Especial - Larissa Ventura

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Larissa Ventura

Eu não era muito fã de usar vestidos, mas naquela quinta-feira resolvi desafiar a mim mesma e colocar um.

Cheguei cedo, antes que a reunião começasse, a esposa do Pastor iria conversar comigo e eu já sabia aonde aquela conversa daria.

Patrick Saturnino.

Não era segredo nenhum para a esposa que eu gostava dele.

-Então Lari, como está o seu coraçãozinho? -Ela me perguntou depois que havíamos conversado sobre algumas coisas do Godllywood.

-Está batendo, Dona! -Brinquei com ela.

-Aí, Lari! -Ela riu. -Estou falando do rapaz...

-Ahh, tudo igual, Dona. Acho que ele só me vê como uma amiga.

Ela deu um sorriso que eu não pude entender sobre o que era.

-Acho que você deveria perguntar pra ele.

-O que? -Olhei horrorizada pra ela sentindo as minhas bochechas queimarem só de pensar na ideia.

-Deveria dar o primeiro passo, Lari. Descobrir se ele gosta de alguém...

-E se ele gostar? -Perguntei já imaginando o pior.

-E se ele gostar de você?

-Não sei...

O Pastor Guilherme apareceu e sorriu para mim:

-Na fé? -Ele perguntou e eu acenei com a cabeça. -Minha querida, você está muito ocupada? -Ele perguntou se dirigindo a sua esposa.

-Pode ir, Dona Marina, depois nós conversamos! -Sorri e ela concordou se levantando.

Fiquei em meu lugar pegando sobre o que ela havia falado. Realmente, eu deveria saber se Patrick gostava de alguém, eu não podia ficar daquela forma para sempre, se ele gostasse então eu deveria tirar aquele sentimento de dentro de mim.

Fechei os olhos e inclinei a cabeça:

-Me dê sabedoria, por favor, meu Deus!

-Tia Laliiiiiiiii! -Escutei a voz de Valéria chegando até mim e suas pequenas mãos me abraçando.

Abri os olhos e sorri.

Antes de conhecer Patrick, ter filhos nem sequer passava pela minha cabeça. Não que eu odiasse crianças, pelo contrário eu às amava, mas só a ideia de ser mãe eu já sentia minhas pernas tremerem.

Mas eu sabia que se realmente gostasse de Patrick, eu teria que ter consciência de que com ele, ela viria. Era um egoísmo querer gostar só uma parte dele.

Patrick tinha uma filha e eu deveria estar pronta, não para ocupar o lugar da mãe dela, mas para suprir suas necessidades.

-Hey! -Patrick apareceu guardando a chave de seu carro em seu bolso.

Me levantei segurando a mão de Valéria, a Dona Marina estava certa, eu deveria pelo menos saber se Patrick gostava de alguém para saber se deveria ou não continuar com aquele sentimento bobo.

-Oi, Patrick... -Sorri. -Preciso perguntar uma coisa para você. -Falei antes que perdesse a coragem.

-Você fica bonita de vestido. -Ele sorriu e a minha coragem se esvaiu. Eu não podia fazer aquilo. Quando ele percebeu o meu silêncio ele franziu as sobrancelhas: -O que você queria perguntar?

-Deixa quieto, era besteira. -Falei balançando a cabeça.

-Tem certeza? -Ele perguntou preocupado.

-Tenho. -Respondi não tendo certeza alguma.

***

A reunião havia sido ótima, bem descontraída. Eu estava ao lado de Patrick que ria de uma das partes da pregação:

-... Eu só vi os jovens do FJU levantando a mão quando o Pastor perguntou se alguém queira o kit para a Caminhada do Amor. Eu ri de mais!

-Você vai? -Perguntei fingindo indiferença.

-Eu ainda estou pensando, não sei se ela vai querer ir.

Meu coração se apertou, então ele tinha uma pessoa.

-Então quer dizer que você está de olho em alguém? -O cutuquei com o cotovelo deixando a dor da decepção de lado.

-Sempre a observei. -Ele falou.

-Como assim você não contou para ninguém?

-Todo mundo sabe...

-Eu não sei! -Falei o cortando.

-... Menos ela. -Ele terminou a frase e olhou para mim.

Confesso, tem horas que eu sou muito lenta.

-Eu não entendi, Patrick. Como assim você gosta de alguém... -Comecei a falar, mas finalmente eu havia entendido.

A única pessoa que não sabia era a garota que ele gostava. A única pessoa que não sabia era eu.

-Sou eu? -Perguntei o óbvio.

-Achei que estivesse na cara. -Agora foi a vez dele ficar vermelho.

Patrick gostava de mim.

E eu gostava dele.

-Eu quero! -Falei sorrindo.

-Quer o quê?

-Ir para a Caminhada com você, ué! -Falei dando de ombros e sai andando com Valéria nos braços, com um sorriso que ia de orelha a orelha.

Um amor quase perfeito.Onde histórias criam vida. Descubra agora