Knut(Rodada 2)

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Knut(Rodada 2)

Tic Tic Tic Tic Tic – o som de uma ponta fina de metal chocando-se a rocha podia ser ouvido. Aos poucos, outros sons foram se juntando em um grande coro.

- Acorde! – escutou-se uma voz agressiva.

Knut sentiu uma dor forte em suas costelas e arquejou. Suas mãos pressionaram o local onde doía e aos poucos uma luz bruxuleante tornou-se viva em paredes negras.

- Acorde! – Veio a dor novamente.

Conforme seus olhos se acostumavam com a pouca luminosidade, Knut observara dois guardas ao seu redor, acertando-lhe pontapés.

- Gusla maldito! – Sentiu outro golpe. Dessa vez a dor veio na cabeça.

Juntando as poucas forças que tinha, Knut pôs-se de pé com dificuldade; lembrava um bêbado. De repente sentiu todo o seu corpo doer e sangue seco se espalhava em algumas partes do seu corpo junto a ferimentos que começavam a cicatrizar.

- Trabalhe – disse um orc, entregando uma picareta ao jovem Gusla.

Foi fácil entender o que estava acontecendo. Foi levado por aqueles trolls e agora seria forçado a trabalhar.

Pegou a picareta e sentiu seus braços mais pesados. Só então percebeu que seus pulsos estavam presos por algemas de ferro pesado ligadas com uma corrente grossa; seus tornozelos também estavam algemados.

Caminhou com dificuldade para a direita, até a parede negra e começou a usar a ferramenta. Os guardas seguiram seu caminho.

Só quando pensou estar a uma distância segura Knut ousou olhar ao redor. Viu trabalhadores assim como ele, não, como ele não... estes estavam mais fracos, sem músculos, tristes e esfomeados. Eram terríveis até mesmo de se olhar. Em sua maioria eram humanos e dos dois lados o túnel de carvão continuava, com alguns archotes pendurados através das paredes.

Conforme movimentava-se, sentia seus ferimentos doerem cada vez mais.

- Não demonstre fraqueza garoto – disse uma voz à sua esquerda. – Eles lhe baterão mais por estar em boa forma. – Um homem o encarava. – Ou pelo menos deveria estar.

O homem tinha uma longa barba branca que ia até seu peito. Cabelos brancos que caíam sobre os ombros e estava esquelético, quase não conseguia se manter de pé e sua picareta chocava-se com a rocha em um ritmo mais lento.

- Estou aqui há dois anos – continuou ele. – Já fui um grande cavaleiro um dia. Lutei pó Merilinídia e viajei por quase todas as Terras. Quando descobri o que estava acontecendo, me capturaram e me fizeram prisioneiro. Sequer tive a chance de avisar alguém, e agora espero a morte vim me buscar – disse, sem se importar se o ser ao seu lado escutava ou não a história.

Knut respirava com dificuldade. – E o que está acontecendo? – perguntou.

- Os Exilados se reúnem novamente. Três mil anos após a guerra com as Terras dos Homens, a história se repete. Não foi coincidência que a primeira pista sobre a coroa de Kaiko o Rei Antigo foi descoberta só agora. Dessa vez o exército dos Exilados está maior do que jamais fora. Se eles atacarem, nenhuma Terra estará salva.

- Isso é mesmo possível? – perguntou Knut. Até mesmo o corajoso Gusla sentia seus ossos tremerem ao imaginar um exército de Exilados novamente. E por que não deveria temer? As Terras dos Exilados são formadas por povos de todos os continentes. Todos conheciam a história da grande guerra. Fora terrível, todos os continentes temeram e milhares morreram.

Livro-jogo: A busca pela coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora