Deixa que eu te ensino.

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     -Pelo amor de Deus! - Falei exasperada empurrando Paulo. -Cara você só tem que fingir que é o meu namorado e depois me largar!

     -Obreira! Eu não sei fazer isso, normalmente eu sou largado! Não ao contrário! -Ele falou e eu comecei a rir.

     Estávamos ensaiando uma peça para apresentar no sábado e já fazia quase duas horas que estávamos na mesma cena que Paulo dançava comigo e depois teria que me largar para eu sofrer.

     -Paulo, não é tão difícil! -O Obreiro Jota sorriu.

     -Ah, sim senhor, Obreiro! Por que não vem aqui e faz no meu lugar? -Ele perguntou ironicamente. -Eu sou Uniforça galera por algum motivo que não deu no Cultura!

     -Deixa Eu te usar, para salvar... Deixa Eu te usar para curar... -Comecei a cantar.

     -Eu sou Mídia e Deus te chamou pra isso, para de recusar seu cajado! -O Obreiro Jota o sacudiu.

     -Tá né! -Paulo concordou contra a gosto, se virou para mim e pegou na minha cintura.

     -Vai lá, Paulo! Dois pra lá, dois pra cá! -Mônica gritou.

     O rapaz revirou os olhos e continuou dançando.

     -O que vocês estão tentando fazer? -Dessa vez, foi a voz do Pastor Alex que veio até nós.

     -Estamos ensinando o Paulo a conquistar a varoa. -Mônica sorriu.

     -O que eu estou falhando com toda força! -Paulo soltou minha mão e se jogou no chão.

     -Por isso que está solteiro ainda! -Rebeca falou olhando para as unhas.

     -Eu não estou solteiro! Jesus amado! Eu estou reservado!

     -Paulo, não é difícil seu papel. -O Pastor Alex falou.

     -É sim, Pastor! O senhor não faz ideia! -Todos os que estavam ali começaram a rir. -E ninguém nessa casa me ajuda.

     -Deixa que eu te ajudo, Paulo. -O Pastor Alex falou e quando eu entendi o que ele queria dizer, o Pastor Alex já estava na minha frente me encarando. -Com todo o respeito, Obreira. -Ele segurou a minha cintura e a minha mão e me trouxe mais para perto de si.

     Um formigamento correu pelo meu corpo e senti meu coração bater com mais força. Por Deus, o que estava acontecendo ali?

     -Primeiro você tem que trazer ela para perto de si, vocês estão muito distantes e quem está assistindo não sente a emoção do casal. -O Pastor Alex começou a se mover para um lado e para o outro. Olhei para o chão, era como se eu houvesse esquecido de como fazer aquilo e estivesse fazendo de tudo para não pisar naqueles sapatos tão lustrosos. -Segundo, a moça deve olhar para o rapaz e vice versa. -Ele falou e como eu não olhei sua mão veio até o meu queixo e levantou o meu rosto até eu poder encarar.

      Por um breve momento, parecia não existir mais ninguém ali. Seus olhos escuros pareciam brilhar e pela primeira vez achei beleza em algo com a cor preta. O Pastor me girou e desceu o meu corpo lentamente, seu hálito quente contra o meu rosto e eu sentia que qualquer movimento errado eu acabaria com tudo.

     -Depois disso, você levanta ela, mas sua expressão, Paulo, já tem que mudar, como se você tivesse enjoado dela. -Ele me levantou e lá estava a expressão de sempre, me trazendo a realidade de que tudo aquilo era uma peça. -Você Obreira tem que vim até ele, se humilhar, tornar dele o seu sol, até que Paulo vai se cansar disso e vai bater em você.

     Concordei quando finalmente ele desgrudou de mim, um frio percorreu sobre o meu corpo. Um Obreiro veio chamar o Pastor e eu só tentava respirar fundo. Então por algum motivo eu olhei para Rebeca, e por instantes eu pude ver que ela não havia gostado nada do que tinha acabado de acontecer. Engoli em seco e balancei a cabeça.

     Era o Pastor Alex. Ele me odiava. Era só uma peça.

     Eu queria ter tanta certeza disso se eu fosse explicar para Rebeca.

Um amor quase perfeito.Onde histórias criam vida. Descubra agora