Dambus(Rodada 2)

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Dambus(Rodada2)

- Diga-me Mestiço, o que sabe sobre a cidade dos Elfos? – perguntou Dambus a um Grule próximo ao altar. Em todas as Terras aqueles que devotam suas vidas aos seus deuses são conhecidos como "Mestiços".

Com medo da sinistra aparência de Dambus, o Grule não ousou lhe negar a informação. – Soube que muitos viajantes têm sido avistados por lá. Há boatos de que a resposta da primeira pista sobre a coroa tenha alguma relação com os Elfos. É tudo o que sei. Juro!

O Espantalho compreendia tudo com clareza. Anos no Templo lhe foram úteis para conhecer todas as línguas das Terras, suas principais cidades e caminhos; além de alguns nomes importantes. Então será perigoso ir até os Elfos – pensou. Encontrava-se parado à entrada de um salão com paredes brancas e um altar na parte norte. Esculturas de seres estranhos espalhavam-se por todos os cantos e, de todos os Gules que rezavam ali, apenas o Mestiço ficou; sendo encorajado por sua fé.

Sem dizer palavra, virou-se, abriu o portão e saiu. Olhos assustados o fitavam de trás de janelas e escondidos em becos enquanto ele caminhava em sentido contrário: caminhava para as Terras dos Exilados.

O trajeto foi rápido. Não parava para comer, beber, descansar ou admirar belas paisagens. Ficava apenas em luta com as engrenagens de sua mente durante dia e noite.

No oitavo dia avistou no horizonte uma contínua fumaça cinza que preenchia boa parte do céu. Seguiu-a até que, em uma noite triste e sem estrelas, atravessou um vale com poucas árvores e deparou-se com lanças e espadas apontadas em sua direção.

Antes que percebesse, 4 Orcs, 2 Trolls e 1 Gárgula lhe rodeavam com expressões ferozes e sede de sangue.

- Quem é você? – indagou o único Orc que vestia armadura. Era de metal fosco, malfeita, com arranhões e amassados por toda parte, mas, mesmo assim, ainda era uma proteção que os outros não tinham.

- Sou Dambus. Minha vida foi dada por Tripus, um dos Príncipes do Fim. E exijo que me levem até Celt Allen. Tenho certeza que seu rei gostará de conhecer-me.

O Orc de armadura encarou-o e sua expressão toldou-se em extrema surpresa. – Ele é o espantalho! Recebemos ordens de não atacá-lo! Abaixem suas armas, pois ele virá conosco! – disse em voz alta para que todos o escutassem com clareza.

Sendo escoltado pelo Armadura e por um outro Orc sem dentes, Dambus chegou até a estranha fumaça cinza que, agora, destacava-se pouco na escuridão.

Minutos depois veio a explicação para tudo aquilo. Abaixo da fumaça, uma cidade gigantesca estendia-se sobre colinas, vales, e campos abertos. Um pequeno rio passava em sua ala oeste enquanto um enorme vulcão brilhava na ala sul.

Casas de tijolos e pedras espalhavam-se e criaturas de diferentes espécies iam e vinham. Claramente era um regime autoritário que governa e tudo mantinha-se graças a um forte trabalho escravo; visto que seres acorrentados e tristes caminhavam em fileiras enquanto eram chicoteados e espancados, muitas vezes sem motivos.

Archotes iluminavam ruas tortuosas e becos, e Gárgulas rondavam o céu e Orcs, Trolls e alguns Luftíres rondavam no chão. Aquilo era o início de um exército poderoso, como poderia não ser?

Apesar de já esperar por algo parecido, Dambus surpreendeu-se; quando foi que os Exilados conquistaram tamanho poder? Com certeza aquilo ultrapassava 10 mil soldados.

Ainda escoltado, atravessou as ruelas, subiu colinas, sentiu olhos curiosos sobre si e, mesmo assim, manteve a postura e o sorriso costurado e sinistro, que iria de orelha em orelha se elas fossem mais do que simples buracos negros.

Por fim, aproximou-se do vulcão. Vira que uma grande abertura foi esculpida e servia como entrada; em seguida havia um mar de lava e nenhuma passagem era vista até a torre que ficava bem no coração do vulcão.

Pararam de frente para a grande passagem. Armadura hesitou. Parecia tenso e gotas de suor eram vistas escorrendo por seu rosto.

Eis que um estrondo inundou a entrada e, aos poucos, uma porta na base da torre abriu-se. O mar de lava começou a escorrer e, por alguns segundos, Dambus teve a impressão de que a própria lava estivesse viva.

Uma sombra apareceu da porta da torre e começou a se aproximar, devagar. Aos poucos a visão foi tornando-se mais clara: um ser com 4 metros de altura, asas vermelhas de morcego e chifres apareceu. Tinha olhos vermelhos de serpente e sua pele era formada por rochas vulcânicas e, entre as rachaduras, notava-se a própria lava correndo por dentro como se fosse seu sangue, e talvez fosse mesmo. Era humanoide, com dentes brancos e pontiagudos e tinha um porte físico largo e forte.

- A aparição de um objeto tão poderoso como a coroa – começou Dambus, enquanto o ser misterioso se aproximava. – As principais raças do mundo continuam sem buscá-la. Os reis que deveriam brigar entre si, fingem que não sabem do que está acontecendo. E as Terras dos Exilados, conhecida por lutar pelo poder, omissa; escondida. Celt Allen, a antiga cidade que um dia quase conquistou as Terras dos Homens. Com certeza vocês planejavam algo não é? – indagou o espantalho.

- Parece que meu tio Tripus lhe dera uma boa inteligência também – afirmou o ser estranho. Sua voz era tão grave que fez o coração podre de Dambus tremer.

- Zet – continuou o espantalho. Tentava em vão esconder o medo que sentia –; como foi que conseguirão tanto poder?

- Durante o último Torneio Planetário, onde os seres mais poderosos do mundo se enfrentam em batalhas, o rei dos Celestiais decidira participar. Septmus, meu tio mais velho, estava entre os competidores e derrotou-o. Agora ele comanda uma das raças mais poderosas do mundo e controla os Alados...

- Um grupo formado pelos guerreiros mais poderosos do mundo – interrompeu Dambus. – Apenas quem vence um Torneiro Planetário pode ter a honra de se juntar a eles.

- Então não preciso explicar-lhe essa parte – continuou Zet. – Farus agora vive nas Terras dos Homens e comanda Sarren. Atende pelo nome de Jafé, conselheiro do rei; mas na realidade ele controla o próprio Durm que, por sua vez, possui grande influência sobre todas as outras cidades. A localização de Prautus é desconhecida, ele pode ser qualquer um. Quanto a Trilha (ou Morte), continua reinando no outro mundo. Conseguir o apoio dos Luftíres foi fácil, pois seguem os mais fortes; e se temos eles então também temos as Terras Selvagens.

- Mas vocês não possuem domínio sobre as Terras Mortas e as Terras Sagradas – concluiu Dambus.

Zet respirou fundo e admirou o céu por alguns segundos. – Isso é só questão de tempo – disse. – Por quê não está buscando a coroa? – Indagou ao espantalho.

- A Cidade dos Elfos está repleta de seres que a buscam. Creio que um ser criado por Tripus não deva ser bem-vindo pelos Elfos.

- Entendi – concluiu Zet. – Então está no momento de aparecermos para o mundo. Se é na Cidade dos Elfos que está a resposta para encontrar a coroa então é por lá que começaremos. – Encarou Armadura. – Os soldados precisam se preparar. Os Exilados marcharão para as Terras Sagradas.

Livro-jogo: A busca pela coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora