Quinta-feira. Limpeza da igreja a tarde. Melhor look que vocês podem imaginar.
Eu não estava tão bagunçada assim. Uma calça jeans que ia até as minhas canelas, o cabelo amarrado em um coque super estranho, uma blusa rosa desbotada e um rosto sem nenhuma maquiagem.
Eu nunca tive problemas com insegurança, ou me comparar com outras mulheres, não era questão de não gostar de me arrumar, nas eu era o mais simples possível, eu gostava da minha aparência, eu podia enxergar o brilho do Espírito Santo em mim, mas naquela quinta-feira, a comparação foi inevitável e em menos de cinco minutos eu me sentia a pessoa mais sem graça da terra.
Eu puxava a água com o rodo, quando uma senhora bem vestida chegou e começou a andar até o Altar, como meu dever caminhei até ela:
-Posso ajudar?
A moça me olhou de cima a baixo como se eu fosse apenas um pedaço de palha:
-Tem alguém que pode falar comigo?
-Eu sou Obreira. -Falei franzindo as sobrancelhas.
-Obreira? -Ela me olhou.
-Sim...
-Posso falar com outra pessoa? O Pastor?
Me senti tão pequena e inferior, senti meu rosto esquentar. Acenei com a cabeça e caminhei de cabeça baixa até a sala de campanha.
-Pastor Alex? -Ele lia a Bíblia e nem sequer levantou o rosto para olhar para mim. -Tem uma moça que quer falar com o senhor.
-Quem é?
-Não faço ideia. -Respondi dando de ombros. Ele se levantou e caminhou para fora da salinha.
-Tudo bem? -Ele a cumprimentou.
-Pastor, eu preciso de alguns conselhos do senhor... -Ela falou com a voz melosa.
Peguei o rodo, os jovens já tinham terminado o salão e estavam conversando na porta, fui guardar as coisas, mas o Pastor me chamou antes:
-Pode sentar! -Eles dois sentaram. -Obreira Sara?
-Sim, senhor?
-Pegue uma cadeira e sente conosco.
Olhei para ele confusa, mas o Pastor não demonstrou nenhuma reação. Já a moça vocês deveriam ver, ela me olhava com todo o nojo que poderia ser expressado. Abri a boca para dizer que não era necessário, mas ele não me deu oportunidade:
-Anda, Obreira!
Peguei a cadeia e sentei ao seu lado. A mulher começou a falar desconfortável com a minha presença, mas rapidamente ela fingiu que eu não estava ali. Ela era linda, e era a minha vez de me sentir desconfortável.
Eu passava a mão pelos meus cabelos em um ato de nervosismo, tentando dar um jeito, mas eu sabia que nada adiantaria, eu estava com uma aparência péssima e tentei de todas as formas ignorar isso, mas era complicado quando o diabo não precisava fazer esforço algum, já que eu mesma conseguia me colocar para baixo com os meus próprios pensamentos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor quase perfeito.
EspiritualE se a pessoa perfeita que você idealiza para si mesmo não fosse o que Deus tem preparado de perfeito para você? Sara tem dezenove anos e acabou de ter todo o seu conto de fadas perfeito destruído em menos de cinco minutos. Ela sabe que Deus cuidará...