Livro-jogo: A busca pela coroa

Raki(Rodada 4)

É muito perigoso matá-las agora – pensou Raki. Estava em um largo cômodo dentro do palácio. O lugar era rodeado por prateleiras de madeira abarrotadas de livros e pergaminhos em perfeita organização. Algumas estantes estavam marcadas com nomes como "mapas", "contabilidade" e "histórico".

Após ter seguido Coriane e a mulher misteriosa até dentro do palácio, perdeu elas de vista e pensou que talvez fosse mais seguro esconder-se por lá até conseguir pensar em um plano melhor. Por pura coincidência, seus passos a esmo pelos corredores o levaram até a sala em que estava agora.

Uma pequena porta de madeira ficava escondida atrás de algumas prateleiras e, lá dentro, mais estantes e livros se espalhavam sem a mesma organização. Raki passou dois dias escondido entre as prateleiras, saindo durante a madrugada para buscar comida e água, e passando todo o dia lendo pergaminhos e estudando mapas antigos da cidade que pudessem lhe dar qualquer ajuda sobre a coroa.

Na madrugada do segundo dia sua paciência já quase se esgotara quando encontrou um rolo de pergaminho empoeirado com o nome "Subterrâneo".

O mapa mostrava todos os caminhos do subterrâneo, incluindo três entradas diferentes e um X espalhado em áreas específicas. Notara que uma das entradas ficava no salão das rosas, a poucos metros dali.

Era o dia previsto para a chegada dos Exilados, então não podia perder tempo. Comeu um pão velho com fatias de lombo de porco e deu uma boa golada num odre com água que conseguira roubar da cozinha. Armou-se, e partiu.

Chegando no salão ele estava vazio, como o esperado. Tateou rosas, vasos de flores e ornamentos nas paredes até que, por fim, encontrou finas rachaduras escondidas por um tapete vermelho e dourado no chão que escondia a passagem. Não fazia ideia de como abri-la, mas para quem tinha uma arma como aquela isso não era um problema.

Desembainhou a pequena adaga que carregava sob a roupa e ela começou a brilhar, transformando-se numa picareta. Raki desferiu golpes poderosos na rachadura até tirar grandes lascas de pedra do chão e tornar visíveis as catracas que abriam a passagem. Analisou-as por alguns segundos. Na falta de opção melhor, decidira continuar usando a força e desferiu mais golpes nas engrenagens até que a porta começou a se abrir lentamente enquanto o som da pedra grossa sendo arrastada reverberava pelas paredes. Em um momento de distração, um pequeno tufo de pêlos de sua mão acabou agarrando em uma das peças, mas nada que incomodasse.

Transformou sua arma numa pequena adaga novamente e a escondeu. Era incrível, o objeto parecia obedecer a sua vontade com perfeita precisão.

Andando pela caverna escura de pedras úmidas e degraus entalhados, deparou-se com a mesma questão que aqueles antes dele: qual das 6 entradas deveria escolher? Olhou o mapa e decidiu ir até o X mais próximo.

Pegou uma das tochas acesas e foi até a entrada mais próxima, pois fora sua escolha e, por sorte, o caminho mais seguro que encontrou. Andando pela escuridão após algum tempo encontrou um espaço mais aberto e com sangue que, aparentemente, ainda estava fresco. Dois corpos dilacerados jaziam irreconhecíveis em um canto, com ossos a mostra e rasgos na pouca carne que restara para todo lado.

Dois objetos se destacavam em meio àquela cena deplorável e nojenta: um arco e um amuleto de funções até então desconhecidas.

Raki não pensou duas vezes. Pegou os objetos e continuou seu caminho com o cuidado redobrado, agora sabia que criaturas sinistras vagavam por ali.

Enquanto caminhava, sempre orientado pelo mapa, conferia os locais marcados com o X. Notara que eram paredes quebradiças com rastros de pó-de-explosão que subiam até atravessarem o teto da caverna, parando em meio à cidade ou ao palácio.

Eis que, em meio a escuridão, surge dois seres também segurando tochas: um Íncubo e um humano.