Dambus(Rodada 3)

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     - Espantalho. Essa guerra ocorrerá por ordem dos Príncipes – começou Zet, líder dos Exilados. Fazia um dia que haviam cruzado a fronteira com as Terras Sagradas e os soldados já se excitavam com a adrenalina de uma próxima batalha.

- Eu sei. Devo servidão a eles.

- Você entende o que está acontecendo não é? Septmus controla os Celestiais. Eu controlo os Exilados. Tripus, que é a morte, nos dá a vida eterna. E Farus controla as Terras dos Homens. Prautus, o último irmão, está agora a caminho das Terras Mortas com a outra metade do exército. Já temos o apoio das Terras Selvagens e as Terras do Fim não são uma ameaça, pois somos nativos de lá.

- Então a última resistência são as Terras Sagradas – concluiu Dambus.

- Sim. Se ela cair nós governaremos todas as Terras assim como Kaiko o Rei antigo. E é por isso que seu objetivo será pegar a coroa. Você a terá e responderá a nós.

- Diga-me Zet, por que a coroa me dará poder sobre todos os seres do mundo?

- Dizem que há poderes nela, que Kaiko a deixara para ser encontrada quando a próxima ameaça para a paz surgisse e essa ameaça somos nós – respondeu o brutamonte.

- Mesmo assim – continuou Dambus. – Eu estudei no Templo por vários anos e as histórias sobre o Rei Antigo não eram belas, muito menos honrosas. Ele não era retratado como alguém bom, e nem como alguém ruim. Os registros lhe citam como alguém que fora moldado por uma vida perturbada e, desde pequeno, lutara para sobreviver. Em sua formação vivera entre ladrões, guerreiros, assassinos, camponeses, e tantos extremos lhe causaram uma falta de filtro para o que pode ser bom e ruim. Digamos que ele era alguém realista. Li sobre a guerra entre as Terras dos Homens e as Terras dos Exilados. O livro de Vetrim: Consequências da Guerra, retrata mais de 2000 prisioneiros feitos peo Rei Antigo.

- Admito não conhecer mais do que as histórias comuns sobre Kaiko, mas não cabe a nós discutirmos isso. Meu objetivo é vencer a guerra e lhe dar uma chance de pegar a coroa. Assim que chegarmos, você deverá partir em busca do artefato – disse Zet.

- Creio que alguns guarda-costas serião úteis – sugeriu Dambus.

- Que assim seja. Dois Luftíres lhe acompanharão. Creio que será o suficiente.

*

Eis que, em três noites, surgira nos céus ao redor da Cidade dos Elfos os primeiros raios de luz, mas não era a luz do sol. A cor alaranjada se misturara ao negro da noite e as sombras dançavam nas árvores conforme sons de tambores e de passos pesados reverberavam por toda parte. Em cerca de 30 minutos a cidade estava cercada.

Elfos ficavam nos topos dos prédios armados com arcos e espadas. Soldados desesperados urinavam dentro de suas armaduras enquanto lanças afiadas se aproximavam ao horizonte e, os mais corajosos, gritavam entusiasmados com a morte honrada que teriam.

A população havia sido aconselhada a não sair de suas casas. Ghilb, o rei dos Elfos, tentou uma negociação com os Rá para que abrigassem os civis, mas, com medo de que a guerra fosse levada até a cidade deles, negaram.

O rei estava na linha de frente, junto aos seus soldados e segurava um gigantesco machado de dois gumes. Andava de um lado para o outro montado em seu cavalo albino enquanto gritava um discurso aos seus soldados. Por fim, acrescentou: Devemos suportar até que os Celestiais cheguem para o combate. Ou até que eu jogue a cidade na escuridão e os Espíritos Subterrâneos se encarreguem de ceifar as vidas tanto de Elfos quanto de Exilados. – Pensou.

Os 5 mil Exilados pararam em uma bagunçada formação ao redor da cidade. Zet vinha em uma espécie de trono gigantesco e móvel de pedra pura que era carregado por pelo menos 300 guerreiros. De lá, o líder dos Exilados conseguia ter a melhor das visões sobre o campo de batalha.

Dambus caminhava junto aos demais, escoltado por dois Luftíres armados com duas espadas de duas mãos cada um.

- Ghilb – começou Zet. Havia se levantado do trono e agora gritava para o rei. – Eu poderia ser honrado como todos os generais são e lhe conceder uma chance de redenção. – A voz era tão grossa que era como se três vozes estivessem falando ao mesmo tempo. – Mas nós sabemos que assim que baixarem suas armas nós vamos matar um por um e conceder nosso amor a todas as belas Elfas HAHAHAHA. – Os olhos da criatura eram de pura serpente.

Em meio aos Exilados algo chamava a atenção. Havia um gigantesco tanque de ferro fosco com cerca de 14 metros de altura. Estava preso a um sistema de polias, cordas e troncos grossos de árvores perfeitamente arredondados, em uma armação também de ferro, de maneira a poder ser empurrado. Pela distorção do ar acima do tangue, havia um líquido muito quente lá dentro.

- Ora Zet – retrucou Ghilb. – Por que não agimos com mais cuidado sobre as vidas de nossos homens e resolvemos isso apenas entre nós? Eu e você em uma grande batalha, um gesto honrado para nós dois. Se é tão forte assim não terá problemas em me vencer. – É claro que o rei não esperava que aquilo funcionasse, mas não podia deixar de tentar.

- Deixe-me pensar – continuou Zet, com um sorriso estampado no rosto e os dedos segurando o queixo. – Foda-se. Estou com preguiça de pensar e tenho um exército maior HAHAHA. – Vamos! Apenas matem todos eles!

A ordem foi atendida e seres começaram a correr e a gritar. Minutos de pura tensão ecoaram pelo campo enquanto metal, flechas, sangue, gritos e choro pintavam uma paisagem triste e deprimente.

Dambus não perdera tempo e correu por entre o mar de armas acompanhado de seus guarda-costas, que, por vezes, deixavam corpos mortos conforme o seguiam. Eles não eram apenas Luftíres, eram os melhores Luftíres do exército.

Livro-jogo: A busca pela coroaOnde histórias criam vida. Descubra agora