claro que Ophelia não revelara sua verdadeira intenção. Depois de matar Draco, já teria mais dois alvos próximos e com a guarda baixa; seria a oportunidade perfeita para pagar sua dívida com os Celestiais.

*

Dois dias se passaram e a rotina seguiu como o esperado. Ophelia alegou aos criados que tinha muito apetite e, portanto, deveriam levar mais comida para ela. Vez ou outra o rei a chamava para conversar sobre como os Celestiais viriam e como seria a ajuda, e a maga se saia muito bem em suas mentiras. Sempre que podia caminhava pelos salões e salas menores a procura de boatos ou pistas.

Na madrugada do dia da guerra, enquanto vasculhava os salões, surpreendentemente deparou-se com uma passagem aberta no chão da sala do rei. Examinou-a por alguns minutos e notou pelos cinzas que pareciam ser de lobos no mecanismo de abertura. As catracas também pareciam ter sido danificadas por golpes poderosos.

Correu até seu quarto e convocou Elle e Coriane.

- Antes de irmos eu quero fazer uma coisa – disse Coriane. Aproximou-se de Ophelia, deu uma boa olhada na abertura da coleira, pegou seu pincel e começou a desenhar no próprio chão. – Você estará em divida comigo depois disso – dizia ela enquanto desenhava. – As chaves são feitas de mecanismos diferentes, mas se eu conseguir a inclinação e os padrões adequados posso criar uma chave mestra que se encaixe em qualquer mecanismo de mesmo formato. – Seu desenho começou a brilhar e uma chave feita de algum material negro aparecera. Aproximou-se de Ophelia e lhe abriu a coleira. A maga pegou o objeto e congelou-o para garantir que não funcionasse nunca mais.

Elle e Ophelia ficaram alguns segundo encarando Coriane, perplexas.

- "Criada por Elfos", lembra? – veio a fala irônica da bela mulher de olhos claros.

Elle não revelara seus pensamentos, mas aquela demonstração de habilidade por parte de sua companheira lhe dizia alguma coisa. Dizia que ela também tinha seus truques e segredos e que talvez fosse mais perigosa do que aparentava. Olhou de relance para Ophelia. Claramente ela estava mentindo. Tinha muito mais coisa por trás daquelas rasas histórias, mas era inegável que juntas estariam mais fortes.

*

Logo, as três desceram pela caverna negra e umedecida, com escadas esculpidas que desciam metros e metros até encontrarem 6 entradas diferentes. Pegaram uma das tochas na parede e seguiram os caminhos aleatórios que seus instintos ordenavam.

Em meio a horas de caminhada e um cansaço intenso, ouviram gritos e passos vindos de vários lugares impossíveis de se identificar. Alguns pareciam vir do outro lado das paredes rochosas e quebradiças. Os rastros de sangue entregavam a existência do perigo, e seus corações estavam acelerados e quase saltavam pela boca.

- Pelos cinza você disse? – Indagou Coriane. Só pode ter sido o Hôlo que me atacou dias atrás, quando Elle me encontrou ferida.

Em uma curva à esquerda, eis que sugira da escuridão criaturas diferentes que também seguravam tochas: Um Íncubo, um Raki e um humano.

*

Nas Terras do Céu os Celestiais se mobilizavam. Sua autoridade havia sido desafiada por seres que estavam em busca da coroa; e que já haviam encontrado a passagem. Não lhe restavam outra opção: deveriam se juntar a guerra que estava eclodindo na Cidade dos Elfos.

Livro-jogo: A busca pela coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora