Coriane(Rodada 2)

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Coriane(Rodada 2)

Aos poucos abriu os olhos e observou paredes formadas por blocos de pedra cinzenta. Notou uma superfície macia sob suas costas, uma cama. Sentou-se e se deparou com barras de ferro em uma pequena janela e na abertura à sua frente. Estava presa.

Tateou seu corpo e aliviou-se por ainda estar com o pincel e a lupa. Devem ter pensado que eram objetos inofensivos demais para precisarem ser tomados. Levantando e aproximando-se das barras, foi avistada por um guarda Rá que começou a berrar ordens para os outros:

- Vão buscar o capitão! A prisioneira acordou!

Coriane sentiu-se assustada. O que fariam com ela? Praguejou pelo plano ineficiente enquanto tentava fugir.

Cerca de uma hora depois um Rá com uma cicatriz no bico se aproximou. Tinha boa postura e estava bem vestido com uma armadura leve de metal.

- O que faz aqui mulher - começou aquele que só poderia ser o "capitão". - Como ousa invadir o palácio sem permissão? Vou entregá-la aos guardas para eles brincarem, e depois lhe esquartejarei viva - aproximou-se da cela irritado.

Coriane olhou bem no fundo dos olhos do Rá e, de repente, foi como se todo o corpo dele perdesse as forças. Sua voz aquietou-se e a expressão se tornou impassível. Como se toda a raiva tivesse se esvaído.

- Leve-me para fora em segurança - ordenou ela.

- Sim, minha senhora - respondeu Capitão. - Guarda, abra esta cela!

Havia 5 guardas espalhados por ali. Estavam em um cômodo de armas com poucas celas espalhadas dentro de uma Torre-Água. Provavelmente ali ficavam os prisioneiros que seriam interrogados. Um guarda aproximou-se perplexo e abriu a porta.

- Ela virá comigo para interrogatório - disse o capitão sem qualquer raiva no tom de voz. Ninguém ousou desafiá-lo.

Seguiram pelos corredores e escadarias mais vazias do castelo até saírem pelo portão da frente, onde dois guardas barravam um Hôlo.

Capitão escoltou Coriane até a saída da cidade e de lá ela ordenou que ele retornasse para o palácio.

Em meio as árvores a mulher sentia-se aliviada com a fuga e excitada em chegar logo até a Cidade dos Elfos. Eu já estava lá, porra - pensava ela. Quase fui morta para descobrir que já estava no lugar certo.

No terceiro dia de viagem, caminhava por entre uma trilha que levava até o centro das Terras Sagradas e de lá seguiria para o norte. Com sabedoria Élfica que tinha, conhecia todas as línguas, caminhos, cidades e nomes importantes.

Enquanto andava, em questão de segundos, viu-se presa entre uma densa neblina; então seguiu a esmo por ela até avistar uma forte luz. Aproximou-se devagar pelos arbustos e, assustadoramente, a luz vinha de um Animarum. Em seu redor havia corpos mortos e um Íncubo estava hipnotizado bem em frente ao perigoso ser.

O medo de Coriane foi tão grande que em reflexo ela disparou sem olhar para trás. A movimentação repentina foi o suficiente para distrair a fera e dar uma chance para o Íncubo hipnotizado fugir. Por ser capaz de usar a própria hipnoze, o feitiço do Animarum não foi capaz de prender a mulher, e rapidamente ela sumiu de vista.

Horas depois ela parou em uma clareira para recuperar o fôlego enquanto tentava encontrar o mínimo de luz do sol naquele dia cinza. De repente sentira uma dor forte nas costas e soltou um guincho de dor. Uma flecha estava presa em suas costas. Olhou para trás e observou um Hôlo preparando seu arco há uma longa distância.

Como um reflexo de sobrevivência, correu para a árvore mais próxima e se escondeu atrás dela. Levou a mão até as costas e puxou a flecha. Sangue jorrou enquanto a carne se rasgava.

Tateou seu corpo novamente e pegou o pincel. No próprio chão começou a formar o desenho de um arco e uma flecha, e logo a arma se fez presente em sua mão.

- Quem é você? - indagou a mulher, de trás da árvore. Esperava que pelo som da voz conseguisse distinguir, mesmo com pouca precisão, a distância de seu agressor.

- Sou Raki - respondeu ele. - Agora dê-me a pista que recebeu do mago - ordenou, enquanto se aproximava até a clareira. Pensava em matá-la, mas por enquanto alguns socos seriam suficientes para conseguir o que queria. - Se me disser seu nome talvez eu a deixe viver - disse ele em voz alta.

- Coriane - veio a voz por trás da árvore.

- Vamos Coriane. Saia daí e me dê o que quero. Prometo que não a farei mal.

- Se é o que você quer - disse ela girando nos calcanhares e inclinando a cintura para a direita, de maneira a enxergar seu agressor. Estava com o arco e flecha nas mãos e disparou sem hesitar, acertando-o na coxa esquerda.

Nem mesmo esperou para observar se o tinha derrubado, apenas virou-se e correu desesperada por conseguir fugir em meio às árvores.

Uma outra flecha assobiou. De repente o braço esquerdo de Coriane começou a sangrar e um profundo corte foi aberto. Mesmo assim, ainda conseguiu correr o suficiente para sentir-se segura, para esconder seu rastro.

No caminho encontrou ervas curativas e coletou o máximo que pôde. Quando a dor nas costas tornou-se insuportável demais para que ela continuasse correndo, encontrou uma árvore grande e de tronco oco. Pegou duas pedras largas do chão e adentrou a árvore. Preparou uma pasta com as ervas, despiu-se e começou a tratar de suas feridas. Estavam piores do que parecia e provavelmente ela teria que permanecer uns dois dias em repouso, mas sentia-se feliz por ainda estar viva.

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