Draco(Rodada 3)

15 4 0
                                    


     Eram corredores escuros e úmidos, com o som de gotas distantes reverberando pelas paredes de rocha negra e escadas talhadas no próprio chão que desciam, e desciam. 5, 10, 15 metros até finalmente uma área livre de terra batida surgisse. Curiosamente, haviam tochas acesas por lá; o que demonstrava a passagem de seres.

Após descer o caminho pedregoso, Draco deparou-se com 6 entradas diferentes espalhadas como se fossem corredores. Ao redor, notava que estava dentro de uma caverna e que paredes haviam sido construídas até o teto de maneira a não deixar ninguém ultrapassar por cima dos caminhos. Era um labirinto.

Ali, as cegas, não tinha outra opção senão usar seus instintos e a pura aleatoriedade, e contar com a sorte. Decidira pegar a entrada à sua direita e notou como o corredor era escuro. Aos poucos, tateando as paredes para garantir que encontrasse outras passagens, virou a esquerda e seguiu. Não sabia dizer se foram minutos ou horas caminhando na plena escuridão até que, bem ao longe, avistasse um filete de luz vindo de chamas dançantes. Em meio a falta de opções decidira segui-lo.

Aos poucos o mundo ao redor foi se tornando mais nítido e assustador. As paredes estavam quebradas ou rachadas, ossos, cabelos, crânios e sangue seco se espalhavam por toda parte. Conforme avançava, Draco se viu no centro de um círculo de terra batida com várias passagens ao redor, como antes; porém uma das passagens estava iluminada com tochas.

Ao fundo, sons de passos começaram a surgir. Eis que no corredor iluminado um elfo surgira desesperado. Draco preparou seu arco, mas o elfo começou a berrar:

- Me mate! Eles estão vindo! Vamos todos morrer! Me mate por favor!

Ouvindo as palavras, Draco julgara que o ser não era uma ameaça. Baixou o arco e foi logo agarrado por ele enquanto pedia para ser morto.

- Quem está vindo? – Indagou Draco.

- Os Espíritos Subterrâneos! – Berrou o elfo.

Um grande estrondo fora ouvido e das paredes atrás surgira Zétiro. Tinha a espada em punho e ela lhe dera uma armadura reluzente de prata que cobria-lhe o corpo por completo, como se fosse mágica.

Draco armou o arco e os sons dos passos continuaram se aproximando cada vez mais.

- Temos problemas maiores – afirmou o caçador. – Tem alguma coisa vindo. Não te conheço, mas não quero morrer aqui.

- Vamos morrer! – Continuou berrando o elfo. Estava ajoelhado e as mãos limpavam as lágrimas que escorriam do rosto constantemente.

- Cala a boc... – a voz de caçador foi interrompida por uma criatura estranha que surgira da escuridão. Tinha seus 2 metros de altura, um manto negro que cobria o rosto, mãos e pernas em uma mistura de ossos, músculos, veias e carne podre.

- Eles chegaram – disse o elfo em sussurro para si mesmo.

A criatura saltou com uma velocidade assustadora sobre o elfo enquanto este começava a gritar. Draco, intrigando, conseguiu acertar com o arco a cabeça da criatura, mas foi como se nada tivesse acontecido. Com o impacto o manto rasgado que cobria o rosto do Espírito se soltou e revelou seu rosto. Dentes de ossos pontiagudos, um buraco oco no lugar dos olhos e partes com carne podre se espalhavam pelo rosto e pelo pescoço.

Draco nunca vira nada parecido e não conseguia reagir. Suas pernas tremeram e seu corpo se paralisou enquanto a mente vagava por lugares distantes.

Outro espírito saltara da escuridão e caíra sobre o caçador. Zétiro aproveitou o momento e fugiu.

Enquanto a criatura berrava e seus dentes se aproximavam de Draco, o mundo ao redor enegrecia.

- Papai – disse a voz de uma jovem menina. Era doce e inocente. – Você vai ficar com a gente papai?

Draco não sabia dizer se já estava morto ou não. Seus olhos se abriram e já não estava mais vendo um Espírito assustador. Via sua menina, de mãos dadas com a esposa que tanto amou durante toda uma vida.

- Você chegou meu amor – disse a mulher.

Os olhos de Draco se encheram de lágrimas e ele começou a caminhar até elas. Ao redor verdes colinas e um céu azul enfeitava o ambiente. No topo de uma colina havia uma casa, sua antiga casa.

- Eu vim pra ficar – disse caçador, com um sorriso. De repente sua alma não queria mais vingança, queria apenas sua família e lá estava ela.

Livro-jogo: A busca pela coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora