Zétiro(Rodada 3)

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     Após atravessar a mesma passagem que Draco, com uma cautela exagerada para não ser notado, Zétiro deparou-se com as 6 entradas ao redor da clareira. Decidira pegar a segunda passagem à direita e, depois, à esquerda. Já havia perdido o caçador de vista enquanto seguia pela caverna, então agora só poderia contar com a sorte.

Dessa vez enquanto caminhava avistou uma fina luz amarelada que passava pela rachadura de uma das paredes. Mesmo sem enxergar, tateou ao seu redor até encontrar protuberâncias capazes de suportar seu peso e escalar. Lá em cima espreitou um dos olhos pela rachadura e observou Draco, parado em meio a um círculo de terra batida rodeado por passagens.

Ao fundo os sons de passos se iniciaram como se fossem tambores de guerra que chegavam cada vez mais próximos.

Me mate! Eles estão vindo! Vamos todos morrer! Me mate por favor! – gritava uma voz. Era um elfo de olhos e cabelos negros que parecia assustado e vinha pelo único corredor iluminado dentre aqueles ao redor.

O Íncubo analisou tudo. Pensou que Draco fosse acertar uma flecha no peito do elfo, mas o homem recuou a arma.

Quem está vindo? – Indagou Draco.

Os Espíritos Subterrâneos! – Berrou o elfo.

Zétiro já ouvira falar neles em histórias contadas por crianças da pequena vila que crescera. Dizem que surgiram durante o reinado de Kaiko e que seus rostos eram tristes. Vidas deixadas para traz tanto pelo outro mundo quanto pelo mundo dos vivos. Há quem diga que o Rei Antigo torturou tanto seus antigos inimigos de guerra que, após sua morte, as almas desses inimigos pediram para retornaram aos seus ossos no mundo dos vivos, o mais longe possível de seu torturador. E assim ficariam presos na eterna prisão subterrânea até seus ossos virarem pó. Esse conto era usado para colocar medo nas crianças levadas.

Há mais alguma coisa – pensou Zétiro, tentava relembrar a história por completo. É sabido que os elfos ajudaram o Rei Antigo em seu domínio. Que construíram uma prisão em baixo de um quartel onde faziam o que achassem melhor com os inimigos de guerra. Em algumas histórias diziam que os prisioneiros eram jogados em labirintos escuros para apodrecerem e que muitos viravam canibais para conseguirem sobreviver – pensava Zétiro, enquanto assistia Draco e o elfo. E se o quartel cresceu e deu início a Cidade dos Elfos? Antes do rei Kaiko eles eram um povo fraco e que sofria constantes invasões dos seres das Terras Selvagens.

Os barulhos dos passos ecoaram com mais força. Zétiro descera de onde estava e armou-se com a espada de sua família. Esta passou a brilhar em meio a escuridão e pequenas explosões ocorreram em seu corpo. Primo nos antebraços, onde chamas deram lugar a uma braçadeira reluzente de pura prata; depois o bíceps e os ombros, e assim por diante até seu corpo inteiro ficar coberto. Um elmo com uma fina linha no visor havia restado e, em segundos, ele correu em direção a parede; derrubando-a.

Draco armou o arco e os sons dos passos continuaram se aproximando cada vez mais.

- Temos problemas maiores – afirmou o caçador. – Tem alguma coisa vindo. Não te conheço, mas não quero morrer aqui.

- Vamos morrer! – Continuou berrando o elfo. Estava ajoelhado e as mãos limpavam as lágrimas que escorriam do rosto constantemente.

- Cala a boc... – a voz de caçador foi interrompida por uma criatura estranha que surgira da escuridão. Tinha seus 2 metros de altura, um manto negro que cobria o rosto, mãos e pernas em uma mistura de ossos, músculos, veias e carne podre.

- Eles chegaram – disse o elfo em sussurro para si mesmo.

A criatura saltou com uma velocidade assustadora sobre o elfo enquanto este começava a gritar. Draco, intrigando, conseguiu acertar com o arco a cabeça da criatura, mas foi como se nada tivesse acontecido. Com o impacto o manto rasgado que cobria o rosto do Espírito se soltou e revelou seu rosto. Dentes de ossos pontiagudos, um buraco oco no lugar dos olhos e partes com carne podre se espalhavam pelo rosto e pelo pescoço.

Draco nunca vira nada parecido e não conseguia reagir. Suas pernas tremeram e seu corpo se paralisou enquanto a mente vagava por lugares distantes.

Outro espírito saltara da escuridão e caíra sobre o caçador.

Enquanto a criatura berrava e seus dentes se aproximavam de Draco, o mundo ao redor enegrecia.

Observando o corpo do caçador ser dilacerado por dentes ossudos, Zétiro aproveitara o momento para fugir antes que muitos mais aparecessem. Sozinho, talvez pudesse lidar com um, mas e contra dois? E contra vários?

Correu o mais rápido que pôde e sem olhar para trás, sumindo na escuridão dos corredores.

Livro-jogo: A busca pela coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora