Um amor quase perfeito.

De vacilo, já basta os meus.

     -Oi, mãe! -A cumprimentei assim que eu cheguei em casa. -O que está fazendo? -Coloquei a sacola com as roupas do Pastor Alex em cima da mesa ao lado de vários potes enormes de tinta e me sentei na cadeira ao seu lado.

     -Nosso orientador do curso pediu para a gente fazer isso! -Ela sorriu. -E eu estou me sentindo como Picasso!

     Uma descrição rápida sobre a minha mãe: Ela é uma mãe moderninha! Se você conhecesse minha mãe, daria uma idade bem menor do que ela realmente tem. Seus cabelos eram vários cachos dourados e tudo estava em perfeito lugar. Ela parecia uma modelo, magra e maior do que eu, quando andávamos juntas, todo mundo achava que éramos irmãs, o que aumentava ainda mais a sua auto estima, ela não conseguia ficar parada, além de cuidar de mim, da casa e do meu pai, ela amava fazer vários cursos, mesmo que não fosse usar para nada.

     Um exemplo perfeito de equilíbrio.

     -Realmente, mãe! Você consegue colocar Picasso no chinelo!

     Ela sorriu e me abraçou:

     -E como está indo seu aniversário?

     -Nenhum desastre aparentemente aconteceu, então acho que está tudo bem!

     -Oh, Sarita! -Ela começou a rir e seu celular notificou uma nova mensagem. -Oh, seu bolo está pronto! Vou ir buscar! -Ela disse se levantando.

     -Eu disse que não queria festa!

     -Uma festa só comigo, com você e seu pai? Acho que não é festa! -Ela afirmou pegando sua bolsa com os dedos manchados de tinta azul.

     -Você vai deixar as tintas assim?

     -Vou em um pé e volto no outro, meu anjinho! -E saiu correndo.

     Revirei os olhos e encarei a sacola de roupas que estava na minha frente.

     Certo, eu só tinha que lavar, nada de mais!

     Peguei uma camisa branca que estava logo em cima, quando o meu celular notificou uma mensagem de Mônica:

E aí, tá ocupada? ;))))

Não, porquê?

"Menina, você não vai adivinhar quem me mandou mensagem! O/"

"Quem? :O"

"Está sentada? Ruan me mandou mensagem!"

Coloquei a camisa do Pastor Alex em cima da cadeira e caminhei até a sala e me joguei no sofá.

"Como assim?"

"Ele me mandou um oi, disse que não queria que as coisas ficassem daquela forma, que ele não queria perder a amizade que tinha, nem a minha e nem a sua!"

"Que vacilão! -.-'"

"Ai eu disse que ele não tinha perdido a minha amizade! Mas a sua era um probleminha..."

Escutei o barulho de alguma coisa caindo na cozinha:

-Lola? -Chamei a minha gata e fui respondida por um miado fraquinho.

"Ele queria voltar ser seu amigo, Sara."

Olhei para aquela mensagem, meu coração gritava para que eu voltasse a ser amiga de Ruan. Eu podia falar que só seríamos amigos, que não tinha problema nenhum nisso, mas eu sabia que seria mentira. Eu gostava dele, e seria uma amizade injusta. Porque enquanto eu esperasse algum tipo de afeto dele, ele só veria amizade.

Não dava para confiar no meu coração.

Eu já ia responder aquilo para Mônica, quando Lola aparece totalmente azul, deixando um rastro de pegadas pelo piso.

-LOLA! -Gritei e a gata saiu correndo pela casa inteira.

Ótimo eu estava lascada. Joguei o celular em cima do sofá e caminhei até a cozinha para ver o tamanho do estrago que aquela gata havia feito.

Meu coração queria sair pela boca, o piso era o menor dos meus problemas.

A camisa tão branca do Pastor Alex estava no chão, metade dela estava azul e a outra era decorada por várias patinhas de Lola.

Senti minhas pernas fraquejarem, eu havia deixado uma das camisas preferidas de um Pastor que me odiava manchar de tinta tecido azul.

Corri até a lavanderia e joguei a camisa na água. Esfreguei com toda a minha força, mas quanto mais eu lavava, mais azul ficava a camisa.

Quando eu realmente vi que não tinha mais jeito e que eu deveria já ir pensando no meu vestido que iria usar no velório, me joguei em uma cadeira que estava ali e olhei para o céu:

-Deus receba a minha alma!

-Miauuuu! -Lola apareceu pela porta, não era mais uma bolinha enorme branca, mas era um pompom ambulante azul.

-Você realmente me odeia, né?

-Miauuuu!

-Poxa, Lola! Eu queria casar pelo menos!

A gata pareceu sorrir e balançou o rabo azul correndo até mim.