Raki(Rodada 2)

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Raki(Rodada 2)

Caminhando cidade adentro após sair da sala com o curandeiro irritadiço, pensara que talvez o rei dos Rá pudesse lhe ajudar: mantimentos e uma cama quente para dormir não seria de todo ruim.

Seguindo pelos gigantescos troncos e sentindo os olhares intimidadores dos habitantes sobre suas costas, acabou parando próximo a entrada do palácio, com dois guardas lhe barrando a passagem. Dialogava com ambos em uma falha tentativa de persuadi-los quando um deles mandou-o se afastar e dar passagem.

Outro guarda Rá escoltava uma humana, esta, parecia confiante e caminhava devagar; como se estivesse saboreando a liberdade. Sequer fez questão de notar o Hôlo.

Os guardas que estavam barrando sua passagem começaram a cochichar:

- Por que a soltaram? Ela não era prisioneira? – dizia um deles.

- Não faço ideia, mas deve ter conseguido a liberdade de algum modo – respondeu o outro.

Ela tem a pista do mago – penssou Raki. E decidiu segui-la. Uma longa viagem se prosseguiu. Como habilidade específica dos Hôlo, Raki conseguia enxergar há grandes distâncias, e assim foi fácil para ele manter-se escondido e fora da visão e audição da mulher, espreitando por entre árvores e arbustos e a qualquer sinal de fuga por parte dela ele poderia armar seu arco e acertá-la; mas queria saber até onde a pista a levaria.

No terceiro dia de viagem, em uma tarde cinzenta e cheia de nuvens, Raki a seguia pelo centro das Terras Sagradas, e foi impossível não relembrar do Animarum que quase lhe tirara a vida dias antes. Será que os mercenários conseguiram matá-lo? – Perguntava-se.

De repente a floresta tornou-se mais escura e raios e trovões começaram a enfeitar o céu. Uma densa neblina tomou conta de todo o lugar, como se fosse uma armadilha para os desavisados; mas não para Raki, que já esteve ali antes.

Manteve a distância e com sua longa visão fitava apenas a neblina em meio às árvores, mas ele mesmo não estava nela. Pensava que dali talvez conseguisse ver a mulher quando ela saísse, se é que ela sairia.

Poucos minutos depois suas suspeitas estavam certas e observou Ela correr desesperadamente em direção ao norte; a Cidade dos Elfos – pensou.

Voltou a segui-la por mais algumas horas até ter a certeza de que estavam em uma distância segura. Pensou que se continuasse a simplesmente acompanhar seus passos talvez pudesse perder o rastro como ocorreu na neblina; então era o momento certo de atacar. Há sua frente uma clareira estendia-se e a mulher havia aproveitado para tomar fôlego, provavelmente tinha visto algo assustador para ter fugido por tanto tempo.

Enquanto ela respirava profundamente para tentar acalmar as batidas de seu coração, Raki armou seu arco e atirou. O som cortante do vento foi ouvido e a mulher guinchou de dor ao sentir a ponta afiada de metal rasgando suas costas; na parte direita, próxima ao ombro.

O tempo de armar o arco novamente foi o suficiente para que Ela buscasse proteção atrás de uma árvore.

- Quem é você? – indagou a mulher.

- Sou Raki – disse. – Agora dê-me a pista que recebeu do mago – ordenou, enquanto se aproximava até a clareira. Pensava em matá-la, mas por enquanto alguns socos seriam suficientes para conseguir o que queria. – Se me disser seu nome talvez eu a deixe viver – disse ele em voz alta. Tinha esperanças de que a conversa a distraísse o suficiente para ele se aproximar.

- Coriane – veio a voz por trás da árvore.

- Vamos Coriane. Saia daí e me dê o que quero. Prometo que não a farei mal.

- Se é o que você quer – disse ela girando nos calcanhares e inclinando a cintura para a direita, de maneira a enxergar seu agressor. Também tinha um arco e flecha nas mãos e disparou sem hesitar.

O Hôlo foi atingido na coxa esquerda e praguejou. Aquela mulher parecia indefesa e desesperada quando saiu da neblina, e de onde havia tirado aquele arco? Ouviu o barulho de passos. Coriane tentava fugir. Raki levantou o arco e disparou, acertando-a de raspão no braço.

Não foi o suficiente para derrubá-la e, quando tentou correr, sentiu uma forte dor no ferimento da perna e foi obrigado a parar; vendo sua preciosa pista sumir à sua frente. Mas a perseguição não foi de todo ruim. Já sabia para onde Coriane estava indo.

Raki estava decidido, assim que fosse capaz seguiria para a Cidade do Elfos.

Livro-jogo: A busca pela coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora